𝕸𝖔𝖓𝖘𝖙𝖊𝖗

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Marinette não era de família nobre.
Ela não se vestia com vestidos finos e caros.
Ela não usava jóias vistosas e raras (fora um humilde par de brincos antigos que eram feitos de ônix, mas eram herança de família).
Ela não tinha dinheiro pra esbanjar com coisas inúteis.
Mas apesar de tudo isso, Adrien a amava.
Ele era de família rica — não nobre. E a conhecia desde criança, quando era um pirralho de oito anos e viu ela entrar pela porta se serviço, de mãos dadas com uma mulher de feições orientais. A mulher ele conhecia, era Sabine, a cozinheira.

Mas a menina era tão bonita... Era diferente de Chloé, sua única amiga, que tinha cabelo louro como os seus e se vestia como uma princesa. A menina tinha cabelos negros, lisos e amarrados em chiquinhas. Seus olhos eram redondos e azuis, os mais lindos que já tinha visto.
A partir daquele dia, se tornaram amigos.
Com o passar do tempo, era impossível que Adrien não visse o quanto Marinette se tornava uma garota linda. E, principalmente, desejável. Quantos comentários maldosos ouvira sobre ela? Aquilo dava tanta raiva... ela era tão gentil, tão amável e bondosa. Tão doce.

Um dia ele a beijou.

Não podia ignorar o que sentia por ela.

Aquilo que revolvia suas entranhas ao ver um olhar de cobiça sobre sua amiga...

Mas Marinette interpretou de modo errado. Depois do beijo ela abaixou a cabeça, e ele podia ver as lágrimas brilhando nos seus cílios escuros. A expressão de derrota no seu rosto e os braços completamente imóveis ao lado do corpo demonstravam uma realidade que ele não queria acreditar.

— Só... não me machuca... eu prometo que não vou tentar te impedir.

— Marinette, não... não é isso! Eu não quero isso... eu te amo! — ele a abraçou. — Jamais seria capaz de te machucar.

Marinette o abraçou de volta, ainda chorando.
Naquele dia ele pediu para namorar com ela, o que seu pai pensou em contestar, mas foi convencido por sua mãe de que era o ideal para o filho. Marinette era uma moça prendada, inteligente e de fácil aprendizado. Emilie poderia fazê-la se tornar uma dama muito rapidamente.

Passado alguns meses, o namoro virou noivado, mas em seguida Adrien desapareceu depois de ir a uma viagem de negócios com Gabriel. Ele simplesmente sumiu das vistas do pai, sem qualquer pista.
Emilie e ele estavam desolados e muito preocupados com o filho, enquanto Marinette se sentia destruída por dentro.
Seu noivo não dava sinais de vida há várias semanas, e os comentários era de que ele a havia abandonado por achar uma mulher melhor.
Isso a corroía por dentro.

[...]

Um ano se passou desde que Adrien Agreste havia sumido. Não havia esperanças de que se pusesse encontrá-lo vivo, tampouco. Aos poucos ele foi sendo esquecido, até que só os familiares e amigos mais próximos ainda sentissem por sua falta. Em especial, Marinette, a quem Sr. E Sra. Agreste adotaram como filha depois de tudo, afinal ela estava sozinha no mundo há vários anos.

— Eu sinto sua falta, meu amor — ela murmurou em uma de suas noites solitárias no pátio do sobrado da família.

Marinette olhava para o céu e suspirava, triste. Não tinha mais vontade alguma de viver, mas também não tinha coragem de dar um fim ao próprio sofrimento.
Ficava ali, sofrendo em conjunto com os Agreste. Mesmo que tivesse uma mala de roupas e pequenos itens pessoais guardados caso eles se cansassem dela e a expulsassem...

Seus pensamentos foram cortados por um momento. Se sentia observada, e não era a primeira vez. Mas, dessa vez, decidiu que iria investigar. Não tinha nada a perder, mesmo.
Seguiu o contorno do pátio, onde haviam algumas árvores frutíferas. Olhou para cada uma delas, de alto a baixo, graças à iluminação da lua cheia. Observou também o telhado do casarão, mas não encontrou nada.
Se deu por vencida. Talvez... talvez estivesse apenas imaginando coisas. Era isso. Resolveu voltar pra dentro.

✠𝙸𝚖𝚖𝚘𝚛𝚝𝚊𝚕Onde histórias criam vida. Descubra agora