Quando eu volto, ela está de volta na cama
- Eu vou esperar as crianças lá embaixo, você quer ir?
- Não, eu espero por eles aqui
- Tudo bem
- É irritante você sendo tão condescendente, eu fui atacada, Andrew, não tenho um problema mental
- Sinto muito, Mer, eu só...
- Você fez de novo, saia, você disse que ia descer
Eu saio do quarto com um bolo preso na garganta, desço pra esperar as crianças, o que eu não sabia era que tinha sido a última vez que eu chegaria perto dela.
Durante esse mês, ela está de licença e eu trabalho por curtos períodos, na última semana, eu trabalhei o dia inteiro por pedido dela, a primeira semana, eu dormi praticamente na poltrona, na segunda semana, ela dormiu com a Zola e eu no quarto que era da Amélia e assim seguiu, agora ela dorme sozinha, tem raros pesadelos, não tem marcas visíveis pelo corpo, brinca com as crianças, eu sei que ela ainda não está bem, ela faz 4 sessões de terapia semanais e quer voltar pro trabalho, a vista de qualquer pessoa, ela melhorou rápido, ela conseguiu superar essa monstruosidade, exceto pelo fato de que ela mal fala comigo, ela só fala o necessário na frente das crianças, mas quando estamos só nós dois, ela não troca uma palavra comigo e sai do ambiente o mais rápido possível, ela está indo embora, eu a perdi e não sei o que fazer, eu respeitei o tempo e o espaço dela, mas acho que dei espaço demais e nos perdemos em algum ponto, mesmo que ela não saiba quantas vezes eu cochilei no corredor quando ela teve pesadelos mas não me queria no quarto, quantas noites eu passei em claro, preocupado com ela sozinha, mesmo estando a uma porta de distância, eu não sei mais o que fazer.
Eu chego mais tarde hoje, provavelmente as crianças já dormiram, é a terceira noite que isso acontece e mesmo que eu fale com eles pelo telefone, eu odeio não estar em casa, tudo está em silêncio, quando eu subo, vejo que a porta do meu quarto está aberta, eu entro e minhas roupas estão na cama, ela está parada olhando pra cama, ela se vira quando eu entro
- Mer, o que foi?
- Eu trouxe suas coisas que estavam no quarto
- Por que?
- O que você fez com o apartamento que você tinha?
Meu sangue gela
- Era alugado, eu entreguei, por quê?
Ela continua sem olhar pra mim
- O que minhas coisas estão fazendo aqui?
- Você dorme aqui, não tinha motivo pra ficarem lá
- Mer...
Eu toco o braço dela e ela se afasta
- Eu acho que seria melhor você ir embora
- Não, eu não vou
- Andrew, é a lógica, nós não somos mais um casal em nenhum nível, não sei o que você continua fazendo aqui
- Eu te disse que não ia a lugar algum e não vou
- Você pode ficar até arrumar um lugar pra você, eu não me importo
- Nós podemos conversar um pouco?
Ela suspira
- Não
E sai do quarto
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Nunca é fácil
FanfictionAviso de violência e transtornos psicológicos, não leia se acha que pode ser gatilho