— Querido, tudo bem pra você se o Jaebeom ficar no seu quarto enquanto o quarto dele não ficar pronto? — Minha mãe pergunta ao garoto sentado ao meu lado bem no momento em que o carro para em frente a uma enorme casa branca, com um jardim bonito e flores vivas, e um ar de felicidade que me faz quase querer vomitar. Ele está usando fones de ouvido, ouvindo uma música alegre que eu nunca escutei na vida, em um volume tão alto que me faz questionar se ele estava mesmo ouvindo qualquer coisa além de seu mundo de letras felizes. Mas ele escuta, ele para, sorri, responde.
— Tudo bem por mim. — E parecia que estava mesmo, não porque minha mãe pediu, mas porque ele queria. Não era falsidade, ele não estava só tentando ser legal ou parecer legal, ele fez isso porque realmente estava tudo bem por ele. Era assim que as coisas funcionavam na vida do garoto luz eu acho, com sinceridade, bondade, amor. — Mas tudo bem por ele?
— Jaebeom? — Minha mãe me encara pelo espelho retrovisor do carro, tentando ser gentil e sorrindo. Porém, eu penas dou de ombros em resposta, porque falar ainda é difícil demais e se torna mais difícil ainda quando se trata de falar com minha mãe. Eu tinha um nó na minha garganta, apertando, me sufocando, e eu estava segurando ele a tanto tempo que eu sentia que se eu falasse qualquer coisa, mesmo um simples sim, faria ele escapar. — Vou levar isso como um sim.
— Melhor nós entrarmos antes que a chuva fique mais forte, conversamos lá dentro. — O marido da minha mãe fala e ela concorda com a cabeça, logo em seguida abrindo a porta do carro para sair. Eu espero todos saírem pra eu poder sair também, então vou ao porta malas do carro e pego minha única mala, que eu fiz as pressas, sob a promessa de que outro dia eu voltaria na minha casa para pegar o resto das minhas coisas. Depois de pegar minha mala, nós, todos juntos, andamos em direção a porta de entrada, minha mãe e Youngjae na frente e Baekyeon e eu um pouco mais atrás. E assim que a porta da casa é aberta uma voz mecânica surge do nada avisando que ela estava aberta, e depois avisando que estava fechada, e por um momento eu não entendi o porque disse, mas então lembrei, ele não pode ver, a voz o ajudava a saber que estava tudo certo.
Fico parado em frente a porta, meio desconfortável e sem saber o que fazer, e minha mãe e Baekyeon parecem não saber o que fazer tanto quanto eu, por isso o um silêncio desconfortável se instala no local, quase me fazendo dar meia volta e sair da casa de novo. Minha mãe abria e fechava a boca, pensando em falar algo, mas mudando de idéia logo em seguida e eu apenas abaixo a cabeça e fico briancando com a alça da minha mala, para não ter que assistir a cena deplorável que se seguia.
— Vocês são péssimos anfitriões. — A voz de Youngjae surge no local, cortando o silêncio, e eu levando a cabeça para olhar o mesmo, que se encontrava um pouco adiante na minha frente, em pé, nó começo de uma escada, com uma bolinha de pelos branca nos braços. Ele encarava eu, minha mãe e Baekyeon, e mesmo que eu soubesse que ele não pode ver, naquele momento parecia que ele podia sim, mesmo que isso fosse impossível. E quando ele ri da nossa cara, ajeitando o óculos de sol no rosto distraidamente, ele brilha tanto, que o desconforto que eu sentia antes vai embora.
— Então por que você não tenta? — Minha mãe fala, em um tom falsamente serio, e isso só faz Youngjae rir mais ainda, arrancando sorrisos idiotas de minha mãe e do pai dele, e quase um meu também, mas eu sentia que não conseguia sorrir ainda. Ele solta a bolinha branca no chão e vem em nossa direção, ainda sorrindo, e quando chega perto o suficiente, ele para.
— Jaebeom, sinta-se em casa, sei que ainda deve ser estranho pra você ter que se mudar do nada, mas vamos fazer de tudo para que sua adaptação seja boa e que você se sinta bem aqui, afinal, aqui também é sua casa agora. — Quase sorrio com o tom cordial que ele usou para me dar as boas vindas, claramente forçando a voz para parecer um nobre príncipe, talvez só um pouquinho querendo esfregar na cara de minha mãe e seu pai que ele era um melhor anfitrião do que eles, mas só um pouquinho. — E ai, eu fui bem?
— Ele quase sorriu. — Minha mãe responde e eu olho para ela com uma cara bem indignada, que faz ela sorrir, talvez feliz por eu ter demonstrado uma reação, mesmo que minúscula, direcionada a ela. Youngjae comemora por quase ter me feito sorrir, e Baekyeon apenas observa a cena, sorrindo também. — Por que você não faz o tour do Youngjae com ele?
— Com direito a sorvete no final? — Youngjae vira o rosto para onde minha mãe estava, e isso era bem legal, a forma como ele conseguia saber exatamente onde você estava, mesmo sem te ver. Minha mãe sorri e fica pensativa por um tempo, olha de mim para Youngjae e depois para Baekyeon, que apenas da de ombros, antes de pegar a bolinha de pelos no colo e andar com ela para longe do nosso campo de vista.
— Certo, com direito a sorvete no final. — Youngjae comemora de novo, antes de virar o rosto em minha direção e sorrir de uma forma estranha, minha mãe nega com a cabeça, parecendo se divertir também. — Eu levo sua mala para o quarto do Youngjae, querido.
— Eu posso levar sozinho. — Minha mãe se surpreende, não pelo que eu falei, mas porque eu falei, pela primeira vez em séculos, diretamente com ela. Youngjae também parece surpreso, mas apenas fica em silêncio e esperando, não sei o que, não sei quando.
— Eu levo a mala enquanto você faz o tour do Youngjae com o Youngjae, ok? — Ela sorri, tentando parecer não tão nervosa, e eu suspiro, antes de entregar minha mala nas mãos dela e andar em direção ao Youngjae, que esperava pacientemente no mesmo lugar. — Certo, Youngjae, sem traumas dessa vez ok?
— Quando foi que eu traumatizei alguém em um tour do Youngjae?
— LEMBRA DE QUANDO O YUGYEOM VEIO AQUI PELA PRIMEIRA VEZ?! — O pai de Youngjae grita de algum canto da casa e Youngjae olha para o lugar de onde o som vem, assim como minha mãe e eu. Uma lembrança parece passar por sua cabeça, então ele suspira.
— Aquilo era só uma brincadeira. — O garoto luz faz bico, ficando na defensiva, e minha mãe nega com a cabeça, divertidamente.
— Sem brincadeiras dessa vez então, ok?
— Não posso prometer nada. — O menino gira nos pés, ficando de costas para nós, e começa a andar para sabe lá Deus onde. Eu apenas observo a cena, talvez com um pouquinho de receio, até que ele fala meu nome. — Vem Jaebeom, vou te mostrar a casa.
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Blind • 2Jae (HIATUS)
FanficAquela onde Choi Youngjae é cego, pois nasceu sem enchergar, e Im Jaebeom é cego, pois não consegue ver a beleza do mundo, mesmo podendo ver.