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Se contar até três, não sentirei o pavor me invadir

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Se contar até três, não sentirei o pavor me invadir.

Porém, se chegar, posso não resistir. Não tenho para onde ir e não posso desistir agora. Não seria justo, certo? Prometi que encontraria um fim, mesmo acompanhada do medo. Necessito chegar ao fim disto. Tenho que encontrar a minha paz e velar o que sobrou de mim. Questiono-me quando estes tumultos começaram a acontecer e por qual motivo, deixei a noção de mim ser mais importante do que o controle da minha vida.

É possível sofrer por uma única pessoa, ao ponto de sangrar por dentro?

Não compreendo como o ser humano pode suportar tantas dores. Penso que se somos feitos à imagem de alguém, esse alguém não foi completamente piedoso e escondeu algumas regras importantes. Sei, sei do tamanho da blasfêmia e pecado em meus pensamentos. Todavia, perco-me em dor e necessito de um culpado. Agora, não posso deixar de assumir erros que claramente são meus. Sinto muito.

Será que realmente precisamos crucificar aqueles que expressamos amar?

— Se fosse você, eu não faria isso.

A voz que encontrou os meus sentidos veio em forma de horror. A sua tonalidade fez com que o meu coração temesse por seus últimos momentos. Porém, em breve, me encontraria com a morte, logo, não havia o que temer. Desviei o meu olhar para baixo e encontrei o semblante de alguém mais perto do que a distância poderia permitir. Este homem vestia preto e olhava-me como um predador, sorrindo cinicamente em minha direção.

Não avistei o seu semblante antes, mas sentia o poder da sua presença. Os arrepios em meu corpo gritavam por socorro e o meu fraco coração desejava sofrer nas mãos do estranho. Se já me encontrava morta, por qual razão não poderia sofrer mais um pouco? Não saberia decifrar o seu significado, mas o envolveria em minha loucura. As suas roupas o cobriam com delicadeza e ainda assim, ele parecia mais refinado do que muitos em meu tempo.

— Não se aproxime de mim. – pedi fingindo ter medo.

— Não pretendo. – respondeu caminhando para mais perto. — Porém, se fosse você, eu não faria isso.

— Quem somos nós para decidir o que faço da patética vida que levo? – não contive o sarcasmo.

O sujeito apoiou-se sobre a velha ponte de ferro e voltou a sua atenção para a água. Sim, estava uma noite fria e água gelada podia ser sentida, sem ao menos ser tocada. O sopro frio era costumeiro e passava um pouco de calma sempre que tocava a minha pele frágil. Neste momento, sentia que ainda estava viva, mas descansaria em breve. Assim, quando sentisse o vento soprar, não sentiria frio, pois, me encontraria na mesma condição atmosférica, fria.

— A queda pode não matar. – prosseguiu. — Penso que terá um choque térmico e com algum calor humano, voltará ao normal.

— Quem você pensa que é? – ele não podia me falar tais coisas.

Sina | Lee Dong-wook ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora