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Depois de pôr o último brinco na orelha, me olhei no espelho e contemplei meu físico. Eu estava me achando linda com o vestido verde que costurei na noite anterior, e gostei do contraste dele com as joias douradas e os saltos vermelhos que usava. Provavelmente, se eu me vestisse assim na casa dos meus pais, iriam dizer que aquela roupa estava brega e que esperariam eu me trocar para comer – eu, como estaria com fome e não iria querer acabar com o Natal da casa, iria trocar, mas sabia que não era a atitude certa a se tomar naquele momento.

Sorri para o meu reflexo e desci as escadas, não tardando em ligar a televisão e colocar um filme natalino. Ainda não era meia-noite, porém eu já estava extremamente faminta; afinal, é impossível passar um dia inteiro correndo para arrumar uma casa e não sentir vontade de comer algo, não é mesmo?

Que bom que não estou na casa dos meus pais.

Me servi de todos os pratos que haviam ali e sentei no sofá para comer. Ria em frente à tela de plasma enquanto as cenas passavam diante dos meus olhos, mas eu sabia que, lá no fundo, eu estava me sentindo um pouco vazia, tanto que acabei me identificando com o garotinho do filme, o qual parecia estar igual à mim no quesito "sentimentos": confuso.

Tem certas coisas que têm seu lado bom e seu lado ruim, e, para mim, uma delas é a família. Eu sonhava em passar um Natal (e grande parte da vida adulta) sozinha e me livrar de toda a chatice e tradicionalismo daquela gente, mas olha só o meu estado: vendo filme no sofá, sem um pingo de ânimo sequer e desejando que alguém – de preferência Nayeon, minha prima favorita – bata na porta da minha casa e me carregue para a festa da minha família, porque eu sou orgulhosa demais para fazer isso com as minhas próprias mãos e pernas.

Porém eu acho que vou ter que fazer isso com as minhas próprias mãos e pernas.

Desliguei o filme rapidamente, guardei as comidas e liguei o carro, dirigindo com vigor até a bonita construção de andar turquesa na qual morei até o mês anterior. As luzes dos pisca-piscas dentro da residência reproduziam algumas sombras na janela, o que me fez reconhecer parte das pessoas que estavam lá só por suas silhuetas. Respirei fundo e percorri a pequena trilha de pedra que ligava a calçada à porta, e, com receio, toquei a campainha, ação esta que provocou perguntas surpresas e curiosas das pessoas ali dentro e um grito de "já vai" de Nayeon. Ao me ver, ela pareceu chocada, porém exibiu seu sorriso da mesma forma.

- Você disse que não vinha! - Disse Nayeon, me abraçando

- É, mas mudei de ideia. - Sorri

- Vem, entra!

A maior me puxou pela mão e saiu correndo comigo pelo corredor curto da casa. Assim que chegamos na sala, recebi olhares assustados, porém, como não havia nada que eu pudesse fazer, apenas mantive um sorriso nos lábios avermelhados e falei com todos oa parentes. Recebi elogios sobre minhas roupas, brinquei com meus primos, joguei conversa fora com Nayeon e comi da comida da minha mãe, e, pela primeira vez, eu gostei de estar naquela situação, pois me senti animada, me senti feliz e me senti completa – mesmo com as piadas chatas dos meus tios metidos a engraçados e da algazarra das crianças correndo pela casa.

Naquele 24 de dezembro, eu aprendi que ficar com a nossa família – seja ela seus parentes, seus amigos ou seu cachorro – torna tudo muito melhor, e valorizar esses momentos deixa qualquer coisa mais mágica e feliz do que normalmente é, por mais que, na maioria das vezes, a gente não note a importância de estar com quem amamos e toda a harmonia que isso nos causa.

É, acho que eu estava errada.

Gente, eu tenho uma coisinha para falar a vocês sobre essa fic.

Eu escrevi aqui a situação da Yeojin: queria ficar longe da família, mas se arrependeu disso e percebeu que estar com eles era algo bom, mas ISSO NÃO SE APLICA A TODOS OS CASOS.

Esse é, estritamente, o caso DA YEOJIN, porém há casos que são exatamente o contrário do que eu retratei aqui, por exemplo. Pode existir alguém que passe o Natal na balada, com os amigos, etc., e isso não significa que essas pessoas estão comemorando a data do jeito errado ou não estejam valorizando ela, porque a forma como alguém vê o Natal ou qualquer outro evento anual varia de pessoa para pessoa.

Como escritora, o meu "trabalho" é descrever os mais variados aspectos das coisas, e eu escrevi sobre o Natal em família porque foi algo que se encaixou na inspiração que eu tive para fazer essa oneshot (que, por sinal, foi em "esqueceram de mim", um filme de Natal antigo e maravilhoso). Eu sei que existem outras realidades dentro deste tema, então digo que, caso a realidade do livro NÃO seja a sua, não fique triste – há várias histórias natalinas por aí (não só no Wattpad, também tem em filmes, músicas, etc.) e eu garanto que você vai achar uma com a qual vá se identificar. 😉

Espero que tenham gostado.
Beijos e um feliz Natal!

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