você, jongin. é sério.
um homem antipático como eu não costuma saber desconversar muito bem em bares, praças ou conversa de galeria. de verdade, qual seria a droga do problema? sei lá, dá uma enrolada, fala que precisa fumar cinco cigarros pra matar o seu eu interior querendo extrapolar os contratos sociais formais de como deve funcionar um relacionamento sem muito contato físico, porque, obviamente, sempre odiei isso com todas as minhas forças; podia até mesmo dizer que estava passando muito mal e precisava desesperadamente vomitar todo o resto da minha alma podre pelos sapatos até que sobrasse o costumeiro e confortável vazio existencial. só que eu não sou bom com palavras e você é bom até demais.
o principal motivo pelo qual eu saí de cuba até dubai não foi mais do que insistência familiar de um elo não-colaborativo. desde quando o filho mais velho da família convenientemente é o mais propenso a divertir um bando de tios idiotas pra cacete que fazem piada com pornografia? se tivesse que me apresentar como um mero pedaço de carne àquela gente toda, que eu não tivesse de ser o porco com a maçã na boca. talvez você, jongin, tenha me transformado em muito mais do que isso, mas odeio que tudo tenha que ser sobre você o tempo inteiro.
eu queria voltar pra casa.
mamãe bebeu demais na véspera da partida e eu levei ela à área hospitalar do navio. o automóvel marinho partiria em menos de trinta minutos e eu escutei toda a algazarra da sua alma de fogos de artifícios dar uma festa na tripulação major, querendo agarrar o mastro principal e rumar de volta ao início do porto árabe. a sua casa ficava na boca do infernal de areia e os seus pés podiam muito bem terem sido queimados por tanto querer morar ao lado das águas, mas não me lembro se você realmente chegou a admitir isso na primeira noite que visitei seu quarto no convés e a borda da sua boca tocou o meu peito nu. eu estava sentindo uma tremenda náusea da partida, mas é porque sou de estômago fraco. você disse que eu era um fracote, jongin, mas o meu belo trabalho com as palavras te devolveu exatamente o silêncio que você queria.
eu não me lembrava quanto tempo exatamente fazia desde que eu passara de simples mau desconversador pra riquezas brilhantes de uma dubai em saudade pelo adeus inconveniente. acontece que a única coisa com a qual me importei naquele final de tarde era a sua boca na minha e a voz sussurrante de que tinha tantas outras coisas que eu deveria saber. não pude ficar chateado ao ouvir sua risada quando perguntei se eu não havia visitado todos os grandes monumentos de dubai com maestria. é engraçado, porque você podia ter me emprestado a porcaria de um mapa naquele exato momento, mas tudo o que você fez foi me perder para o aconchego de seus braços dourados.
eu queria aprender a desconversar melhor.
então, sim, você, jongin. é difícil dizer o quanto me incomoda isso não poder ser exatamente sobre mim, porque, bem, sou apenas um maldito moleque cubano tentando entender qual dos meus familiares é o mais idiota ou se a minha mãe está respeitando o protocolo pós-ressaca, mas fica difícil administrar tantas coisas ao mesmo tempo já que o mar aprisiona os resto do que eu achei me pertencer, quando na verdade é muito cedo pra dizer no meio do nada.
se eu ainda não aprendi tantas coisas assim enquanto você esteve aqui, seria de grande favor se o capitão desse meia volta nesse navio idiota e me deixasse na beira da praia.
por favor, me diz do que eu preciso tanto saber. porque tudo o que eu quero é ser tão esperto quanto você diz que sou para que nunca mais saia daqui.
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DUBAI IS THE NEW CUBA ✧ EXO
Fanfiction❝eu queria aprender a desconversar melhor❞. 𝐊𝐀𝐈𝐒𝐎𝐎; oneshot exo | @SHIAHEARTS