O início

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Eu passo o dia dormindo e a noite acordado com medo Sou um anti-herói em queda Na mira de um arqueiro

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Eu passo o dia dormindo e a noite acordado com medo
Sou um anti-herói em queda
Na mira de um arqueiro

Era 6hr30 da manhã, pleno sábado e eu não conseguia dormir, primeiro porque essa cama é muito dura, segundo tenho problema de insônia e se eu não tomo meus chás meu sono fica desregulado e por fim porque eu estou na casa do meu pai e eu não me sinto nem um pouco a vontade aqui por inúmeras razões mas irei me apegar a principal que é: Eu me sinto uma completa estranha, não me sinto parte da família me sinto numa realidade paralela onde todos ao meu redor fingem estar bem e eu sou a única que vê problema nisso. Enfim toda esse sentimento foi devido a ele sempre ter sido um babaca comigo, ter traído minha mãe, nunca ter sido um bom pai, sempre distante e do nada ele resolveu que queria ser mais presente e daí como minha psicóloga falou que todos erram e devemos dar a chance do perdão eu resolvi embarcar nessa dele mas claramente foi a pior decisão que fiz pois desde que cheguei não ficamos nada próximos e o máximo que fizemos juntos foi ter ido numa pizzaria onde ambos ficamos comendo calado e não falamos nada mais que o necessário.

Tentei voltar a dormir, contar carneirinhos, virar de um lado pro outro, mas não dá, essa cama é muito dura e ruim pra dormir. Abri os olhos e fiquei encarando aquela escuridão por um tempo pensando que ainda teria que aguentar mais duas semanas aqui, provavelmente até o fim desse período eu iria surtar ou internamente ou por fora, mas o surto era certo. Levantei e sai do quarto indo na direção da cozinha procurar algo pra comer mas não tinha nada de interessante, aaaa outro ponto importante de pontuar ele é mão de vaca demais apesar de ser major ele quase não gasta dinheiro e só compra o essencial, abri os armários e vi um biscoito recheado perdido e resolvi pegar, abri a geladeira e como sempre não tinha nada mais que papa de criança (pro filho dele) e água. Resolvi colocar um pouco e água e pronto esse seria meu café da manhã: Um resto de biscoito recheado de morango e água. Já começo o dia suicidando meus órgãos. 

-Já acordada Gabriela? – Meu pai fala entrando na cozinha e me notando.

-Não consegui dormir muito bem. – Respondi seca e voltando minha atenção para o biscoito.

-Estava pensando em levar você e sua irmã pro quartel hoje, só pra sair de casa. O que você acha? - Ele perguntou preparando o café dele.

-Tanto faz, mas acho que ela não vai querer ir.

-Então se você quiser ir acho melhor ir se arrumar porque irei daqui a pouco. – Ele falou e já me arrependi de não ter negado, ótimo vou pro quartel fazer nada, só olhar pras paredes e ver um bando de policial bajulando meu pai e brigando por ego, era tudo que eu menos queria nessa viagem. (...)

Assim que cheguei no quartel eu fiquei jogada dentro da sala do meu pai enquanto ele estava indo organizar sei lá o que, aproveitei pra baixar uns episódios de friends já que eu ia ficar enfurnada aqui até 2 da tarde pelo menos tinha que tirar algum proveito disso. Enquanto eu estava morrendo de rir da Monica com o peru na cabeça ouvi algumas batidas na porta mas eu ignorei porém a pessoa continuou insistindo e aquilo já estava me deixando irritada, quer dizer todo o contexto estava me deixando irritada, meu pai, acordar cedo, estar num lugar que eu não queria, surtei.

-CARALHO VOCE NÃO TA VENDO QUE TA BATENDO NA PORTA FAZ 3 MINUTOS E NINGUÉM ABRIU??? VOCE NÃO CONSEGUIU CAPTAR NADA??? INTERPRETAR NADA??? QUE TALVEZ A PESSOA NÃO QUEIRA ABRIR A PORTAR???? PORRA – falei gritando com um cara assim que abri a porta e já me arrependi de imediato, ele era tão lindo.

