— Entrem, crianças — disse a Senhora Parker, convidado eu e Alex para entramos em sua casa.
Admito, nunca tinha vindo antes na casa de Bella. Tirando sua casa em Liverpool de quando ela tinha minha idade, eu nunca fui.
Sua casa ficava bem acima da biblioteca, subíamos uma escada enorme para chegar até uma portinha de madeira, que abrindo, mostrava a moradia dela. Sua casa não era nem muito grande e nem muito pequena, era uma casa simples, cheia de coisas velhas que me faziam sentir falta de 1964.— Querem água, café, chá. Alguma coisa?
— Não, obrigada — olho para Alex, esperando sua resposta. Ele também recusa qualquer bebida.
— Bem, e alguma coisa para comer? Querem? Eu posso fazer um bolo!
— Não, Bella, estamos bem.
— Bella?
— Sim.
— Você sempre me chamou apenas de Senhora Parker.
Ri um pouco, pensando que se fosse sua versão mais jovem ali, estaria brigando comigo por ter me chamado de Senhora Parker e não de Bella.
— Desculpa, Senhora Parker.
— Bem, se sentem, por favor.
Eu e Alex nos sentamos no sofá marrom e velho, enquanto ela se sentou em uma poltrona vermelha que ficava bem de frente para aonde estávamos sentados.
— Então, o que devo a honra dessa visita inesperada? E quem é esse rapaz contigo?
Queria dizer à ela que não é ninguém menos que Alexandre Baltasar, criador da máquina do tempo, e agora meu namorado. Mas ele me explicou porque ela não se lembra de nada. E é porque nós quem viajamos para o tempo dela, mesmo que ela tenha viajado para 1966, Londres, isso não é o suficiente para que ela possa se lembrar. Então, para ela, é como se nada tivesse acontecido. E nós preferimos não contar, ela é apenas uma senhora com mais de 60 anos que quer viver seus últimos dias na terra em paz.
— Primeiro, preciso te devolver esse livro — tirei o objeto na bolsa, e devolvi.
— Ah, só isso? Poderia ter vindo em dia que eu trabalho, querida.
— Segundo — continuei, como se ela não tivesse dito nada. — Esse "rapaz", é o meu namorado.
— Alexandre Baltasar, mas me chama apenas de Alex. É um prazer conhecer a senhora.
Percebi o sarcasmos que ele usou para falar. Afinal, ele já a conhecia. Sendo ela com 14 ou com mais de 60 anos, ele conhecia Bella Parker.
— Oh, o prazer é todo meu — falou, apertando a mão dele, com surpresa.
— Queria que você fosse a primeira a saber, saindo daqui tenho que contar aos meus pais.
— Por que eu?
— Você é minha melhor amiga em todas as épocas.
— Não entendi muito bem. Que épocas?
Dei um sorriso amarelo.
— Apenas épocas.
— E querida, eu tenho idade para ser a sua vó!
Alex começou a rir.
— Mas é a minha melhor amiga — insisti. — Sempre vai ser. Eu te amo.
— Eu também te amo.
Me levantei para abraçá-la. De repente, senti um peso maior. Alex tinha se juntando ao abraço. Sorri. Como eu amo esses dois, minhas pessoas favoritas.
— Estamos de saída, Parker, tchau, até mais.
— Até mais, crianças.
Deixei um beijo em sua bochecha e sai de mãos dadas com Alex.
— Além de Bella, eu amo você também.
— Ah, Alice, eu também te amo. É impossível não te amar.
Então, ele beijou meus lábios assim que estávamos na rua.
— Vamos ir para a sua casa escutando Beatles, acho que pode dar sorte.
— Está com tanto medo dos meus pais assim?
— Estou.
Comecei a rir. Mas ainda sim peguei meu celular, colocando Yesterday para tocar nos fones.
Ele encaixou um fone em um ouvido e eu em outro. E então damos as mãos, caminhando pela cidade de Nova York. Enquanto eu penso, com orgulho, que salvei os Beatles, e assim, mudei não a vida deles, mas a minha. Me salvei.-Fim-
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Por favor, salve The Beatles
Science FictionAlice Scarlett, é uma jovem de 14 anos, que apesar de viver no século XXI, carrega uma grande paixão pela banda dos anos 60, The Beatles. E é por isso que Alice embarca em uma grande aventura para que os Beatles durem muito mais tempo, e não que par...