Eu, devasso

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Larguei mão de amar para não me ferir. O coração que antes pulsava, hoje está forjado em aço, regado em gélidas águas. Tudo o que restou foi a depravação, os pecados da carne, e a insensatez. Hoje me deito com um, dois, três em uma noite, e já não há mistério, sou a alma embriagada rastejando por mais e mais e mais, sem sossego, sem ponderação. Para me socorrer da ilusão do amor, me tornei a escória do homem, o prostituto das últimas horas da noite, o falso amante que sai as escondidas logo nas primeiras horas da manhã. E já não me canso dessa orgia de corpos; e agora mesmo enquanto escrevo, me delicio de prazer, por esse homem sem nome, que por baixo da mesa me lambe com seus lábios de seda, e me usa, me enlouquece, e me engole... E olhe!, que já estou pensando nas carícias de outro, que há de chegar à qualquer instante.

Insônia: O Canto das PoesiasOnde histórias criam vida. Descubra agora