capítulo único

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Doía. Doía muito porque Kiyoshi e ela tinham combinado, mas ele parecia não se lembrar disso. Teppei havia esquecido de forma proposital o combinado de sempre voltar para casa com S/n, porque caminhar ao lado de Aida Riko é muito mais divertido. Ou ao menos parecia, já que com ela ele não tirava o sorriso bobo, de orelha a orelha, da cara.
S/n ia um pouco atrás. Ela não tentava se esconder, exatamente, pois sabia que ninguém poderia acusá-la de persegui-los com sua casa na mesma direção; mas ela se envergonhava e por vezes fazia uma horinha em uma loja de conveniência ou mesmo na escola para não ter de ver aquela cena.

Não era para ser assim, não foi assim que ela idealizou seu primeiro ano no Colégio Seirin, seu primeiro ano estudando com Kiyoshi Teppei - seu vizinho, amigo de infância e primeiro amor.

Quando ela descobriu que não ficou na mesma sala que Kiyoshi, não deu muita importância, pois poderia passar os intervalos com ele. Tão pouco se deixou abalar quando Teppei lhe disse que entraria no clube de basquete. Ela se inscreveu e conseguiu o lugar como ajudante, o que no fim, foi uma má ideia, já que apenas servia para S/n vê-lo flertando com a treinadora.
Suspirando, ela afundou a cabeça no travesseiro. Próximo a esse, seu telefone vibrava, mas ela estava imersa de mais em memórias para se importar.

Se sentindo, pela primeira vez em anos, amaldiçoada por ter uma boa memória, S/n lembra-se vivadamente do processo. De como Kyoshi começou a evitá-la, dando lhe respostas curtas e não indo até a porta de sua sala para acompanhá-la no horário do intervalo ou do fim das aulas. O golpe final sendo ir embora sem a esperar, apenas para poder ficar sozinho com Riko.
Ela então deixou o posto de manager com a desculpa de que precisava estudar. Os outros meninos do time - com quem ela fez amizade - ofereceram ajudá-la, mas ela negou. Não porque não precisava, mas porque eles não eram Teppei, seu melhor amigo, quem disse apenas um "você vai melhorar" quando ela contou sobre sua pontuação estar caindo. Talvez ele estivesse demasiadamente maravilhado por Riko ter ficado em segundo lugar do ranking de notas para sequer pensar em lhe oferecer ajuda.
Agora, ela estava sozinha. Ela lanchava sozinha, estudava sozinha e ia embora sozinha. Se algum professor não pedisse a ela que lesse algo, S/n era plenamente capaz de passar o dia em silêncio.

A garota encontrava-se em seu armário, trocando os sapatos para adentrar a escola, quando Hyuga foi até ela, pedindo ajuda. Ele queria conselhos sobre como chamar Riko para sair. Sorrindo pela primeira vez em semanas, a garota aceitou. Aquilo era uma oportunidade dupla: ela voltaria a se aproximar de alguém, assim fazendo um amigo, e tiraria Aida do campo de visão de Teppei. De tal forma, S/n voltaria a ser visível.
O plano era que Hyuga se confessasse em um mês, mas foram necessárias apenas duas semanas para que a própria treinadora o chamasse para sair e o beijasse debaixo de sua sacada, quando Junpei - e não Kyoshi - foi deixá-la em casa. Aquilo foi em uma quarta e naquele dia, abandonado por sua amada, Teppei correu para alcançar S/n e voltar com ela para casa. O erro da garota foi aceitá-lo de braços abertos, sem nem mesmo demonstrar ter sido machucada por ele.

Bastou quinta e sexta para que praticamente toda a escola (só com alunos de primeiro ano) soubesse sobre o namoro entre o capitão do time de basquete e a treinadora. Todos shippavam e S/n tinha que admitir: eles eram uma dupla dinâmica.
Durante o final de semana, ela e Teppei voltaram a conversar e ele pediu perdão por abandoná-la, com a desculpa esfarrapada de que o time consumia muito de seu tempo livre. Ainda bem que essa conversa aconteceu por mensagem, pois caso contrário, ele teria visto a careta nada discreta que S/n fez ao ouvir a mentira.
Mas ela estava feliz. Notavelmente mais feliz e muitos comentavam sobre como ela parecia ter recuperado seu brilho. Eles não estavam errados.
Na noite de segunda, por mensagem, Kiyoshi pediu para ficar com ela. Saltitante, ela aceitou. Eles macariam de ir ao cinema em um fim de semana para que se sentissem mais a vontade. Por mais que estivesse animada e ansiosa, desejando que o fim de semana chegasse logo, S/n teve que adiar seu encontro com ele. Naquele fim de semana, ela viajaria com os pais para a casa dos avós, então Teppei sugeriu de deixar para o sábado após aquele. Decepcionada por ter de esperar 13 dias, mas sem ter outra alternativa, ela aceitou.
Pelo menos, agora, ela tinha a atenção dele.
Teppei ia com ela da escola para casa e de casa para escola, passava horas conversando com ela por mensagem, chamando-a de fofa e linda e mandando fotos de animais bonitinhos para fazê-la sorrir. Mesmo que tivessem falado apenas sobre ficar sem compromisso, jamais mencionando sentimentos; brincaram sobre casar e ter filhos.

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⏰ Última atualização: Mar 26, 2020 ⏰

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