Encaixe - De corpo e coração.

Capítulo 2 - Jade

Não sei há quantas horas estou dançando, estou suada, meu corpo vibrando com o ritmo da música. Definitivamente, preciso me recompor. Procuro minhas amigas rapidamente e não encontro, então decido ir ao banheiro sozinha, mesmo não gostando muito da ideia, é um pouco isolado, no fim do corredor quase que completamente escuro, mas vou.
O que vejo no espelho é uma pessoa descabelada, um vestido tubinho preto colado no suor que escorre entre meus seios e um rosto completamente ruborizado. Que desastre! Passo papel toalha pelo pescoço e entre os seios na tentativa de melhorar minha situação, forço os dedos entre os nós dos cabelos pra alinhar um pouco e saio decidida, vou voltar pra pista e dançar até meus pés não aguentarem mais.
         Quando saio do banheiro eu o vejo, encostado na porta, como se tivesse me esperando. Na verdade, tenho certeza que estava, porque ele veio na minha direção com olhos escuros, andar meio trôpego e me encostou na parede com força. Não se explicar o pânico que toma conta de mim agora, ele tem uma força absurda e começa a se esfregar em mim. Percebo que estou chorando enquanto grito pedindo para me deixar em paz, mas sem sucesso. A boca dele passa pelo meu pescoço e desce para o meu colo enquanto mantém meus braços preso sobre a cabeça e seu corpo força o meu.
      - Faz tempo que percebo você me seduzindo lá na pista. Pra quê toda essa resistência, gostosa? Eu sei que você tá doida pra ser fodida! - Ele fala soltando baforadas na minha cara, um hálito terrível de bebida.
       - Me solta! Socorro! Me solta!
       Quando vejo, ele rasga meu vestido ao meio, me deixando apenas de lingerie e salto, sua mão tateia abrindo cinto da sua calça enquanto com a outra me segura pelo pescoço, me sufocando. De repente eu sinto sua ereção passando pela minha barriga e choro de nojo, de pavor. Como será que ninguém me escuta? É quando ele me puxa pelos cabelos entra num tipo de depósito, aproveito a mão livre do pescoço e grito por socorro outra vez, mas minha voz falha após sufocada.
         - Você gosta de se fazer de difícil né? Certo, se você prefere assim! Agora eu vou te comer com tanta força que você não vai esquecer de mim nunca!
          Ele me vira de frente pra uma mesa e empurra meu corpo, segura minha cabeça encostando na mesa e prende minhas pernas com as dele. Eu não tenho mais forças, apenas fecho os olhos cheios de lágrimas e peço à Deus pra morrer quando ele empurra minha calcinha e encosta seu volume na minha bunda. Estou pronta pra morrer!
           Anjos podem ser violentos? Porque é exatamente o que estou pensando agora, quando escuto um barulho de soco e a pressão do meu pescoço se solta. Juro pra você que tem um anjo espancando o abusador e eu agora estou encolhida no chão, nua, com as pernas cruzadas tentando cobrir meu corpo.
           Eu preciso fazer alguma coisa, por mais que eu queira que esse cara morra, não posso deixar esse anjo acabar com a vida dele por mim. É quando, mesmo nua e chorando, eu levanto.