Capítulo 4

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Miguel quis ficar na casa do avós, e depois de muita insistência de todos eu acabei deixando que ele ficasse lá e no dia seguinte eu o buscaria.

Voltei pra casa andando, já estava de noite e estava um noite bem gostosinha, não estava frio e nem calor, o tempo estava fresquinho. Por ainda ser 18:30 a lua estava baixa e escondida atrás de algumas nuvens, mas dava pra ver que estaria linda mais tarde.

Assim que cheguei dei de cara com David vindo do lado oposto e com algumas sacolas.

Isso só pode ser de propósito ou sei lá, a gente está sempre se encontrando em qualquer lugar que seja. Acho que em um dia eu vejo mais ele do que meu próprio filho (beleza exagerei, mas vocês entenderam).

-Boa noite - ele diz e sorri assim que a gente se aproxima o suficiente.

-Boa noite, fez ótimas compras? - pergunto e aponto para as sacolas.

Ele olha pra elas e me olha denovo sorrindo (já comentei que o sorriso dele é a coisa mais linda que tem?).

-Aproveitei que não estava fazendo nada e resolvi comprar alguma coisa decente pra fazer um jantar, não aguento mais comer comida congelada - ele diz fazendo uma careta e eu dou risada.

O elevador chegou e a gente entrou.

-E o pequeno? - ele pergunta se referindo a Miguel.

-Deixei ele na casa dos avós, fazia mais de 2 semanas que ele não os via, então achei que seria bom - digo apertando o botão do meu andar - qual o seu andar?

-cobertura, a senha é 1209 - ele diz e eu meio que arregalo os olhos e o olho incrédula.

Eu já deveria ter desconfiado, ele tem um carrão, e se veste muito bem. Eu sei que isso não diz muito sobre uma pessoa, mas ok. Ele riu da minha reação, eu digitei a senha em um tecladinho pequeno que tinha ao lado de um dos botões, o botão acendeu e eu apertei.

-Não precisa ficar assim, não é grande coisa - ele diz ainda rindo.

-Não é grande coisa? A cobertura é um andar inteiro, com dois andares e uma piscina... Ainda tem certeza disso? - digo meio abismada.

-Eu não ia morar na cobertura, mas minha mãe quis me dar de presente e me ameaçou dizendo que se eu ousasse procurar outro lugar ela me mataria e ninguém nunca ia desconfiar - ele diz em um tom humorado.

-Certíssima - digo rindo.

A porta do elevador se abre e antes que eu saia ele me chama.

-Vai fazer algo agora? - ele pergunta e segura a porta do elevador com o pé.

-Vou tomar banho e ficar vendo netflix o resto da noite - digo.

-Quer jantar comigo hoje? - ele diz e eu fico meio sem reação, percebendo isso continua meio exasperado - Não é nada disso, é só como amigos mesmo, prometo não tentar fazer nada que você não queire.

Eu penso um pouco, não seria má ideia, realmente faz muito tempo que não saio com ninguém, 4 anos pra ser exata.

-Tudo bem - digo - só vou tomar um banho e vestir algo mais confortável e subo.

Ele assente sorrindo, saio do elevador e entro no meu apartamento. Corro pro banheiro, prendo meu cabelo e tomo um banho, vesti uma calça de moletom e um cropped simples preto de alcinha. Calcei uma rasteirinha e soltei meu cabelo.

Passei perfume e desodorante, peguei apenas meu celular e minhas chaves e saí. Resolvi ir de elevador, era muita escada pra subir, então solicitei minha entrada, que era um botão pequeno uma espécie de interfone.

Em poucos segundos o elevador começou a subir. Eu morava no 5° andar, e a cobertura era no 13° andar. Assim que as portas do elevador se abriram e meio que tive um pequeno infarto.

O lugar era ainda mais lindo do que eu imaginava. A sala era enorme, só
aquela parte ali dava o meu apartamento inteiro.

-Você tinha a senha, porque solicitou entrada? - ele pergunta desviando minha atenção

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-Você tinha a senha, porque solicitou entrada? - ele pergunta desviando minha atenção.

-Não achei que seria sensato - digo como se fosse óbvio - E olhando pra esse lugar eu sinto que deveria ter me arrumado mais, minhas roupas não são dignas pra um lugar assim.

-Não fala besteira, você está linda, você está sempre linda - ele diz e eu não consigo evitar de sorrir - Estou preparando o jantar, fique a vontade.

Ele some de minha visão e eu continuo observando o local, em poucos minutos ele volta com duas taças de vinho e me entrega uma.

-A comida está quase pronta, o que quer fazer? - ele pergunta e me acompanha até o sofá para sentarmos.

-Não sei - digo e fico assustada com o fato de que aquele sofá é mais macio que a minha cama.

-Que foi? Tem algo errado? - ele pergunta preocupado vendo minha expressão.

-Esse sofá é mais macio que a minha cama - digo indignada e ele gargalha alto.

-Meu Deus - diz tentando parar de rir.

-É sério, mas é um burguês safado mesmo né - digo rindo também.

-Bom, podemos colocar um filme ou ouvir uma música, você quem sabe - ele diz.

-Odeio quando falam isso, mas podemos ouvir música agora e se for o caso ver filme mais tarde - digo e ele assente e sorri.

Não sei se já comentei, mas o sorriso dele é tão lindo.

-Putz seu sorriso é tão lindo - vejo ele rir e ai percebo que tinha falado isso em voz alta - Ah, me desculpa - digo envergonhada.

-Não se desculpe, esse sorriso é  crédito do meu dentista. Usei aparelho dos 13 aos 17 anos - ele diz e faz uma careta.

-Nunca usei aparelho, mas sempre usei lente de grau, até os 11 anos eu usava óculos depois mudei pra lente, perdi as minhas a 2 meses e até hoje não fui comprar outras e sempre esqueço de usar os óculos - digo.

-Você é linda e deve ficar linda de óculos também - ele diz e fica me encarando, eu sorrio sem graça e olho pro chão.

-Não me olha assim - digo tentando disfarçar a vergonha.

-Vermelho te caí bem - ele diz e eu dou risada.

-Cala a boca - digo batendo em seu braço.

Ele se aproxima de mim e eu consigo sentir seu perfume maravilhoso que me fez suspirar, ele aproxima o rosto do meu e quando nossos lábios iam se tocar um barulho agudo ecoa pela casa. Nos levantamos no susto, segundos depois um cheiro de queimado.

-Ah droga, só pode ser brincadeira - ele diz e fomos correndo pra cozinha.

Mãe SolteiraOnde histórias criam vida. Descubra agora