Capítulo 1

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Antes de adormecer, a cabeça latejava com as lembranças da discussão de mais cedo com o garoto que era apaixonada, fazia um mês que discutiam sem parar, estavam no fim do relacionamento, eles não tinham duvida alguma.

- Vai lá em casa hoje a noite? - ele havia perguntado naquela tarde e assim iniciou-se a discussão daquele dia.

- Não vai dar - ela sorriu cansada.

- Por que não ? - indagou se encostando a parede e cruzando os braços.

- Só saio daqui as 20h00min e amanhã acordarei cedo novamente, recolher a documentação dos últimos lotes transportados da empresa.

- Ah meu Deus! Você sempre me trocando por trabalho, me deixando de lado, fazendo o possível para não estar comigo!

- Não me venha com dramas Nick - ela pediu, baixando a cabeça e a apoiando sobre as mãos -Estou cansada para chiliques.

- Luce, já perdi as contas de quantas vezes lhe cobro por atenção, e é só isso que tem a me dizer?

- Já lhe pedi que viajássemos, - ela explodiu, levantou-se e foi até ele - já lhe pedi que separasse o seu tempo para nós, eu tiraria férias e nós teríamos dias maravilhosos longe daqui, e o que foi que me disseste?

- Mas Luce...

- Nada de "MAS" - rebateu usando os dedos como aspas e gritando a última palavra.

- Vou embora, passar bem!

- Viu que está errado, não é mesmo jovem? Pode ir, passar bem VOCÊ! Está necessitando.

- Você é insuportável Lúcia Halle! INSUPORTÁVEL! - ele gritou e saiu batendo a porta do escritório de Luce.

Após a briga ela se reencostou na poltrona e chorou, mais uma vez ele ia embora, mais uma vez ela o perdia para as brigas. E eram discussões curtas, mas dolorosas, quando chegou em casa as 20h30min tomou apenas café, um banho e correu para a cama.

A 8km dali, Nick ainda estava acordado, revendo os contratos dos casos de Direito, se Luce estivesse ali, os dois estariam deitados aos beijos e abraços, contando histórias engraçadas e planejando o futuro, mas com a discussão de mais cedo, não havia como desejar a paz.

Luce possuía o gênio forte, era impulsiva, falava sem medo, mas era medrosa, se apegava facilmente e estava disposta a pedir uma trégua a Nick e os dois voltarem a ser o casal de antes. Era focada no trabalho com o pai e fazia o possível e o impossível para que as coisas dessem certo, quando conheceu o seu amado aos 19 anos não pensava que duraria dois anos de relacionamento, e foram dois belos anos. Luce adorava ficar em casa e se não fosse em casa, preferia um bom programa com as duas amigas preferidas ou com seus pais, ciumenta e possessiva quase sempre, porém tinha seus limites, nada orgulhosa e sabia amar, sabia se entregar e foi assim que viu o quanto estava se dando mal.

Nicholas possuía grande personalidade, grande poder de persuasão - mas não tinha muita sorte com as tentativas de persuadir Luce -, sempre estava aberto a ajudar, mas se gabava sempre que podia, tinha em mente que era autossuficente, seu tom de deboche garantia horas de risos a sua namorada, orgulhoso e ciumento, não gostava de voltar atrás na palavra dita tão decidido era aquele menino, quando conheceu Luce com 21 anos gostou dela desde o primeiro instante. Gostava de sair e de estar com a sua querida Luce e estar com ela era um privilégio. ERA! Até as confusões começaram. ERA , do verbo que estavam quase no fim.

• • • •

Luce acordou quando o alarme despertou ecoando em seu quarto e corredor, sua mãe gritou da cozinha pedindo que aquela coisa fosse desligada. Tomou seu banho, colocou seu jeans básico, prendeu o cabelo em uma trança de lado e desceu as escadas, nem comer quis.

- Seu namorado lhe espera - sorriu amareladamente a recepcionista quando ela voltou da ala dos produtos transportados, era quase hora de almoço. Como o tempo passava rápido.

- Obrigada! - ela tentou sorriu de volta, mas esperava por mais brigas.

- Até que enfim, estou morrendo de fome - foi o que Nick disse, puxando ela pelos braços e a envolvendo, como se nada houvesse acontecido.

- E esse humor? - Luce ergue uma sobrancelha.

- Não o estrague! - foi só o que respondeu antes de baixar seus lábios até os dela e o amor os invadir. A quanto tempo não faziam isso? Três dias? É! Acho que faziam três dias.

- Acordou bem então? - perguntou a menina, pegando sua bolsa e saindo com ele pela porta.

- É sempre bom olhar no espelho e falar "Espelho, espelho meu, não existe homem mais lindo, gostoso e sortudo do que eu" - brincou, ela sorriu.

- Parece até que tudo está um mar de rosas!

- Estou aproveitando enquanto não sou espetado pelos espinhos.

Entraram no carro dele, pelo visto ele queria amenizar a dor da discussão de ontem, depois de três dias de discussão, eles necessitavam daquele momento de paz.

- Eu sou mesmo insuportável? - perguntou Luce, encostando a cabeça na janela do carro.

- Eu te amo Luce, foi da boca para fora o que eu disse e estou tentando me desculpar!

- Peça desculpas então!

Ele suspirou - Desculpe-me, Lu! Sim?

- Tudo bem - ela sorriu e o beijou a bochecha.

- Está vendo como sou sortudo? Tenho a morena mais linda ao meu lado.

- Também sou muito sortuda!

- Aaaah.... - ele bateu no volante e entortou a boca como se tivesse em desaprovação - só isso que tem a dizer? Não vai descrever como beijo bem e tenho uma pegada maravilhosa?

- Afe! - ela riu alto - Não vou não!

- Sério! Tenho ou não?

- Só um pouquinho! - respondeu e ele a olhou antes de parar o carro em uma vaga do restaurante

- Você verá lá dentro o seu pouquinho sua pirralha! - sorriu torto para ela, a besta apaixonada que era se derreteu, aqueles olhos escuros provocavam naufrágio em seu interior.

Quando vira amorOnde histórias criam vida. Descubra agora