"- Peeete, eu comprei algo para você - o ruivo gritou, abrindo a porta do apartamento.
- Por favor não me diz que é outro animal.
O moreno rapidamente se levantou da sua cama e correu até o outro, mesmo que seu corpo inteiro doesse devido as consequências de ter passado o dia todo andando para entregar currículos.
- Não, acha que sou louco?!
- Sim, acho.
Enquanto revirava os olhos, com um sorriso no rosto, pegou um grande papel enrolado e o entregou.
- Você tem que abrir para saber o que é.
Delicadamente tirou o elástico e desenrolou, observando com cuidado a imagem dos personagens de Star Wars.
- Pensei que esse pôster iria ficar legal no seu quarto, sabe? Combina bastante com você. Se não gostar, não tem problema. Só...
- Obrigado, Patrick, eu adorei.
Sabia que o outro estava sorrindo, mesmo que não tivesse tirado os olhos do papel. Contudo, assim que abaixou o objeto para poder falar com o menor, sentiu algo puxando-o.
- Bowie, não! - gritaram, mas era tarde demais.
Não importava o quanto puxassem e gritassem, o filhote não soltava. Finalmente conseguiram fazer com que soltasse, mesmo que um pedaço tivesse permanecido com ele.
- Merda, acho que estragou - o ruivo disse, encarando o rasgo.
- Não, gosto dele assim. Ficou bem.
- Sério?
- Dessa maneira vou sempre poder me lembrar dessa noite.
Sorriram, voltando a atenção ao animal que ainda brincava com o pedaço de papel.
- Nós deveríamos arrumar alguns brinquedos para ele.
- É, nós definitivamente deveríamos."Felicidade é algo passageiro. Era nisso que Pete pensava naquela madrugada, deitado no sofá enquanto assistia a algum desenho na televisão. Fazia horas que estava vendo aquilo, apesar de não entender muito bem o conceito. Seu braço estava suado por causa do filhote que estava deitado nele, porém, não se incomodava o suficiente para acorda-lo. Lembrando do que aconteceu noites atrás, voltava a desconfiar do tanto de felicidade que estava recebendo. Parecia que as coisas estavam começando a se encaixar. Era perfeito até demais. Nada durava muito em sua vida. Estava feliz com seus pais? Sua mãe morreu. Tinha um namorado incrível e grandes amigos? Seu pai estragou tudo. Estava conseguindo se adaptar a vida em Los Angeles e seguir em frente? Perdeu tudo que tinha. Agora só aguardava o momento em que aquilo estaria acabado.
Decidiu não pensar mais naquelas coisas e deixar acontecer. Nada poderia ser pior do que já tinha acontecido. Certo...?
Assim que a porta abriu, Bowie desceu de cima de Pete e correu até seu dono.
- Ei, amiguinho - Patrick falou com uma voz estranha, fazendo com que o outro se levantasse para ver se estava tudo bem.
Percebeu que quase caiu ao se abaixar para fazer carinho no animal. Entretanto, sua atenção foi voltada para uma risada atrás dele, vinda de um homem loiro.
- Patrick? - disse em um tom baixo.
- Oh, não sabia que você tinha um namorado - mais uma risadinha.
Ah, não. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Bêbados. Eles estavam bêbados.
- Ele não é meu namorado. A gente terminou dez anos atrás.
Começaram a rir, ignorando tudo ao seu redor.
Eles não pareciam ter bebido o suficiente para não saber o que estava acontecendo, apenas para momentaneamente não pensar nas consequências.
- O que está acontecendo? Quem é você?
- Ele é o cara com quem vou dormir hoje - o ruivo respondeu, andando até seu quarto segurando a mão do rapaz.
- Isso não poderia ficar pior - sussurrou.
Antes que pudessem desaparecer de sua vista, o desconhecido puxou o mais baixo para perto de si e começou a beija-lo. Aquela cena fazia com que tivesse vontade de queimar seus olhos com ácido. Depois de alguns segundos, escutou a voz que tanto amou falando de uma forma que o fez revirar suas piores lembranças.
- Está tudo bem, Pete?
Fitou-o, sem conseguir acreditar no que estava vendo. Enquanto "conversavam" o loiro beijava o pescoço pálido do mais baixo.
- Você está bêbado, Patrick. Isso é muito legal para mim - ironizou.
Levantou-se, precisava urgentemente sair daquele ambiente. Talvez necessitasse de um pouco de água fria para acalmar meus pensamentos. Tentou ir ao banheiro, porém, a culpa bloqueava a passagem.
- Eu preciso passar.
- Por que, Peter Parker?
Naquele ponto estava próximo o suficiente para sentir o aroma que exalava de sua boca. O cheiro do álcool lhe trouxe lembranças péssimas. Sentiu seu estômago se embrulhado e nesse instante o banheiro se tornou uma necessidade. Não conseguia mais passar um segundo ali sem vomitar ou chorar - ou os dois ao mesmo tempo. Então simplesmente empurrou ambos para fora de seu caminho e correu, trancando a porta. Logo que entrou, sentiu tudo que havia comido sendo expelido de seu corpo. O fedor alcoólico parecia estar grudado em seu olfato, causando-lhe mais náuseas. As lágrimas descendo por sua face não tornavam a situação mais agradável.
Não sabia quanto tempo ficou ali, sentado no chão chorando enquanto pensava em como sua vida estava desmorando novamente. De todas as pessoas do mundo, nunca iria esperar aquilo dele. Do único homem que pensou que jamais iria magoa-lo. De uma das pessoas que mais havia sofrido por causa da merda da bebida. Aquela fora a única razão pela aí estavam separados, parecia irreal pensar que estava se jogando naquele lago de areia movediça que só o afundaria cada vez mais. O moreno sentia como se estivesse destruído. Seus pedaços eram tantos que nem forças para levantar dali não encontrava. A única razão de ter saído foi o choro do filhote do lado de fora.
- Ei, Bowie - falou, pegando-o no colo e levando ao seu quarto.
Deitou na cama, observando seu pôster e pensando em tudo que estava acontecendo. Sentia-se como um astronauta - o que era irônico considerando ter passado sua infancia e parte da adolescência acreditando que esse seria seu trabalho dos sonhos - mandando um pedido de socorro de uma caixa pequena. Havia perdido o sinal com todos e estava preso, o mundo lentamente se esquecia dele. Ninguém conseguia ouvi-lo, sua mente estava se tornando vazia por tanto buscar alguém que nem olhava para ele. Em milhões, parecia ser o único desconectado. Poderia ter sido algo que fez? O silêncio era ensurdecedor. Em seus pensamentos, implorava para alguém lhe dissesse por que estava sozinho como um satélite. Mas seus pedidos nunca eram ouvidos. Estava destinado à solidão. Não importava quanto tempo passasse ou quanto implorasse, Pete era um astronauta sozinho nas noites infinitas. Pela primeira vez, teve certeza que a luz de Patrick não poderia ajudá-lo. Sua estrela estava morta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Astronaut ●Peterick●
Fanfic»♡« Continuação de Everybody Wants Somebody »♡« Nem tudo termina em finais felizes. Na realidade não existem príncipes encantandos e felizes para sempre. Pete e Patrick tiveram que aprender isso da forma mais difícil. Dez anos após um trágico acont...