PRIMEIRO DIA DE PROFESSOR

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O DIA QUE FUI EXPULSO DA ESCOLA.

Esse foi um dos dias mais terríveis de todos os anos dentro da escola .

Minhas mãos tremiam, eu suava frio, e os carros da secretária da educação chegando na escola, parecia o FBI ou a PF. Talvez eu desmaiasse, talvez eu nao voltasse nunca mais para escola. O que eu diria para meus pais ,ou para a sociedade vizinha, fofoqueira, para o vizinho que mora logo ali, ou para todos aqueles anos perdidos estudando, ver a manchete no jornal.  Chegar e dizer fui demitido, não seria nada fácil, e até humilhante não é mesmo? Calma, que vou contar o que aconteceu nesse dia.

1 ano antes

O PRIMEIRO DIA DE PROFESSOR

Não seja professor, não entra na escola pública, não faça licenciatura, não faça isso, ninguém vai te respeitar, estude para ser alguém na vida, não seja louco, não tem segurança, adolescente não quer nada com nada neste país,  seja por um tempo mas depois mude de profissão.

Todos esses papos vocês escutam todos os dias e não foi diferente comigo. Passava pela minha mente todas as histórias que tinham me contado sobre ser professor na escola pública no Brasil. Quando assinei o contrato e fui chamado de professor pela primeira vez, aquilo me fez ter uma mistura de sentimentos ao mesmo tempo,me sentia bem, e ao mesmo tempo me dava um frio na espinha. Agora você pode ir na escola senhor professor ver quais aulas e quais turmas você vai assumir. Eram três escolas. Uma em cada ponta da cidade. Se quiser desistir e só voltar aqui, instruções: não dê muita atenção para os alunos pois eles vão se aproveitar, não converse , não olhe e seja firme.

As instruções que me passavam pareciam que eu iria trabalhar de agente penitenciário numa prisão de segurança máxima. O conselho , era da documentadora, uma mulher de cabelo grisalho, de porte enorme e com uma voz grossa, intimista. Boa sorte! Obrigado! mas dentro da minha mente imaginava, e agora o que vou fazer? Na universidade tudo é diferente. Quando era estudante lá pelos 14 anos.  Estava acostumado a entrar na escola pelas portas dos fundos, esperava junto com os outros alunos abrirem o portão. Quando cheguei em frente da primeira escola que daria aula me impressionei como era diferente ter esse novo olhar, pois os professores entraram pela frente. Eu tinha 21 anos e pouca experiência de vida para tais situações de convivência. 

Humildemente cheguei de ônibus tentei me arrumar, vesti uma blusa preta, a melhor que eu tinha achei que deveria chegar de forma mais apresentável mas com tempo descobri que tal não era o principal. Quando comecei a ver os alunos no corredor começou a me dar um embrulho no estomago, eram muitos, todos os tamanhos e gêneros  lembrava de tudo aquilo que tinham me dito sobre o mundo da prisão escolar .

Entrei na sala dos professores e não via mais nos professores aquele olhar animado que tanto os professores universitários pregavam que deveríamos ter, ja era um olhar que assinalava, eu já aceitei a situação quero me aposentar hoje. Todos mais largados pelo tempo.

Bateu o sinal para a primeira aula e eu não tinha outra alternativa a não ser enfrentar meu medo, minha angústia, enfrentar esse desafio não seria nada fácil, eu não podia correr mais para baixo da mesa e me esconder como fazia quando era criança, parecia um monstro vindo me encontrar pois lidar com muita gente nunca foi fácil para ninguém.

Bate o sinal pela segunda vez e saio da sala de aula depois dos outros professores afinal não queria passar por puxa saco ou caxias no primeiro dia de aula. Vamos lá. Pensei comigo.

Aquela era a primeira turma , e no fundo da sala de aula tinha uma menina de olhos claros, por sinal ,muito quieta e observadora, nunca imaginei que se destacaria tanto,posteriormente descobri que seu nome era Ana. Ana Clara.

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Olá , pessoal , meu nome é Anderson A. Araripe, sou formado em letras, português, inglês, respectivas literaturas e linguagem, comunicação pela UFPR.

Uma pessoa ler já me sinto vitorioso por dividir conhecimento ,isso estimula a escrever cada vez melhor.

Ficarei feliz por ajudar na sua leitura. Aperte a estrela! E vamos seguir ! obrigado!







O diário nada discreto de um professor de inglês.Onde histórias criam vida. Descubra agora