-Desculpa é que o major me pediu pra entregar e eu não sabia se ele já estava ou não. -Ele falou meio tímido e sem graça.

-Me da essa merda. – Peguei os papeis e depois fechei a porta. – Mas que inferno. -Joguei os papeis em cima da mesa e depois comecei a analisar minha postura, talvez eu tivesse sido meio grossa? Aaa, mas eu estava tendo um dia horrível, na verdade estou tendo uma existência horrível. Resolvi esquecer que isso aconteceu pra eu não ter que ficar remoendo e me martirizando por ter tido essa atitude, porém claramente a atitude foi influenciada pelo momento que eu estava vivendo. Voltei minha atenção para a série que eu estava vendo e com alguns minutos meu pai entrou na sala e voltou a atenção dele pra tela do computador onde ele ficou lá fazendo as coisas que policiais normalmente fazem (seja lá o que for) e eu estava sentada na cadeira em frente assistindo minha série. O espaço até que era grande com duas estantes cheias de livros e processos, tinha 2 mesas grandes brancas e 4 cadeiras em volta de uma das pessoas a outra aparentemente era pra colocar a impressora e papéis lá, tinha um pequeno sofá roxo, uma janela enorme mas ela estava fechada já que o ar condicionado estava ligado, tinha também um bebedouro com água mineral e algumas chaves penduradas na parede.

-Gabriela veio alguém aqui? – Meu pai perguntou mas eu não entendi direito porque eu estava com o fone no último volume, fiz uma cara de quem não entendeu nada e ele simulou que era pra tirar o fone, assim fiz.- Alguém veio aqui? -franzi a testa e pensei durante um tempo, ele já estava ficando impaciente então resolvi responder logo antes dele ficar puto de vez.

-Veio e deixou esses papéis aí. -Apontei pra os papeis em cima da mesa, ele pegou os papeis e voltou pro computador.

Olhei para o relógio do celular e ainda marcavam 11hrs, parecia que o tempo estava de mal comigo, os minutos insistam em passar lentamente piorando minha situação e meu mal humor, resolvi sair e dar uma volta, esticar as pernas, respirar um pouco sei lá, sair de perto desse homem. Levantei e quando meu pai percebeu que eu estava saindo ele me pediu pra fazer um favor e aceitei fazer, era só pra dar uma chave para a um PM que estava na área de entrada do quartel. Desci e fui até lá deixar a chave mas não tinha ninguém tentei procurar alguém mas não tinha ninguém ali, era o canto mais limpo do mundo, alguns momentos depois ouvi um barulho e fui ver o que era, eram dois policiais com uma pessoa presa e um advogado talvez (??) enquanto eles conduziam o preso para uma sala ele ficou o tempo inteiro me encarando o que me deu muito medo e calafrios, tudo bem que eu não sabia se ele inocente ou não mas o olhar dele me assustava demais era um olhar obscuro e com muita raiva.

-O que você está fazendo aqui? – Alguém falou por trás e me tirou do transe que eu estava, quando virei pra ver a pessoa, era o menino que eu tinha gritado sem querer, ri de lado e depois expliquei que eu tinha que entregar a chave pra alguém. Ele pegou a chave e logo em seguida me deu uma bronca. - Você não pode ficar aqui, essa área é perigosa pra civil.

Enquanto ele falava eu não compreendia direito pois estava ocupada demais analisando ele e percebendo sua beleza, ele era alto, tinha olhos azuis escuro, branco com cabelo liso, o cabelo cheirava a lavanda o que provavelmente me levou a pensar que ele teria lavado o cabelo hoje e daí comecei a pensar nele pelado tomando banho e logo me repreendi, "que merda eu estava fazendo" pensei e balancei a cabeça pra tentar tirar essa visão da minha mente, mas olha na minha mente era uma visão legal e bonita de se ver, eu ri só de imaginar e logo percebi que ele estava me encarando com um olhar meio ameaçador. 

Anti-heróiWhere stories live. Discover now