Querida Nora.

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Antes de começar a narrar essa história eu gostaria de ressaltar que sempre devemos viver ao máximo,
sinceramente, que se foda tudo.

22 de março de 2020.

Nora estava apoiada em sua cama que se encontrava em total bagunça, com peças de roupas dos velórios que ela já havia ido, a maioria era dos amigos onde ela tratava seu câncer no estômago. Observando seus vestidos, coçando o nariz pensava profundamente sobre o dia que seria ela que estaria deitada dentro de uma caixa comprida o suficiente para caber seu corpo pequeno, magrelo e pálido:
  - Nem fudendo... disse ela baixinho. Continuou a observar os vestidos pretos sobre a cama, exceto um, que era florido nos tons rosa e verde, cafona o suficiente para mudar o conceito de um velório, onde as pessoas vão muitas vezes para derramar lágrimas e sujar o o carpete. Decidiu usar um vestido preto simples que iria combinar com sua sapatilha negra, perfeito para a ocasião, outro velório, desta vez era de sua vó Marie que morreu de causas naturais aos 94 anos. Decidiu experimentar o traje, deu três pulinhos para a esquerda para se observar no espelho, baixinha, com sua boca vermelha, seus olhos caramelos dava destaque para as sardas que mais parecia um universo, passou a mão sob a própria cabeça e sentiu um aperto no peito, ela sentia muita falta de seus longos cabelos ondulados, que caíram devido às quimioterapias, para ela, se encarar era como ver sua vida indo embora a cada dia que se passava.
  Sua mãe entrou no quarto, com um sorriso no rosto e um copo de chá de camomila na mão:
- Está pronta, Nora? Perguntou deixando o copo no criado mudo, sua relação com a mãe não era das mais amáveis, ela percebia sua mãe se distanciar cada vez mais, e se preocupar apenas com o seu irmão mais novo, ele sim poderia ter um futuro garantido e além de tudo, saudável.
- Eu não sei, o que acha deste look? Perguntou à sua mãe, esperando como sempre a mesma resposta de sempre " linda como sempre Nora".
- Está linda como sempre Nora! Afirmou sua mãe que se aproximou e a abraçou. Ela já tinha vivido tantos momentos como aqueles, e sabia que seu destino seria o mesmo, a única diferença é que ela não estaria presente, e foi naquele exato momento que ela percebeu que, ela não precisava estar mais ali.

E  é aí que eu assumo a merda da minha história, eu abracei minha mãe e logo em seguida percebi um milhão de motivos para fazer com que o próximo caixão tampado não fosse o meu, sempre estive fazendo tudo que meus pais me mandasse fazer, não tenho amigos, nem animais de estimação. Meu pai também me proibiu de ouvir músicas e qual o sentido nisso? Quer saber? Eu cansei dessa rotina, isso que me deixa morta por dentro.
  Fechei a porta do quarto e desci junto com a minha mãe para irmos ao cemitério que por sorte é do lado de casa. Resolvi ir a cozinha, encontrar a única coisa que eu precisava, a chaves do carro do meu pai. Com elas em meu bolso resolvi sair sem falar nada, sem nenhum rumo, muito menos do que viria pela frente, mas é assim mesmo que a vida é não é mesmo, e não a nada pior que fazer uma merda dessa, só as normas ABNT. Entrei no carro do meu? pai e dei partida.

Bem vindos ao meu novo mundo, eu diria que a mentira é o melhor final para uma história, porque sempre podemos alterar lo, afinal o que é verdade e o que não é ?

 

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⏰ Última atualização: Nov 13, 2019 ⏰

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