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"Porque quando você me desdobra e diz que me ama. E olha nos meus olhos. Você é a perfeição." - Sam Smith

Kylo deixou que sua mão caísse sobre a de Rey perdida no chão qual jaziam despojados. Já não se ouvia os sons predominantes da guerra, tais como lasers e bombas ou os gritos dos seres quais davam suas vidas em nome da causa. Um silêncio absoluto era tudo o que restava do lugar que um dia fora belo e recheado de vida. Enquanto os sobreviventes se rastejavam pelo chão, procuravam seus companheiros ou então choravam ainda abrangidos pelo tempo passado, o homem de cabelos negros esvoaçantes e abdômen aberto perguntara num único murmúrio qual conseguira reproduzir: ─ Rey? ─ e um sulco se formou entre suas sobrancelhas ao que tentava abrir seus olhos em meio a toda fumaça. Sabia que aquela havia sido a queda da primeira ordem, mas não se lembra exatamente do acontecido, mas que ele e a mulher qual amava decidiram ceder seus idéias e unir suas forças, tornando-se um só; o verdadeiro jedi cinza. Não se lembrava de muita coisa; quando ele caiu no chão e adormeceu mesmo que por um instante, e teve de acordar no seguinte; onde estava ─ essa altura poderia estar em qualquer lugar. Num esforço hercúleo Solo ergueu seu torço do chão, sentindo o familiar cheiro de pele queimada ─ de sua pele queimada. O sangue escorria sobre toda a região de seu abdômen até o cós de sua calça, onde tomava curva e descia pelas coxas. Doía como se com um movimento seu morreria no seguinte, e Kylo não sabia bem se queria mesmo lutar contra a morte e essa imensa vontade de deitar novamente no meio do campo e deixar-se ir. Talvez pudesse se juntar ao avô, e se fosse bem-vindo, ao pai e ao tio.

─ Be- ─ Ele ouviu seu nome quase soar pelos lábios de Rey, e, embora estivesse morrendo, procurou se arrastar até ela.

Não Kylo, mas Ben Solo, segurou o rosto de Rey com as duas mãos cobertas por sangue e terra. Ela tinha seus olhos semicerrados e um sorrido ladino desenhando os lábios, seu rosto tão belo agora escondido detrás de toda a sujeira e sangue qual Solo torcia para que não lhe pertencesse. ─ Estou aqui ─ Ele disse, baixo, quase gaguejando. E ela se forçou a encará-lo nos olhos. ─ Estou aqui, Rey.

Ela sorriu para ele com o coração nos olhos. ─ Você sempre esteve.

─ Sim, ─ concordou ─ sempre.

─ Ben Solo. Bandidinho.

Kylo bufou e olhou para baixo tentando evitar ceder-se a um sorriso, e seu corpo se contorceu pela dor.

─ Quantas vezes será preciso eu pedir para que pare de me chamar assim?

─ Não gaste seu tempo.

─ Não vou.

─ Bandidinho. ─ Rey repetiu, rindo para a nuvem de negra que passava por cima de suas cabeças, como se tentasse se recordar de algo. E de repente, como se tivesse acordado de um sono profundo, ergueu-se rapidamente quase derrubando o homem que recaia sobre seu corpo no chão. ─ Onde está Leia? Finn? Poe? Todo mundo?!

─ Foram buscar ajuda. ─ Respondeu, e foi sua vez de deitar ao chão para descansar. Kylo fechou os olhos com as mãos forçadas sobre a ferida aberta de seu abdômen. Cinco minutos, deitarei aqui por cinco minutos e esperarei por eles.

─ Ben? ─ Rey o chamou vendo que havia parado de se mexer ─ Ben, acorda, estou vendo uma nave; sua nave. ─ Ela ajoelhou ao seu lado e preocupada colocou a mão sobre seu peito, mal sentindo os batimentos. E então, somente neste instante, reparou no imenso corte em seu corpo qual quase o partira ao meio. Em prantos, segurou-o pelo rosto e deixou que as lágrimas pingassem sobre ele. ─ Kylo, preciso que fique comigo. Está me ouvindo? Eu preciso de você. Eu sempre precisei, mas agora mais que nunca. Nós vamos para Naboo, lembra? Você me prometeu. Prometeu que descobriria a galáxia ao meu lado. Não posso fazer isso sem ti.

Rey ouviu um ruído de Ben; um espasmo de sua luta pela sobrevivência. Mas nada além disso.