Capítulo 4 - Jade

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Se você me dissesse que eu estaria andando pelas ruas, 2:30h da madrugada, com um estranho, eu gargalharia de incredulidade. Mas é exatamente isso que está acontecendo agora. Depois do terror que passei algumas horas atrás, eu não queria voltar pra casa. O medo de deitar na cama e reviver tudo aquilo na cabeça me deixava apavorada. Então, quando Jamie, o estranho aqui ao meu lado, perguntou se queria dar uma volta, eu vim.
- Você está melhor? - Perguntou com preocupação.
- Se eu disser pra você que estou curada, é mentira. Mas o medo não está tomando conta no momento. Ah! Preciso mesmo te agradecer pelo que fez. Um dia quero que me conte como me encontrou ali, mas agora não. Não quero lembrar.
- Já falei que você não precisa nunca me agradecer por aquilo, Jade. - Enquanto ele fala, percebo que tenta disfarçar um desconforto na mão.
- Meu Deus, sua mão! - Pego a mão dele e vejo que está muito machucada, sangrando um pouco ainda - A gente precisa ir no hospital ver se você fraturou. Vamos!
- Não precisa, está tudo bem. Juro.
- Nem pensar! Pois pelo menos vamos passar em uma farmácia, vou fazer um curativo em você. Por favor, me deixe fazer algo, eu preciso.
- Tudo bem. - Ele sorri de lado e percebo que gosto daquele sorriso.
Passamos numa farmácia e meia hora depois estamos sentados no píer e eu percebo que comprei mais coisas do que o necessário, mas tudo bem, ele vai precisar refazer depois. Preciso me lembrar de ensinar o passo a passo. Estou concentrada cuidando do seu machucado com todo cuidado, meu irmão faz residência em medicina, então eu aprendia um pouco com ele sempre que ele vinha visitar nossa avó antes de morrer.
- Você dança muito bem, é hipnotizante - Ele quebrou o silêncio.
- Oi? Eu? Você me viu dançar? - Certeza que eu estou da cor de um tomate.
- Eu te vi dançar lá de cima, fiquei hipnotizado e resolvi me arriscar em dançar com você. Foi quando desci e você não estava mais lá na pista, vi que sua bolsa ainda estava na sua mesa, você não tinha ido embora. Então resolvi te encontrar, não queria desistir de você fácil.
De repente tudo fez sentido, eu entendi como ele me achou. Preciso agradecer minha mãe por insistir que fizesse aulas de dança e por ele não ter desistido.
- Quer dançar? - Simplesmente escapuliu da minha boca.
- Sério? Eu adoraria. - Ele pega o celular e coloca uma música lenta, estica a mão e eu acompanho.
A noite está linda, o barulho dos pássaros e do mar deixa tudo ainda mais bonito. Já dançamos duas músicas quando resolvo encostar a cabeça no seu ombro, o cheiro dele é incrível, os cabelos em ondas e a barba por fazer dá um charme a mais. Não sei dizer quantas vezes ele já perguntou se eu estou bem, e nesse momento, eu estou. Depois que o celular dele descarregou e pelo fato de eu ter esquecido o meu em casa, sentamos na areia, ele anotou seu número num papelzinho de nota fiscal da farmácia que guardei no meu sutiã porque, simplesmente, essa calça é uma daquelas inúteis sem bolso. Corremos na areia, contamos piadas bestas e rimos feito idiotas.
Acordei com o sol batendo no rosto, de encaixada perfeitamente no corpo Jamie, na areia da praia. Viro devagar e o observo dormir por alguns poucos minutos. Quando me mexo outra vez, sinto sua ereção matinal na minha coxa e sou jogada à memórias terríveis. Não quero chorar, não vou chorar. Levanto decidida, mas com cuidado pra não acordá-lo e vou em direção ao mar, deixo o jeans e o moletom pelo caminho.
Nada melhor que um banho de mar pra curar uma ferida.

Encaixe - De corpo e coração.Onde histórias criam vida. Descubra agora