Prólogo *

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Aline Novais
|•13 de Março•|

Estar no Conforto da minha Casa sempre foi algo que me agradou, Está com as pessoas que te amam e te protegem faz com que você se sinta bem, É uma sensação de pertencer a um lugar, de se sentir acolhida. Havia muitos dias que eu chegava do Hospital cansada depois de um Plantão intenso, Cansada e com a cara de quem só precisava de um café e eu os encontrava na Cozinha em Plena Sete da manhã com um Sorriso Sutil e um "Bom dia" coloroso, É esses momentos que prezo ao lado da minha Família, querer permanecer ao lado deles mesmo quando a única coisa que eu precisava era de um bom banho e seis horas de Sono. Havia também os dias ruins, Os finais de meses quando as contas para pagar chegavam e o Dinheiro não dava, a insegurança de não conseguir quitar a Parcela do Apartamento mais o Condomínio, Mas com todas essas dificuldades estávamos unidos, Nunca deixamos de ajudar uns aos outros.

Até agora.

Hoje é dia 13 de Março e eu sinto Saudades da pessoa que eu era ano passado, Sinto saudades dos Sorrisos e carinhos que recebia dos meus pais ao invés dos olhares estranhos e desconfiados. Sinto saudades de me sentir acolhida com um olhar carregado de ternura. Eu sinto Saudades de pertencer a um lugar.

Aqui, hoje, sentada no Sofá da minha Sala enquanto o meu Pai me observa da sua Poltrona tendo Elza sentada na outra e nossa mãe preparando um Café, eu me sentia deslocada.

Pensei que não seria possível eu me sentir deslocada no único lugar no qual eu pensei pertencer, mas há sim, Eu me sinto julgada apesar dos olhares amorosos de Mamãe, sinto as paredes se fechando contra mim enquanto Elza me amaldiçoa com aquele olhar ríspido. O ar parece escasso, o clima estava tenso e a minha mente.. Céus, estava uma gritaria tão intensa, tantos pensamentos que habitam a minha mente, e em desespero eu imploro mentalmente apenas por um segundo de silêncio.

— Toma, Filha. Você parece tensa, É Camomila você vai se sentir melhor. — Maria Isabel, Mais conhecida como minha mãe se senta ao meu lado com um Sorriso amoroso nós lábios finos.

Agarro a alça arredondada da Xícara e a seguro em minhas mãos, Sentindo a porcelana quente.

— Obrigada. — Balbucio quase não reconhecendo a minha própria voz.

Estremeço ao sentir seu toque em meus Cabelos, Inspiro o cheiro da sua Fragrância Habitual e não consigo segurar as lágrimas que tomam meus olhos.

— Sentimos tanto a sua falta filha. — Desvio o olhar da xícara em minhas mãos e a observo, Com os olhos esverdeados inundados de lágrimas ela me observa com atenção.

Apesar do Sorriso emocionado consigo visualizar as olheiras formadas abaixo dos seus olhos, Os Cabelos Loiros que assumiam uma coloração grisalha por conta da falta de Tinta, ê possível ver através das bolsas ao redor do seus olhos que ela não dorme a longos dias, apesar disso, mamãe continuava a mesma.

— Diferente de você que estava lá por espontânea vontade.— Aquelas palavras saem dos lábios de Elza com dureza e amargura, Levanto meu olhar procurando o seu enfurecido.

— Elza! — Mamãe a repreende.

— E eu estou mentindo mamãe? — Indaga indignada — Ela estava lá, Visitando hotelzinho de luxo, restaurante de luxo com aquele Traficante boa pinta e a gente aqui imprimindo imagens com o rosto dela para entregar nas ruas, Nem mesmo depois de ver a Entrevista que demos para a Rede Globo ela deu as caras. — Seu olhar furioso é direcionado até mim.

Umedeço meus lábios sentindo o peso das suas palavras me ferirem por dentro.

— Não foi bem assim, Elza. — me permito falar.

Destino Traçado 2 | NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora