(um) Sala de espera

1K 28 1
                                    

Corro pelos corredores perfeitamente encerados mantendo a concertação para não cair, que bom que optei pelos tênis. Fico orgulhosa por mim mesma tirando o fato de estar trinta e cinco minutos atrasada. TRINTA E CINCO FUDENDO MINUTOS.

Ok. Meu pai dizia "a esperança é a última que morre", então a minha ainda vive. Tenho esperança que ninguém tenha notado ou que eles tenha se atrasado também , porque não?! É  totalmente normal as empresas se atrasarem pras entrevistas.

Entro na sala onde a recepcionista  havia me indicado.

Puta que pariu.

Ok. Agora tenho  vergonha de ter escolhido os tênis. Encontro uma cadeira em meio às outras mulheres que aparentam está arrumadas para depôr em algum tribunal. Desvio de alguns saltos, me sento na cadeira acolchoada. Não sei se estou no lugar certo, algumas mulheres tagarelam sobre suas vidas profissional e seus anos de experiência na área. Me sinto minúscula.

- Você está esperando pela entrevista? - Pergunta a mulher ao meu lado que lixa as unhas sobre as pernas cruzadas.

- Todas estamos. - Sua sobracenlha se levanta, acho que vi veneno escorrendo pelo seus lábios.

- Você sabe quantas vagas tem? - Ela para o que está fazendo e me encara de cima a baixo.

Deus o livre.

- Uma. Você chegou atrasada né?! Eles estão chamando por ordem alfabética. - Sopra o pó que se formou em seus dedos.

- Qual letra já estão? - Prometo a mim mesma que é a última pergunta.

- F.

Puta que pariu.

Não sei se desisto de uma vez, ou se tento ficar e ser dispensada, uma porta que eu nem havia notado no canto da sala se abre, um ser celestial sai de lá usando um vestido tubinho, um coque bagunçado e saltos de grife.

- Ham... licença- Balanço a mão no alto chamando à atenção de todo mundo. - É que eu cheguei atrasada e já chamaram meu nom...

- Qual seu nome? - Seus lábios vermelhos se movimentam.

- Camila. Camila Bianco.

- Vou ver oque posso fazer por você. - Dá um sorriso falso. - Francine Brandão. - Anuncia em tom baixo.

Os perfumes doces se misturam revirando meu estômago, aos poucos as conversas da sala diminuem junto com as pessoas. Agora o único som que ecoa é o do relógio se movendo que é interrompido as vezes pelo som dos saltos batendo no chão.

O ar frio faz meu corpo se arrepiar, luto  contra o sono, agora só tem mais três pessoas, as reuniões não duram mais de vinte minutos.

A última garota sai da sala, mas a secretaria não voltou. Não vou desistir agora, me recuso.

- Há você ainda está aqui?! - Ela segura uma bolsa. - So um minuto.

Mais um ?

- Pode vir. - Diz aguardando na porta. Minhas pernas formingam quando levanto.

Atrás da mesa: um homem com os olhos derramados sobre o notebook.

- Senhor?! O Sr. Quer que eu fique pra acompanhar ?

- Não. - Sua voz é grossa e rígida se dirige a moça  . - Camila né?!

- Isso. - Procuro por seus olhos mas a pouca iluminação não permite.

- Você tem outro currículo? Eu joguei o seu no lixo. - Ótimo.

Retiro o envelope pardo da mochila o colocando sobre a mesa.

- Hum...- Ele parece sem paciência, mas vamos e convenhamos eu também estaria depois de tantas entrevistas.- Você ainda cursa Direito?

- Não... Eu tranquei. - Minha voz ondula.

- Porque?

- Não era o que eu queria.

- E mesmo assim você fez por dois anos...

- É, minha mãe queria muito que eu fizesse e eu também tinha um namorado que era advogado daí uma coisa levou a. - Ele simplesmente ignora todas as minhas palavra enquanto rabisca meu currículo onde eu citava o curso. - Outra.

- Entendi, você não tem nenhuma experiência na área. Porque eu deveria contratar você?

Merda

- Ham... Eu... Não sei, não pensei que me perguntaria isso. - Isso Camila arrasou, aplausos pra você, nota 10, melhor resposta do ano ele deve estampar uma camiseta com suas palavras e distribuir na empresa.

- Quantos anos você tem mesmo ? - Sua voz tem uma pitada de deboche.

- 24,não, 25 fiz aniversário semana passada. - Limpo as mãos soadas na calça.

- Ok. Te mando um email até amanhã te passando o feedback.

- Só isso? Posso ir ? - É claro que é  so isso, você não sabe nem sua idade. Ele concorda com a cabeça e volta a digitar frenéticamente. - Posso te fazer uma pergunta?

- Isso já é uma pergunta.

- Ham... Qual seu nome ? -  Passa a mão no rosto enfiando os dedos no cabelo que está todo desgrenhado.

- Desculpa eu não percebi que não havia me apresentado.- Ele se levanta acendendo uma luminária próxima a mesa. Seus olhos me analisam com cautela, já eu não consigo manter tal descrição parei em sua mandíbula perfeitamente esculpida que me fez salivar.

- Philip Iandro. - Estende a mão.

- Boa noite Philip. - Seu aperto é firme.

- Até mais Camila.

Meu querido Chefe  Onde histórias criam vida. Descubra agora