Kate
Ele me lançou um último olhar antes de sair.
Um olhar pesado. Um pedido mudo de perdão que nunca foi pronunciado em voz alta. A porta se fechou atrás dele com um estalo seco, e o silêncio que ficou parecia gritar.
Fiquei ali por alguns segundos, paralisada. Então minhas pernas falharam. Fui escorregando pela parede como se o chão tivesse sido arrancado dos meus pés. Me encolhi ali, sentindo o frio da cerâmica nas costas e o vazio dentro do peito. O choro veio sem aviso, rasgando minha garganta. Não eram só lágrimas — era dor, era desespero, era tudo o que não deveria ter acontecido.
Cada soluço parecia tirar um pedaço da minha alma. E quanto mais eu chorava, mais percebia: não havia volta. Não agora.
Não sei quanto tempo fiquei naquele chão. Minutos? Horas? Só sei que, quando consegui me levantar, parecia que meu corpo tinha passado por uma guerra. Limpei o rosto com as costas da mão e fui até o quarto.
Nathan estava ali. Sentado na beira da cama. A cabeça abaixada, os ombros caídos. Uma toalha improvisada no braço, exatamente onde eu tinha o ferido.
Respirei fundo e fui até o banheiro. Peguei o kit de primeiros socorros, tentando manter as mãos firmes. Me aproximei devagar, sentei ao lado dele.
– Quando eu era pequena... – comecei, com a voz baixa, sem olhar diretamente para ele – ...eu queria ser alguém importante. Alguém que deixasse um rastro na história. Sabe? Ser lembrada por algo grande.
Ele não respondeu, apenas continuou com o olhar perdido.
– Nunca pensei em casar. Nunca sonhei em ter filhos. Eu queria liberdade, queria o mundo. – continuei, abrindo o kit e começando a limpar o machucado no braço dele com cuidado. – Mas aí você apareceu... e tudo mudou.
Vi os olhos dele se apertarem, os lábios tremerem. Ele ainda não conseguia me encarar.
– Eu não me arrependo de nada, Nathan. Nem por um segundo. – falei, sentindo a garganta arder. – Não me arrependo de ter te amado. De cada beijo, de cada discussão, de cada reconciliação. E, principalmente... da Brooke. – engoli seco. – Ela foi o maior presente que você poderia ter me dado.
Uma lágrima escorreu pelo rosto dele. A primeira. Eu a vi.
– Obrigada. – continuei com a voz embargada. – Por ter estado comigo nos momentos mais difíceis. Por segurar minha mão quando tudo desabava. Por me dar forças. Por me dar a nossa filha.
Fechei o curativo com delicadeza. Guardei os itens na maleta, tentando manter a compostura.
– Eu não vou te impedir de ir embora... – ele murmurou, e finalmente me olhou. – Se é isso que você quer, eu entendo. Eu estraguei tudo. Fui um idiota. Fui fraco. Eu... eu te machuquei.
As lágrimas dele aumentaram. Poucas vezes na vida vi Nathan chorar. E nunca daquela forma.
– Me perdoa, por favor. – ele pediu com a voz rouca. – Eu não mereço você. Nunca mereci. Você vai encontrar alguém que realmente saiba te amar, alguém que enxergue seu valor todos os dias... coisa que eu não soube fazer.
– Para... – sussurrei, a voz embargada. – Não diz isso.
– É verdade, Kate. Eu te perdi. E a culpa é só minha. – ele falou entre soluços.
Fiquei em silêncio por um momento, apenas chorando ali, ao lado dele.
– Eu nunca te impediria de ver a Brooke. – falei com esforço. – Ela te ama. E você é um bom pai. Você pode vê-la quando quiser. Pode levá-la para passar uns dias com você. Só... só me deixa ficar com ela.

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Nas Mãos do Destino [Versão Atualizada]
Teen FictionDuas almas marcadas. Dois caminhos opostos. Um mesmo alvo. Kate Cooper, agente do FBI. Nathan Miller, traficante cruel. Ambos jovens. Ambos perigosos. Ambos com um passado que grita por vingança. Quando o destino cruza seus caminhos, o caos se insta...