Não é um livro

Não é uma página

Em algum momento dá minha vida eu me perdi. Mas não foi do nada, não, foi-se um pedaço quando meu "pai" me largou. Foi-se um pedaço quando minha mãe falava "espera, estou trabalhando e é importante" e eu não à via por dias. Foi-se um pedaço quando meu tio tirou-me as roupas e fez comigo o que me dói a alma descrever. Foi-se um pedaço quando me tiraram do meu único conforto pra ir pra um lugar que nunca vi antes. Foi-se um pedaço quando eu fui humilhad[e] e tentei ser amig[e] depois, pra ser feit[e] de troux[e]. Foi-se um pedaço quando eu chorei pra um caralho achando que deus me odiava. Foi quando a pessoa que me pariu me chamou me nomes inimagináveis e me fez sentir inútil. Quando aquela criança perdeu o brilho nos olhos? Quando aquela criança começou a namorar a menina da vida del[e], mas a menina da vida del[e] cortou os dois pulsos tão fundo que a luz saiu junto com o sangue. Quando tudo ficou escuro, e no escuro aconteceu de novo, outro homem, outro estupro. Quando el[e] deu o primeiro corte, o segundo, o terceiro, o quarto e nunca mais parou. Quando o namorado batia nel[e], e ameaçava, e estuprava. Quando todas as drogas da prateleira sumiram. Quando o irmão viu os cortes e chorou. Quando a mãe fingiu que não viu. Quando o irmão pegou a mãozinha, abraçou, e falou "vai fica tudo bem". Quando ficou, quando tudo desabou de novo. Quando o diagnóstico foi depressão. Quando o hospital teve que conter. Quando el[e] se encontrou. Quando a vida é uma constante batalha pra acordar todos os dias. Quando dá vontade de tacar o foda-se.

Aí você vê que não está tudo perdido porque alguém pega pela mãozinha.
Essas coisas são um pouco da minha história, mas agora eu to aqui pra te pegar pela mãozinha e te dizer, vai ficar tudo bem, porque no fim dói mas passa.

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Não sou escritor[e], mas eu sei que tem gente que precisa ser pega pela mãozinha e ouvir uma palavra de apoio.