Karina acordou em um sobressalto com o toque do despertador. Três horas da manhã. Aliviada, voltou a dormir.
Acordou atrasada, para variar. Era uma quinta-feira de inverno mas estava fazendo um calor infernal, é claro que não estava afim de ir à escola. Infelizmente, não tinha escolha, era dia de prova de matemática. Nice...
Levantou sonolenta e caminhou até o guarda roupa para tirar o uniforme: Camisa, calça e meias com o símbolo da escola adventista. Por fim, calçou um belo tênis de unicórnio para compor o look. Pegou a mochila e saiu do quarto, vagarosa.
Após tomar seu santo achocolatado de cada dia, ela caminhou até o carro onde a família já a aguardava. Deu bom dia e colocou seus fones de ouvido.
***
O Carro parou em frente à escola. Karina desceu e cruzou os portões de ferro, imponente. Subitamente, todos os rostos viraram para observá-la, e nove entre dez pessoas pediram ajuda para revisar o conteúdo da prova. Aparentemente, nenhuma novidade.
No pátio, dois braços se ergueram para chamá-la. Um de Kezya e o outro de Paola, suas melhores amigas.
Kezya Araujo, mais conhecida como a alcoólatra do grupo, era uma garota baixinha e alto astral. Tinha cabelos escuros à altura dos ombros e uma franja lateral caía sobre os olhos. Enquanto isso, Paola Ro Suzuki era oriental, tinha cabelos negros e lisos que emolduravam o rosto, pervertidamente angelical.
- Bom dia coleguinha, como vai? – Cumprimentou Karina, cantarolando.
- Estou ferrada. – Disse Kezya através de um guincho. – Só espero saber o suficiente pra passar na prova de matemática.
- Eu quase passei a madrugada estudando. – Reclamou Karina. – Nice, devo estar com olheiras imensas.
- Relaxa, Kah. - Paola deu um tapinha no ombro da amiga. - Vai dar tudo certo, você é, tipo, a aluna mais inteligente da escola.
Eram boas amigas. Escolhidas a dedo pela própria Karina. As três conversavam sentadas quando uma música invadiu o local. Todos olhavam para os portões novamente e, definitivamente, não era Karina que estava chegando.
"Achou o Magrinho gostoso todo mundo viu
Sempre quando o bonde passa
Elas faz (elas faz, elas faz)
Fiu fiu"- Quem é esse sem noção? - Reclamou Karina.
- É só mais um bolsista babaca. - Respondeu Paola. - Mas até que é bonitão.
- Deve se achar muito pra chegar na escola assim. Óbvio que vai levar uma bronca do pastor, pena né, meninas.
- Como eu disse, só mais um bolsista que chegou pra denegrir a boa imagem da escola. Ouvi falar dele. - Fez uma pequena pausa. - Ah! E joga futebol. Tem certeza que é o melhor de todos, mas joga muito mal, por sinal.
- Ouvi falar que ele fez dois gols ontem. – Rebateu Kezya.
- Quem se importa? - Respondeu Karina. - Ele só quer ser o centro das atenções.
- Ora, ora, ora. Há quanto tempo Karina Tonini não pegava ranço de alguém?
- Não é isso. Só não gosto de gente que se acha e diminui os outros. "Mas isso vai mudar, logo, logo.", pensou.
- Sinceramente... com aquele idiota - Paola falou, após passar algum tempo refletindo. - eu faria. Deixaria de ser virgem!
Kezya a olhou com tom de gozação.
– O quê? Eu sou virgem mesmo, está bem?!
Karina não conseguiu conter a gargalhada.
- Eu sou de câncer.
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KAFIS
RomanceBem vindo à um mundo que segue um padrão. Você deve fazer parte do grupo mais popular do colégio. Frequentar as festas mais disputadas. Tirar as melhores notas da turma. Deve ser a melhor! Karina Tonini era tudo isso e mais um pouco, mas sua vida pe...