A semana seguinte se passou de forma calma em toda a cidade, nem o melhor vidente preveria o que estava por vir.
A manhã estava ensolarada, a família Campbell tomava café a mesa, com panquecas e suco, geralmente Mel só tomava café com um dos pais todo dia, mas nesse dia em especial os dois chegariam um pouco mais tarde no trabalho para aproveitar mais um momento em família.
O celular do xerife Herrera tocou, o sorriso que ele tinha no rosto enquanto conversava com sua filha sumiu assim que ouviu a mensagem do policial do outro lado da linha. O xerife levantou abruptamente e se dirigiu para o escritório, voltando logo em seguida com seu casaco, chapéu e a chave do carro.
— Julian, precisamos ir agora. Melina, não vá para a escola hoje, quando Spencer chegar, fique em casa com ele. —Julian sem entender nada, apenas levantou e seguiu seu marido, vendo a expressão de espanto em sua cara.
— O que aconteceu pai? Algo sério? —Melina parou de comer e ficou encarando seu pai e sua mãe saírem de casa.
— Apenas fique em casa. —Julian acompanhou Herrera, indo de viatura com ele.
Melina ficou na porta esperando seu namorado, assim que ele chegou, ela deu a ele o recado de seu pai, e ambos ficaram sentados no sofá da sala.
Xavier era zelador daquela escola há mais de trinta anos, viu passar ali muitos alunos, professores, diretores. Ele sempre era o primeiro a chegar na escola, naquela segunda não foi diferente, ao entrar, começou a destrancar as portas e janelas, abrindo tudo para a luz do sol clarear a escola.
Ao dobrar na entrada de um dos amplos corredores do primeiro andar, viu uma mancha escorrer do corredor ao lado, como se fizesse a curva para entrar no corredor onde ele estava lembro de ter limpado esse corredor, será que caiu alguma coisa do teto?
Ao dobrar no corredor seguinte, Xavier deixou cair o esfregão que segurava, os olhos daquele zelador já haviam visto muita coisa naquela longa vida, mas nunca presenciaram algo tão monstruoso. A sua frente estava um cadáver cercado por uma poça de sangue gosmento. A professora Martinez estava caída no chão, morta, com seu rosto mutilado e dentes espalhados no sangue.
O zelador nem prestou atenção nos detalhes, apenas saiu correndo em direção a saída da escola, tentando tirar o celular do bolso e tropeçando duas vezes antes de chegar. Se tivesse olhado com mais atenção, teria visto um cenário ainda mais perturbador.
Nos armários daquele corredor, haviam respingos de sangue, e no início dele, marcas de mãos, provavelmente a professora se apoiou ali enquanto tentava correr de seu algoz, mas certamente já estava gravemente ferida, já que suas mãos estavam tão sujas de sangue que deixaram marcas vermelhas nos armários azuis. Ele também não viu o rastro de sangue que vinha desde a sala da professora, no corredor ao lado, até onde seu corpo jazia no chão frio.
O principal detalhe que passou despercebido foi o martelo caído quase ao lado da professora, quase escondido pelo seu longo vestido, se prestasse mais atenção, teria visto o logo da escola no cabo do martelo, e reconheceria aquele como um dos martelos usados na aula de carpintaria, e agora arma de um crime inescrupuloso.
O xerife e a diretora estavam na sala da direção, sentados um de frente para o outro. A escola já havia sido completamente isolada.
— Vou precisar das imagens das câmeras. —Herrera quebrou aquele silêncio que já durava alguns minutos.
— De que dia? -Julian respondeu de cabeça baixa enquanto encarava sua mesa e virava um lápis de um lado para o outro.
— O médico legista ainda não pode me confirmar com precisão a hora da morte, então vou solicitar de sexta até hoje de manhã.
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HK O Corvo
Misteri / Thriller"Encontrar com o corvo será sempre um sinal de mau agouro" Lakestone, uma pacata cidade do interior se vê submersa em medo, horror e sangue quando o corpo de uma professora é encontrado sem vida em um dos corredores da escola, com seu rosto complet...