Capítulo 5 - Jamie

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         Acordei suando e totalmente desorientado da hora. Pela primeira vez na vida acho ruim acordar sozinho. Ontem quando ela pegou no sono eu não fui forte o suficiente pra acordá-la e levá-la pra casa, apenas encaixei nossos corpos pra protegê-la e dormi junto. Pra quem tava agitado e com insônia, foi a noite mais bem dormida da vida. Mas onde ela está agora? Será que foi embora?
          Sento e passo meus olhos ao redor em busca dela, é quando vejo seu jeans e moletom jogados ao lado, em direção ao mar. O pânico toma conta de mim. Eu sei que ela passou por um trauma terrível, mas eu não posso acreditar que tenha desistido da vida, eu sei que provavelmente ela me disse que estava bem da boca pra fora, mas eu não consigo acreditar.
          - Jade! - Levanto e corro em direção ao mar - Por favor, Deus, eu não sei como orar, mas não permita que seja tarde demais! - E como uma resposta imediata, lá está ela: De calcinha e sutiã, tomando banho de mar. Um volume cresce nas minhas calças, tudo nela me atrai, do seu corpo ao seu sorriso. Tenho certeza que preciso de um babador.
– Bom dia! - Ela sorri ao me ver - Vem! A água está ótima!
Meu Deus, eu tenho um voo pra pegar daqui a pouco, mas estou aqui de cueca correndo pro mar, pra ela. Jade abre os braços e me envolve num abraço, giro seu corpo no ar e ela ri como uma criança. Brincamos na água por um tempo, corremos na areia até que caímos, exaustos. Um ao lado do outro, ofegantes. Meus pensamentos estão um embaraço, eu nunca me senti assim com uma mulher. Vamos lá, a verdade é que eu não sou um santinho, gosto de mulheres, de todas elas, várias, geralmente nunca passa de uma noite, se a transa for muito boa, rola uma segunda vez, mas nunca uma terceira. Mas ela me atinge de maneiras diferentes, meu corpo reage ao dela, mas tem algo mais dentro de mim reagindo também.
– Eu preciso ir. Minha mãe com certeza está surtando de preocupação. – Ela cortou os desvaneios dos meus pensamentos.
– Sim, vamos. Eu também preciso ir, estou completamente atrasado, preciso pegar um voo pra casa. – O sorriso dela sumiu. –Posso te acompanhar até sua casa? Mas nós precisamos ir de taxi, não posso me atrasar mais. Já perdi um voo ontem.
– Tudo bem. Jamie, ér... – Ela olha pra baixo como se tivesse envergonhada – De verdade, muito obrigada por tudo. Você fez com que uma noite terrível tivesse um pouco de lembranças boas.
Como um impulso, colei meus lábios nos dela, seu corpo todo reagiu. Sei que errei em fazer isso depois do que ela passou ontem, mas quando ela não me afastou, eu percebi que estava tudo nem naquele momento. Seus lábios se abriram dando passagem para a minha língua encontrar a sua, ela tinha gosto de morango, isso era possível? Suas mãos prenderam minha nuca e o beijo foi ficando mais desesperado, o fato dela ainda está de lingerie molhada não ajudou muito, eu precisava parar antes que fosse tarde. Devagar e relutante, me afastei.
– Desculpa, eu não devia ter feito isso – O volume na minha cueca só me deixava mais constrangido, parecia que eu ia gozar nas calças a qualquer momento.
– Tudo bem, eu também quis e acho que a gente merecia.
O caminho no táxi até a casa dela foi em silêncio, ela encostou a cabeça no meu ombro e ficou quieta, eu também não quis conversar. Acho que estávamos tentando gravar todas as memórias daquele dia no máximo de detalhes. Não sei quando vamos nos ver de novo, se vamos, tomara que sim. Quando chegamos na esquina da sua rua ela pediu pro táxi parar, não queria que sua mãe a visse chegando com um estranho, já bastava o surto que ela iria dar pelo "desaparecimento". Ela me olhou, deu um beijo no canto dos meus lábios e saiu, sem dizer absolutamente uma palavra. Eu não podia deixá-la sumir, então assim que o motorista deu partida, baixei o vidro e gritei para que ele me ligasse.

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