A banana na metade

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Eu e Giulia encaramos, perplexas, a cena em nossa frente. Como era possível uma criança segurar tão equilibradamente uma banana semiaberta? Sua coragem admirava a todos na rua, o que gerou olhares fascinados e concentrados. Por um momento, todos ao redor travaram suas rotinas para observar o incrível garoto.
Entretanto, nenhum herói consegue trabalhar sozinho, é uma questão de saúde mental e física ter um assistente. Assim como Dom Quixote possuía Sancho Pança, o menino havia um amigo fiel e companheiro, mas desastrado: seu braço-direito, o Baixinho.
Levando uma mochila pesadíssima nas costas, o ajudante parecia fazer um grande esforço. Seu suor escorria pelo rosto, enquanto sua expressão de dor estremecia em meio à multidão, demonstrando dedicação. Quem sabe o que havia dentro daquela mala? Um animal abandonado sendo resgatado, ou outra banana, cuja filha era a segurada pelo herói? Nunca saberemos, mas com certeza era algo importantíssimo.
Você deve estar se perguntando o por quê deste personagem ser desastrado, se ele parecia ser um bravo e valente guerreiro. A questão é que Baixinho, na tentativa de matar sua fome violenta, tentava morder a banana que seu mestre segurava, isso em meio a correria. Como todos ao redor estavam chocados com a cena tão surpreendente, nenhum conseguiu avisar que não era certo aquilo que o assistente fazia.
Minha hipótese é de que, em meio à tantas batalhas possivelmente ocorridas durante as jornadas dos heróis, alimentar-se não era algo tão importante para os momentos. Não sabemos quantos dias os rapazes estavam sem comer, somente sobrevivendo com a força de sua alma e corpo e suas vitórias. Portanto, um alimento em sua frente era algo até fascinante, se nos colocarmos no lugar deles.
A correria continuava. Os olhos da população observavam os garotos, admirados. Mas o que estava por vir, tenho certeza que ninguém esperava, nem mesmo você, meu caro e querido leitor.

A Incrível BananaOnde histórias criam vida. Descubra agora