One

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Bad Liar - Imagine Dragons

Eu, Choi Yeonjun, um futuro estudante do primeiro ano do ensino médio, era o típico adolescente triste e solitário.
Amigos? Nunca tive.
Pais que me amassem? Quem sabe.
Um amor? Quem me dera.

Era pouca idade para muitos problemas.
A tristeza havia se apossado de mim.
Atualmente, quase ninguém sai impune dos problemas psicológicos. Quando a tristeza chega, ela adentra seu coração de uma forma que você não consegue se livrar dela. A menos que você tenha alguém que te salve.

Caminhava calmamente pelas ruas escuras de Seul. Eram duas e meia da manhã.
O vento era gélido e arrepiava até a minha espinha.

– Por que eu não coloquei outro casaco? – disse esfregando os braços na tentativa falha de me aquecer.
Eu usava apenas uma blusa de malha fina e uma calça jeans. Mas eu não me importava mais, logo isso acabaria.

Quando cheguei na ponte do rio Han, me encostei na fria barra de ferro.
Cruzei os braços e apoiei a cabeça, olhando o correr das águas daquele rio que me trazia lembranças que estavam submersas no fundo do meu coração.

Minha emoção dizia para eu acabar logo com isso, mas minha razão dizia para eu esperar mais um pouco. Aproveitar meu último minuto enquanto podia.

Uma rajada de vento soprou forte em meus ouvidos, e veio acompanhada de um eco de uma voz.
Olhei para o lado e vi um cachecol vermelho se arrastando junto ao vento. Logo atrás, a figura de um garoto correndo.

– Segure esse cachecol! – o garoto gritava.

Olhei para o pedaço de pano passando por mim e, por um instinto, segurei com o pé, impedindo que voasse para longe.
Me abaixei para pegar e quando levantei, o garoto já estava na minha frente. Ofegante e com as bochechas e nariz vermelhos. Saía fumaça de sua boca.

– É seu? – estendi o braço com o cachecol.

– Sim, é meu. – o garoto, que era mais alto que eu, disse sorridente. – Obrigado. Não sei o que eu faria se você não o pegasse.

Ele pegou o cachecol, e por um descuido meu, nossas mãos se roçaram.

– Sua mão está gelada! – ele pegou minha mão que segurava o cachecol e me encarou. – Você está só com essa roupa?

– Sim. – puxei a mão e me voltei para a borda da ponte.

– Pegue essa blusa. – ele me estendeu um casaco grosso que usava há pouco.

– Por favor, se você puder, vá embora. Não quero seu casaco. Você não quer perder ele, quer?

– Como assim?

Comecei a levantar uma perna para passar pela barra der ferro gélido.
O frio queimava minhas mãos. Meu rosto. Meu pulmão.

– Ei, ei. Espere! – ele avançou em passos lentos em minha direção.

Na hora em que me joguei, senti o garoto me segurar pelo tronco. Droga.

Comecei a me debater, mas vi que ele não iria ceder, então desisti. Poderia terminar isso mais tarde mesmo.

O garoto alto me puxou e me fez ficar de frente para ele.

– Ei, olhe para mim. Por favor, não faça uma coisa dessas. – ele dizia me chacoalhando.

– Por que se importa comigo? Sou apenas um estranho que pegou seu cachecol. – sentia um aperto no peito.

– Eu não quero que mais uma vida seja desperdiçada desse jeito. Se você precisar de alguém, eu posso resolver isso. Só não acabe com a sua vida assim.

Ele me puxou para um abraço caloroso.
Um pulso elétrico percorreu meu corpo.
O frio que sentia há pouco, havia desaparecido.

Sentia a sua respiração ofegante diminuir a cada batida de seu coração.

– Preciso ir. – me afastei do garoto e o frio se instalou em mim novamente.

– Me deixe te levar até em casa, por favor. – ele disse segurando meu braço.
Dei de ombros.

O garoto pegou a blusa que havia me oferecido e colocou em volta dos meus ombros.

A única coisa que se ouvia era o som de nossas respirações ofegantes e o som de nossos passos na silenciosa rua de Seul.

– Meu nome é Choi Soobin. – o garoto quebrou a sequência de sons que ouvia.

– Choi Yeonjun.

– Temos o mesmo sobrenome. – ele deu uma risada abafada.

– É. Temos.

O Cachecol VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora