Se respiro, me intoxico por seu veneno. Se me calo, já não sou mais eu, e isso me sufoca. Por todos os lados me sinto pressionado a pedir rendição. E já não há espaço para mim nesse lugar que costumávamos chamar de lar. Você me comprou com seu sorriso, e brincamos de família por um tempo e foi bom; mas pra você nunca passou de uma boa viajem, e me culpo agora por não ter percebido antes os pecados que você tinha escondido em sua bagagem. Você mantém o charme e os enigmas de sua alma em exposição, tentando me convencer de sua fidelidade á mim, tentando me silenciar e fazer esquecer as dores que me causou; mas já não posso me permitir a essa escravidão do coração; preciso me libertar dessa fantasia que criei de você; preciso superar os erros que de forma tão cruel você deixou se expor á mim. Preciso de uma vez por todas entender que o seu coração é como uma nota de dois reais, que vai passar de mãos em mãos até se desgastar e perder o valor. Nunca o tive de fato, e já não lhe devo nenhum segundo a mais do meu tempo, agora que percebi o quão insignificantes são suas promessas. Irei me assegurar de não me permitir cair e sangrar por causa dos erros que você sem um mínimo de remorso cometeu. Prometo que irei sair de cena de cabeça erguida, e me lembrarei de você apenas para me certificar de não cometer o mesmo engano outra vez.
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Insônia: O Canto das Poesias
Poesía'... E eis que nasci, e em mim, vertigens da alma, e o coração acelerado sem entender a peça. O espetáculo era eu, e as cortinas que então se abriram, era todo o mundo em exuberante tragédia em existir, brilhando feito água do mar diante meus olhos...