- Por que você se nega a isso? – ele pergunta, com um ressentimento profundo preenchido em seus olhos.
- Porque estou morto, Alan, e os mortos já não sabem o que é amar. – respondo, sem hesitar.
- Por que diz isso? – Ele toca em meu rosto em aflitiva carência. – Eu estou bem aqui, e eu posso sentir que isso ainda não acabou. Se permita, por nós.
- Você não consegue ver? – Pouso minha mão sobre a dele. – Você não consegue sentir o quanto estou frio, Alan? Eu sei que você entende. É como uma pedra esquecida no fundo do oceano. Eu estou exatamente ali, e isto está por dentro de mim. – Toco em meu peito, representando minhas palavras. Seus olhos me fitam, angustiados. – Me sinto nessa profundeza, com essa imensidão de águas me congelando até os ossos. É tão escuro e desolador, e eu não consigo enxergar nada além de mim mesmo; e eu não consigo nadar até a superfície, porque minha alma já se afogou a muito tempo. Você consegue sentir? – Puxo sua mão até meu peito. – Essas batidas são apenas ecos do que já fui um dia. Eu não estou mais aqui. O que você vê agora, é apenas uma ilusão, como fumaça, a espera de uma brisa que me faça sumir.
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Insônia: O Canto das Poesias
Поэзия'... E eis que nasci, e em mim, vertigens da alma, e o coração acelerado sem entender a peça. O espetáculo era eu, e as cortinas que então se abriram, era todo o mundo em exuberante tragédia em existir, brilhando feito água do mar diante meus olhos...