Procurada, sujeito extremamente perigoso

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Mais um vez esses soldados nojentos estão aqui. Fingindo manter uma ordem que não existe apenas para acalmar o ânimo dos sangue sugas do governo. E eu? Estou por aqui, enganando mais um coitado entregador de um dos últimos super mercados que ainda estão abertos. Por um lado me sinto mal pelo velhote, por outro é hilário acreditar que o governo ainda manda esses idiotas fazerem a entrega.

Mas sempre foi assim. Aprendi com o meu pai a rota dos navios de entrega, então fica muito mais fácil. E aliás, foi em um desses nossos furtos que toda a história trágica da minha vida começou, afinal todo bom "sujeito extremamente perigoso" como diz nos cartazes colocados pelos soldados, tem uma história triste.

Era dia de extermínio, quer dizer, de revista; e minha mãe estava fazendo faixas vermelhas para amarrar no cabelo, no dela e no meu. Era a forma de protestar dela. 

O vermelho sangue nos seus cabelos escuros caiam bem com sua pele negra, um perfeito contraste com a minha pele clara; mas nossos olhos possuíam o mesmo tom, um castanho médio, quase escuro, com um fundo avermelhado. Se a vida que levava não a castigasse tanto, diriam que tínhamos a mesma idade.

Mas naquele dia, tivemos a infelicidade de receber a visita do sargento Ross. Tinham flagrado meu pai roubando, como não era a primeira vez, e já conspiravam contra nós, prenderam minha mãe junto por organização de revolta contra o Estado. Eu tinha 17 anos, não era ingênua, sabia pegar numa arma, e foi isso que eu fiz. Livrei meu pai das garras de um dos soldados atirando na sua perna, mas o desgraçado do sargento os matou na minha frente, e eu quase fui sua próxima vítima. 

Logo, eu era a órfã inimiga no Estado, um honra eu diria, agora tenho motivo para odiá-los. 


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⏰ Last updated: Dec 02, 2019 ⏰

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A ladra é a heroína desse livroWhere stories live. Discover now