paradise (nomin)

can we?

Jeno levou Jaemin para um lugar afastado da cidade. Era o topo de uma serra, onde ambos podiam ver todos os prédios mais altos e suas poucas luzes acesas. Os garotos se sentaram na grama úmida do local, e no mesmo instante foram tomados por calafrios. Eles não hesitaram em viver aquele momento nem por um minuto. Aquilo certamente traria consequências graves para Jaemin e Jeno, mas agora, o que isso importava? Eram apenas dois garotos apaixonados curtindo suas próprias companhias.

- Eu senti sua falta. - Jeno quebrou o silêncio maçante que até então se fazia presente no local, ao mesmo tempo que se inclinou para trás até encontrar uma árvore, que usou como encosto. Jaemin fez o mesmo.

- Eu também. - Um longo suspiro, e depois, o silêncio voltou a reinar.

As folhas das árvores começaram a se debater umas contra as outras, e logo a ventania atingiu ambos os corpos quentes dos garotos.

- Eu não sei o que fazer. - Jaemin tentou se expressar da menor forma possível.

- Como assim?

- Nós fugimos dos dois seres mais poderosos do Universo. Você não tem medo do que eles podem fazer? Inimigos mortais vendo seus filhos se apaixonarem? Imagina se nós formos os responsáveis por uma guerra celestial? Seria meio que o apocalipse né? - Jaemin mostrava mais desespero a cada pergunta que fazia.

- Calma. - Jeno riu. - Eu não sei o que vai acontecer daqui para frente, e acho melhor não pensarmos tanto nisso...

- Eu não consigo. Nós somos quase que a união de Deus e o Diabo, você tem noção do quão grave é isso? Acha que eles vão ficar parados?

- Tenho, Jaemin. Sei que nós podemos estar colocando a vida de bilhões de pessoas em perigo, mas é um risco que vamos correr, certo? - Houve uma longa pausa depois daquela fala. Era como se os dois estivessem pensado se aquela união arriscada realmente valia a pena, mas no fundo, sabiam que sim. Afinal, era o descendente de Deus - Jaemin -, e o descendente do Diabo - Jeno -. Ambos os meninos foram criados para realizar os desejos de seus pais na terra. Na Jaemin estava destinado a propagar a paz, amor, serenidade e harmonia entre os seres, enquanto Lee Jeno tinha a missão de causar a discórdia, amargura, rancor e ódio. Mas o que aconteceria se estes seres com conceitos tão distintos, por algum acaso, se aproximassem, e como se fosse obra do destino, se apaixonassem? Essa dúvida permaneceu e aborreceu o dia-a-dia dois dois garotos desde que seu primeiro beijo aconteceu. Naquele mesmo momento, afastados da civilização de onde geralmente viviam, sentiam medo e angústia constantes, pois sabiam que estavam sendo observados pelo pai de Jaemin.

- Sabe o que eu li um dia? - Jeno se pronunciou, e como resposta, recebeu um balançar de cabeça afirmativo do mais novo. - Que nada pode vencer o amor verdadeiro.

- Onde você viu isso?

- Em um dos livros do meu pai, enquanto ele ainda me mantinha no Inferno.

- Seu pai? Ter um livro sobre amor? Acho difícil.

- Não era focado nesse tema. Falava mais sobre as guerras que ocorreram antes da criação do Universo... na verdade eu não me lembro de era do Universo mesmo ou desta Galáxia... Enfim, no meio tinha uma história de amor, mas eu não entendi direito essa parte, não deu tempo de ler nada mais do que aquela frase, pois meu pai chegou bem na hora, e ele não gostava que eu lesse os livros da biblioteca do castelo. Parecia que ele não queria que eu tivesse algum tipo de contato com o mundo real até ser definitivamente enviado a ele. Ou melhor, jogado nele.

- Então, de acordo com o que você leu, se o amor for realmente forte, nada pode vencê-lo?

- Sim.

- Então eu acho que é isso.

- Isso o que?

- Nosso amor é verdadeiro, não é?

- Claro. Mas tem uma coisa. Eu não entendi bem o que significa o "vencê-lo" nessa história.

- Ah Jeno... - Jaemin estava sorrindo como bobo.

- É sério. Eu não entendi. - Jeno tentou ser direto em sua fala, mas não conseguiu segurar a risada ao ver Na rir também.

- Então eu acho que a única solução é você voltar ao Inferno, pegar o livro e trazer pra cá. Ai nós poderemos descobrir juntos.

- Eu... Eu não sei.

- Jeno! - Jaemin se virou para o mesmo e segurou suas mãos, mantendo seus olhares fixos. - Você precisa fazer isso. Nós elaboramos um plano melhor depois, mas essa é a ideia. Você topa?

- Ah... Eu... Topo. Isso ou a humanidade vira pó por causa da luta de Deus com o Diabo.

Os dois riram. O uso daquela expressões seriam tão estranhos para um humano, mas para aqueles dois adolescentes era algo tão... comum. Bem, tirando a parte da culpa do provável fim do Universo ser deles.

- Acho que essa viagem vai ter que esperar um pouco.

- Ah, é? - Jaemin respondeu em um tom sugestivo. - Por que?

- Porque antes eu quero passar um tempo com você. - Jeno deitou Jaemin na grama e depois aproximou seus rostos, até que pudessem sentir a respiração um do outro. Segurou as bochechas do mais novo com as duas mãos e selou rapidamente seus lábios. - Eu te amo.

Antes que Jaemin pudesse responder, os dois já estavam envolvidos em um beijo lento e apaixonado. Estavam ávidos daquela ação e naquele momento, não queriam descolar seus lábios nem por um segundo. Jeno e Jaemin necessitavam um do outro, necessitavam de sentir seus corpos e todo o prazer que apenas eles proporcionavam um ao outro. Em um ponto a falta de ar se fez presente, como em todo beijo, mas não demorou muito para que voltassem de onde haviam parado.

A energia do local foi se modificando. Não apenas por serem seres celestiais, mas também por suas indesejadas origens. Logo uma força com cor azulada surgiu em volta dos garotos, algo tão reluzente e harmonioso que se alguém pudesse ver aquilo estaria encantado com tamanha beleza. E ali, sem perceber, eles criaram um elo, que jamais poderia ser rompido. O deslizar das mãos de Jeno pelo corpo alheio, as pernas de ambos os garotos entrelaçadas, a perfeita sintonia que os dois formavam. Tudo ali parecia ser na hora certa e no lugar certo, era tudo especial e pleno.

Aquela poderia ser a última noite em que Jeno e Jaemin passariam juntos, nenhum deles sabia se Lee voltaria do lugar de onde surgira - o Inferno. Por isso eles aproveitaram cada segundo como se fosse o último.

"𝘯𝘦𝘮 𝘰 𝘱𝘢𝘳𝘢𝘪́𝘴𝘰 𝘦́ 𝘱𝘦𝘳𝘧𝘦𝘪𝘵𝘰, 𝘴𝘦 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘯𝘢̃𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘪𝘷𝘦𝘳 𝘢𝘰 𝘮𝘦𝘶 𝘭𝘢𝘥𝘰."