Time Goes By • jjk + pjm

Talvez não seja tão ruim assim

Esta fanfic foi feita para o aniversário do JK do ano passado e resolvi trazê-la pra cá agora.

Boa leitura.

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Sabe aquela animação e ansiedade para fazer aniversário quando se é criança, imaginando os presentes, festinhas e mimos que ganharia, fora a felicidade por estar crescendo e a falsa ilusão de que ficar mais velho é algo bom? Pois é, há anos já não tenho tais sensações, na verdade, a minha falta de ânimo e tristeza quando se aproxima a data do meu aniversário já está presente desde quando tinha meus quatorze anos. Lembro-me bem dos dias em que eu e meu melhor amigo na época — que possuía a mesma idade que eu, estudava na mesma sala comigo na escola e que fazia aniversário precisamente dezoito dias antes de mim — ocupávamos longos momentos dos horários de Educação Física suspirando e lamentando o fato de nosso aniversário estar se aproximando enquanto víamos os outros alunos mais velhos e que já haviam feito aniversário super felizes e ansiosos para partirem para a adolescência em si e ainda mais empolgados para atingirem a maioridade. Porém, para mim e meu amigo, era o contrário. Se fosse possível, gostaríamos de diminuir nossa idade e não ter saído da infância jamais. Talvez tivéssemos alguma síndrome do Peter Pan ou sei lá, mas não me importa, ainda penso da mesma forma e, a cada ano que passa, me sinto ainda mais angustiado por ter que fazer aniversário. Parece que os anos estão passando ainda mais rápido, apenas para me ver envelhecer logo. Aquilo sobre o tempo voar é verdade e, no meu caso, ele voa em high speed.

Quando paro para pensar naquela época, me sinto um tolo por me achar velho com apenas quatorze anos e, enquanto o tempo passa, sinto mesmo falta das minhas idades anteriores, é um loop infinito. Sempre sinto saudade da idade que tinha outrora e percebo o quanto era jovem, porém, sempre o meu eu atual se acha um velho beirando a morte. Ah… Como queria ter meus quatorze anos de volta….

Talvez muitas pessoas pensem que sou dramático, talvez outras se identifiquem e sintam o mesmo que sinto, no entanto, não é algo que eu possa controlar, eu apenas sinto e me deprimo sempre que a data se aproxima. É como se eu parasse para pensar em toda minha vida e achasse que ela está estagnada, como se os anos estivessem se passando e não conseguisse nada, não progredisse e houvesse parado no mesmo lugar. Aliás, até minha aparência parece  ter parado no tempo, pois, mesmo aos meus vinte e sete anos — que estou completando hoje — aparento ser o mesmo Jeongguk de quando tinha dezenove. Pode até ser algo bom ter uma aparência que não envelhece, contudo, é como se meu corpo e mente houvessem parado de acompanhar os anos e eu fosse o mesmo adolescente com o rosto cheio de espinhas — que ainda não me deixaram completamente — e que ia para a escola segurando fortemente as alças da mochila enquanto seguia animadamente para a escola, ouvindo algum hit da época, ansioso para encontrar os amigos. Bem que a minha idade poderia ter congelado também, já que o resto de mim não a está acompanhando e continuo o mesmo de sempre.

É normal ver crianças e adolescentes loucos para atingirem a maioridade, pois têm a ilusão de que serão livres para fazerem o que quiserem, que estarão livres de cobranças dos pais, poderão morar onde quiserem e várias outras besteiras do tipo, e eu apenas rio quando ouço tais coisas. Mal sabem eles o inferno que é a vida adulta. A utopia que criam será destruída assim que se tornarem adultos e virem seus sonhos desmoronarem; perceberem que nada do que imaginavam é real e o quanto é difícil ter que decidir o rumo de sua vida, escolher uma profissão; passar por vários desafios e noites sem dormir na faculdade para estudar para as diversas provas no mesmo dia enquanto ainda precisam fazer os trabalhos semestrais, fora que, se for morar fora, encontrará ainda mais desafios, com a família que, na verdade, não saberá lidar bem com isso e com você mesmo, que terá que aprender a se virar sozinho, mesmo que ainda seja muito imaturo para isso e nem ao menos tenha consciência desse fato. Conhecerá muitas pessoas distintas e terá muitas desilusões até chegar sua tão esperada formatura e, quando isso acontecer, enfrentará mais uma vez o drama do “o que eu faço com a minha vida?”, pois a faculdade te prepara para a sua profissão, mas não te mostra o quão difícil é o mercado de trabalho. E aí você verá que se iludiu novamente ao pensar que conseguiria um emprego ao se formar, já que, se não tiver experiência, as coisas serão realmente difíceis, mesmo que tenha tido uma ótima formação. Então, virá uma nova crise, em que você pensará “será que é isso mesmo que eu quero fazer?” e já não terá mais certeza se escolheu a profissão certa e, quando não conseguir emprego nem em outras áreas, até mesmo as que não exigem ensino superior, se sentirá um fracassado, principalmente se não tiver como se sustentar e precisar voltar a morar com os pais, que, diferente do que imaginam, nunca vão deixar de mandar e implicar com você, então não crie essa falsa ilusão.