Capítulo 10 - O Bastardo

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O assentamento crescia a cada dia na Vila de Inverno como a neve severa e atroz; eles tinham desmanchado o acampamento as margens do Lago Longo, e as nevascas tinham impedido uma estimativa fidedigna de quanto tempo demorariam em chegar todos aos campos de Winterfell. Contudo não tinham impedido mais dois confrontos armados entre Brancos e Cinzas, e o que significava definir o controle do Norte, e quiçá de todo o continente. Ele era chamado de Rei novamente, não jocosamente como antes, havia respeito e promessa –de novo- nos olhos das pessoas desde que atravessaram a Muralha e o seguiram pela escura Estrada Real. Ele não saberia dizer que mudara, até nele próprio. Se pudesse parar e pensar um pouco no assunto, diria que é uma questão de sobrevivência acima de tudo. Para todos.

(E não saberia dizer quando não foi em sua historia).

Ali reunidos em casebres e tendas precárias havia parte do Povo Livre que conseguira chegar (e quis segui-lo); homens de negro que não morreriam mais guardando algo sem utilidade, nortenhos de varias casas que vagavam pelas terras geladas sem rumo, seguidores Brancos que nunca aceitaram o exilio a seu monarca, sulistas que lutaram na Longa Noite a seu lado; todos exaustos, com fome, frio, enfermos e braços cansados de enterrar os seus; procurando raios de esperança. Aqueles que acreditavam numa Restauração Targaryen como solução aos Reinos foram os últimos a chegar (assim como os Anti Dragões que engrossavam as fileiras inimigas). Muitos apenas curiosos em ver aquele que as mensagens de Lord Varys espalharam ser o filho legítimo (seria verdade?) do Príncipe Herdeiro, do Ultimo Dragão (Ou mesmo este próprio. Onde Jon Snow sabia que ela tinha sido completamente).

Ele se esforçava a organizar tudo aquilo, entre cuidar de um ferimento seu e outro que ainda lhe sangrava; e delegar tarefas, criar ordem, pessoas quem pudesse confiar. Mas obviamente era muito difícil, mesmo em seus aliados e seguidores havia, como de costume, uma briga de egos e cabeças duras. Ele estava cansado. Quantas guerras ainda teria que lutar? Não tinha se desonrado para evita-las? A roda girava mais uma vez, e pelas mesmas mãos. Percebia a cada dia como tinha estado errado.

Estava em seu alojamento, depois de expulsar todos, fracassando na tarefa quanto a Tormund Terror dos Gigantes; que reclamava sobre a presença de Sor Davos na Vila, um perpetuo vira casacas dizia. Aproveitava enquanto o amigo tagarelava em limpar um ferimento na coxa esquerda e trocar os linhos. Na verdade, não estava prestando atenção as palavras ditas; que agora falavam em ursos e troca peles; e o mais velho tinha percebido.

- Ia gritar "maldito corvo" como no passado... –falou não muito alto- Mas depois de tudo que o bostinha do teu irmão...primo, que seja... fez; parece ser tão errado. Até xingar assim –deu uma boa risada e um tapa na própria perna-... Você ainda está pensando no que viu ao ir a Winterfell? Deixe de ser estúpido em achar que poderia impedir algo...

- Não, não creio que impediria, ou até devesse impedir –calou-se por algum tempo- É apenas estranho ver como tudo aquilo acabou. Aquela fortaleza já foi tudo que tinha, desejava, deveria proteger... É apenas estranho –serviu algo para beber- Cresci ouvindo que nunca seria Senhor de Winterfell, e nunca o fui. Mesmo com uma coroa na cabeça. Não sei bem o que deveria sentir...

- Escute, não é apenas por aquelas pedras; mesmo os lobos sendo uns putas traidores; cresceu com eles...E eu também já enterrei meus filhos, é uma dor insupor-...

- Sinto alivio... Isso é errado? Não sei, mas sinto alivio que eles, que Winterfell acabaram. Fazia um tempo que sentia isso, mas agora vendo tudo com meus olhos... O que realmente lamento é por Arya; não poder enterrar propriamente minha irmã. E por quem nunca poderei...É uma dor insuportável tens razão, e nunca poderei... E isso fui eu que feri os Deuses.

Ele sentiu algo se aproximar, e voltou seus olhos numa expectativa infantil. Era apenas Fantasma a entrar no quarto e se aproximou de seu dono procurando carinho, antes de ir se aquecer diante da lareira. Na jornada até ali, o nortenho precisou defender seu lobo mais de uma vez; em muitas como se fosse seu próprio destino. Passava mais tempo no pelo dele as noites, caçando, correndo pela neve até a exaustão. Procurando por...

A Senhora da Boa MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora