CAPÍTULO 8 HORTÊNCIA SALVANDO UM INOCENTE.

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CAPÍTULO 8

HORTÊNCIA salvando um inocente.

Dei uma conferida no meu dinheiro, se não fazer gastos bobos irá durar para alguns dias, comprei umas maçãs para mim estavam com uma boa aparência, comprei também: verduras, frutas, legumes, e um pedaço de carne eu iria levar para a mãe de Artur. Coloquei no banco de trás e as maçãs no banco do carona.

Estava fazendo o caminho de volta para o meu sítio, eu estava distraída admirando umas   nuvens negras de chuva lá longe. Os pássaros buscavam por abrigo nas arvores para se esconderem da chuva, o vento aumentava a cada segundo e o cheiro de poeira ficava para trás.

Diminui a velocidade pois estava chegando perto da vila, passou por mim um homem a cavalo, mas não dei atenção, olhei pelo retrovisor e meu coração parou, freei bruscamente e saltei da picape.

-Artur. Gritei. O menino estava amarrado pelas mãos sendo puxado por uma corda longa pelo homem que estava no cavalo. Praticamente sendo arrastado, ele tinha que correr para acompanhar os passos do animal. Quando o homem se virou para trás, eu o reconheci, era o mesmo que o chicoteou outro dia. 

-Solte o garoto! O pobrezinho estava todo suado ofegante rosto vermelho, era de cortar o coração as mãos juntas entrelaçadas na corda para diminuir o aperto nos punhos franzinos.

-Eu tenho ordens do meu coronel para leva-lo.

-Que se dane seu coronel, solte o garoto, você tem noção de quantas leis está infringindo?

-Eu não sei nada de leis, eu entendo de ordens e eu tenho uma, se afaste do menino!

Ele deu um tranco na corda jogando o pobre no chão, eu fiquei cega, uma força não sei de onde surgiu, corri na minha picape peguei as maçãs e comecei a tacar com toda minha força no animal. O bicho se assustou e derrubou o homem no chão que caiu de cabeça. 

Rapidamente me voltei para o garoto que estava no chão fui desatando a corda, não estava conseguindo, o homem ainda estava no chão caído, devia ter desmaiado com o impacto na estrada de cascalho.

Eu não tinha muito tempo se o homem acordasse eu estaria perdida, avistei a ponta da corda perto do homem e fui embolando na minha mão. Levantei o garoto e o coloquei dentro da picape ainda amarrado ele tinha muitas escoriações, voltei pra picape e dei a partida.

 Droga! Dei um tapa no volante, eu não podia deixar o infeliz desacordado, a minha consciência falou mais alto e desci, ele era um maldito covarde, mas era um ser humano peguei uma garrafa de água que eu tinha na porta e despejei em seu rosto.

Imediatamente ele se mexeu, me afastei dando dois passos ele se sentou meio atordoado sem saber o que acontecia a sua volta. Constatei que não havia hematoma eu não podia fazer mais nada, minha prioridade era socorrer o garoto, antes do homem se levantar corri para a picape, mas antes ouvi ele esbravejar:

-O coronel não vai gostar nadinha da dona se meter nos assuntos dele. É bom a dona fica com as orelhas e os olhos bem abertos?   Senti um mal estar na boca do estomago, agora era tarde para pensar em arrependimento.

Na vila parei em frente, a casa ... a quem eu queria enganar aquilo se parecia com qualquer coisa menos uma casa. Ajudei o garoto a descer levei ele para dentro, a mãe estava sentada na cama aos prantos, pedi a ela que se acalmasse que agora estava tudo bem.

-Foi o demônio que mandou buscar meu filho? Foi ele? Eu não sabia se ela estava delirando ou se estava falando de alguém, levei as costas da minha mão na testa dela não havia febre, deduzi que falava de alguém.

 Peguei uma faca que estava em cima do fogão a lenha e cortei a corda dos pulsos do garoto, ele esfregou uma mão na outra sentindo o alivio dos nós, sorri para ele e passei a mão em sua cabeça. Artur me olhava com admiração e agradecimento.

- De que demônio está falando senhora? Não existe demônio? -Existe sim, a dona tem que tomar cuidado o capanga queria saber quem era a dona. Os olhos dela demonstrava todo o pavor que saia naquelas palavras, meu Deus que lugar é esse?

As pessoas vivem oprimidas: humilhadas, tem fome, tem frio, sem dignidade, isso é doloroso suspiro pesadamente. Espanto a nuvem negra da minha cabeça entregando a ela as sacolas com: verduras e so legumes. Pensei que ela ficaria feliz, mas o choro vem forte ela soluçava me abraçando de uma forma que eu senti toda a sua dor e entendendo o porquê das lágrimas.

Eram lágrimas de gratidão, mordi minhas bochechas para não chorar com ela, a sustentei em meus braços, ela sussurrou no meu ouvido: -Obrigado por estar aqui! Nunca fomos defendidos antes. Com as mãos já livre das cordas Artur limpava as lágrimas que rolavam sua face miúda um breve e leve sorriso despontou nos lábios em meio as lágrimas.

Eu não respondi nada, o nó na minha garganta dificultava minha fala, minutos depois que todos estavam mais calmos expliquei a ela como tomaria as vitaminas. Ensinei a fazer o soro caseiro dei um comprimido para dor a Artur, peguei uma pomada para machucados que eu tinha no porta luvas para que ela usasse no menino.

Expliquei tudo com muita paciência ela não sabia ler nem o filho, perguntei sobre a água que estava no pote de onde vinha, ela disse que era do rio e quando chovia coletavam a água da chuva para o banho.

Eu sabia que tinha uma mina de água pura e limpa no meu sítio, mas não sabia ainda onde estava, eu precisava olhar no mapa da propriedade a localização exata. Eu iria resolver aquele problema não sabia como, mas eu iria. Pelo menos uma água descente aquele povo iria tomar isso era uma promessa. Os pingos da chuva aumentavam paulatinamente, raios e trovões fazendo festa no céu, eu estava na janela da minha cabana, com uma xícara de chá quentinho o sol foi engolido pelas nuvens carregadas e escuras, o dia se tornando noite num abrir e piscar de olhos.

O vento forte dobrava as copas das árvores numa sincronia perfeita como uma dança celestial. Tomo um susto com um vulto negro que passando igual um raio pelas árvores. Pisquei duas vezes rápido tentando limpar meus olhos e firmando eles novamente, mas não vi mais nada, do mesmo jeito que apareceu ele sumiu.

Eu nunca dei muita importância à os folclores, muito menos fui assombrada alguma vez e não iria começar agora. Pode ter sido um: cavalo, um boi, ou qualquer outro animal até mesmo um lobo, mas acredito eu que não exista lobos por aqui, ainda mais lobos negros.   


O Cheiro do pecado completa.Onde histórias criam vida. Descubra agora