all i want for christmas

Paris, presentes e Natal.

Para Laura, uma das minhas pessoas favoritas no mundo.  Amo você e espero te ver em breve. Espero que goste.

Quantas garotas no mundo deixariam para comprar os presentes de Natal do seu recém-ainda-cedo-demais-namorado e melhor amiga um dia antes da data? Exatamente, uma. E infelizmente, ela sou eu, Jane Shirley.

Confesso que sempre gostei da ideia de estar correndo de um lado para o outro com os braços abarrotados de presentes e bugigangas para decoração, enquanto com outra mão, seguro graciosamente um copo de Macchiato. O problema é que eu não sou a personagem principal de um romance perfeito escrito pela Stephanie Perkins. Ou pelo John Green. Onde tudo maravilhosamente acaba bem no fim do dia. Não, isso aqui não é Deixe a Neve Cair.

Mas a verdade é que tentar glamorizar o máximo do caos faz parte da minha personalidade. E assistir inúmeras vezes musicais de Natal ou observar as ruas de Nova York repleta de pessoas enquanto Jingle Bells Rock toca no último volume, moldou o meu caráter. Mas se eu ouvisse Let it Snow mais uma vez neste exato momento, eu seria capaz de torcer o pescoço de Frank Sinatra sem nenhum arrependimento.

E cá estou eu, parada no meio da Champs-Elysée a um fio de ser cegada pelos milhares de piscas-piscas colados nas vitrines das boutiques, sem um presente sequer.

Não me entenda mal, eu realmente amo o espírito natalino e eu estava empolgada para passar o dia todo procurando presentes, carregar sacolas e ser pisoteada por senhoras extasiadas pelas promoções de pague um e leve dois, mas isso deveria ter acontecido há uma semana! O problema é que aconteceram todos os empecilhos que poderiam ter acontecido em toda a minha vida em poucos dias. Na semana antes do Natal.

Primeiramente, a senhora Delphine, minha tão querida professora de Artes Visuais, adiantou o trabalho final dez dias antes da data prevista. Isso mesmo. DEZ DIAS. Não um, não dois, mas sim DEZ DIAS. Ao que parece, ela estava ansiosa para passar as festas de fim de ano em uma praia paradisíaca com seu décimo quinto namorado... O que me fez passar todas as horas dos últimos cinco dias enfurnada na Biblioteca Pública da cidade morrendo de alergia vinda das bactérias e sujeiras centenárias que o lugar acumulava.

🎄🎄🎄

— Tudo bem. Já chega. Eu tô morta — eu disse, fechando o caderno e me virando para Lores, que apesar de não cursar a mesma faculdade que eu, estava comigo na Biblioteca para me dar o famoso apoio moral.

— Chegamos há apenas 15 minutos e você só escreveu cinco palavras — ela disse, revirando os olhos para a aba do Word aberta em meu computador.

— É difícil — choraminguei baixinho, apoiando minha cabeça na mesa áspera de madeira.

Com um sorriso travesso, Lores abriu seu próprio computador, sentou-se ao meu lado e disse o mais orgulhosa possível:

— Ei — disse me cutucando — Levanta a cabeça dessa mesa agora, sua preguiçosa. Já sei o que pode te animar. Eu tenho o presente perfeito para Alex. Me agradeça depois — ela disse sorrindo como uma psicopata. É nessas horas que tenho medo dela. Ela girou o computador para que eu pudesse ver e como eu ainda estava processando a informação, ela continuou:

— É uma edição limitada de vinil do álbum Facelift, daqueles caras que ele gosta.

— Alice in Chains? — pergunto animada, recuperando meu humor na mesma hora, mal acreditando no que havia acabado de ouvir.

— É, cara. Você disse que ele é obcecado com a banda e esse é o favorito dele. Só tem uma única unidade que irá chegar no dia 24, na loja de instrumentos daquele cara esquisito que a gente detesta. Você precisará fazer uma reserva, mas como eu sou incrível demais, já fiz.