Conto final - O casamento

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Brenda tinha as mãos completamente suadas. Mesmo que o tempo estivesse ligeiramente frio no recinto onde se encontrava, não fazia nenhuma diferença, visto que o suor era proveniente de seu nervosismo.

Brenda ia se casar. Ela realmente ia se casar.

Nunca pensou que se curaria do Fulgor. Jamais imaginou que passaria dos 20 anos. Tampouco tinha parado para elaborar planos para a vida, porque sempre estava sobrevivendo.

Porém, ali estava ela, prestes a se casar com o homem que amava, com um vestido branco confeccionado pelos amigos do refúgio. Não era luxuoso, mas não poderia ser mais especial.

- Você está tão linda - falou Sonya, com lágrimas nos olhos.

- Nunca pensei que eu fosse viver o bastante para estar numa ocasião dessas. - Minho sorria, estava completamente maravilhado.

- Acho que todos aqui pensam o mesmo, querido - disse Harriet, dando-lhe um beijo na bochecha. Brenda e Thomas não eram o único casal dali, afinal.

Mas, naquele momento, eram o mais importante.

- Estou tão nervosa - pronunciou-se a noiva, quase que num sussurro.

Comovidos, seus amigos sorriram e a abraçaram. Por um segundo, sentiu-se um tanto sufocada. Mas era de amor.

- Vamos sair agora - disse Sonya. - Te vemos lá na frente. - Sorriu de uma maneira linda, e Brenda quis abraçá-la novamente, mas não o fez, pois sua amiga alegou já estar demorando demais ali dentro de sua pequena casa.

Esperou alguns minutos, até que ouviu a música dos violinos. Eles eram fruto de algumas expedições feitas pelos moradores do refúgio, que só crescia em quantidade populacional e estrutura.

Brenda se sentia orgulhosa de fazer parte daquele lugar, qua amava com todas as suas forças. Só não o amava mais que Thomas, que a aguardava ansiosamente em frente ao cerimonialista: um senhor de idade que afirmava já ter realizado casamentos antes (não tinham certeza se era verdade, mas não acharam ninguém melhor para fazer o trabalho).

Ela, então, saiu. Minho a esperava perto da porta. Ele a levaria até o altar. A cerimônia seria de frente para o mar, ficando, assim, em frente à residência. Era uma cena magnifíca e tocante.

Quando seu olhar encontrou o de seu futuro marido, sentiu que estava prestes a chorar de felicidade.

Foi andando lentamente, por entre as cadeiras cuidadosamente colocadas por todos que nelas sentavam. Sem a ajuda de todos ali presente, o casamento talvez nem fosse possível.

A questão é que Brenda e Thomas já moravam juntos. Já levavam uma vida de casados. Todavia, o rapaz sentia que precisava fazer algo para mostrar a ela o quanto o relacionamento deles era importante para ele.

- Você quer se casar comigo? - perguntou ele, enquanto, certo dia, fazia carinho nos cabelos da moça, que tinha a cabeça em seu colo.

- Como assim? - Ela se levantou. Estava confusa e riu da pergunta.

- É sério. A gente podia fazer uma festa, algo assim. - Thomas pegou a mão da mulher de sua vida. E ela parou de rir.

- Mas... Podemos fazer isso? Não tem nem um documento que a gente possa assinar. - Ela mordeu os lábios, um tanto insegura.

- Quem liga pra isso, minha filha? Eu só quero você. Não me importa os documentos. - Olhou no fundo dos olhos dela. - Quero que todos vejam o quanto eu te amo, Brenda. Quero que você seja a minha esposa. Não preciso de documentos para isso. Mas quero que tenhamos a memória do casamento. - Ele sorriu docemente. - O que me diz?

- Eu aceito. - Abriram sorrisos tão largos, que parecia que seus rostos iriam se rasgar com o ato.

Houve vezes em que a jovem custou a acreditar que o dia realmente chegaria.

Hoje, estava no altar, ao lado de quem tanto amava.

- Te amo - Thomas sussurrou para ela enquando o cerimonialista falava.

- Também te amo - respondeu Brenda, também em um tom quase inaudível.

- Eu os declaro marido e esposa. Pode beijar a noiva - falou o idoso em frente ao casal.

E Thomas a beijou. 





Depois Do Fim - Série de Contos TrendaOnde histórias criam vida. Descubra agora