Capítulo 1 sem título

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Para começar éramos dois desconhecidos, ambos em cantos opostos, em assentos distantes, era possível ver a apenas seus olhos e testa de onde eu estava, com dificuldade pois a todo momento alguém passava, acredito que dava pra ouvir meu nervosismo, minhas pernas não paravam de bater ao chão; até que eu te perdi de vista, porém ouvi o gemido do assento, depois algo começou a se arrastar pelo chão, um, dois, três... ao todo 16 arrastados contei de olhos fechados para me concentrar no barulho...
— Olá, me chamo Candance, qual seu nome?

Àquela altura eu não tinha aberto os olhos ainda é estava tentando entender o que acontecia ali, o barulho não era aleatório, foram necessários 16 passos até que ela chegasse até mim, 16 passos até que ela se apresentasse e perguntasse meu nome.

— Olá, me chamo Philipe, prazer.

Você poderia imaginar, Candace não esperou que eu ou ela fôssemos chamados pra nossas consultas, mas ela decidiu me conhecer, teve mais coragem do que eu tive, talvez o medo da rejeição tivesse me assombrado naquele momento ou mesmo a insegurança. Mas naquele momento eu estava falando com ela.

— Por favor sente-se.
— Obrigada.
— O que lhe trás aqui numa manhã de segunda?
— Bom eu não tenho muita escolha já que minha mãe é a dona do consultório.
— Sério? Quer dizer que a Dr. Angela é sua mãe?
— Sim, ela que cuida de você?
— Aham, ela cuida das minhas crises desde o ano passado.
— Quais crises?
— De tempos em tempos eu preciso ver sua mãe para deixar minha cabeça certa no lugar.

Ficamos por mais um tempo conversando, algo em torno de 30 minutos, até que minha sessão começasse. Ela voltou para seu assento enquanto eu entrava no consultório, pude garantir isso por fiquei a todo momento olhando para trás para ver até o último segundo de porta aberta que tive.

Passando-se alguns dias desde aquilo, recebo um e-mail de Candace, ela dizia que adorou nossa conversa e queria me rever, tinha violado o sistema de sua mãe e pegado o meu e-mail escondido dela; respondi com muito carinho e atenção, ansioso para reencontra-la.

Podia ser esse o início de algo muito bonito.

Depois do nosso primeiro encontro, houveram mais alguns até que eu descobrisse que estava apaixonado por ela, e era incontestável, eu estava apaixonado por Candace, na noite que fiz esta descoberta, deixei ela em casa e segui para minha, durante o percurso recebi um alerta no celular, era ela e dizia "Oi, sei que parece muito bobo e tudo, mas eu preciso dizer algo, acabei de perceber que estou apaixonada por um dos pacientes da minha mãe" na mesma hora eu não pude conter minhas emoções e parei o carro no acostamento, liguei as setas, e disquei rapidamente para ela.

Alô? Oi Candace, como assim?
— Ahh oi, é o que te disse, eu estou apaixonada por um paciente da mamãe.
— Quem? Como? Quando?
— Philipe é você seu bobo, eu sou apaixonada por você.
—...
— Alô? Philipe?

Naquele momento eu não consegui nem responde-la, eu só sabia gritar internamente de felicidade.

— Sim, estou aqui. Candace eu também preciso te dizer que estou apaixonado por você, não sei como aconteceu, quer dizer na verdade eu sei, eu te olhei e aconteceu, meu medo era da sua reação.
— Que isso, eu já estava pensando nisso a algum tempo.
— Acho que agora preciso conversar com sua mãe, afinal amanhã tenho consulta.
— Se você quiser vou com você.
— Tudo bem, você pode ficar do lado de fora esperando.
— Certo, agora preciso dormir.

E então ambos estávamos apaixonados e sabíamos o que fazer, só precisávamos estar juntos e fazer acontecer, amar os defeitos e se alegrar com os acertos, abdicar de coisas, mas também ceder muitas vezes, agora somos nós dois, crescendo e aprendendo juntos.

O Começo dos DesconhecidosWhere stories live. Discover now