Sorte

Sim, eu tenho muita sorte.

Todos os meus amigos me olhavam com inveja. Principalmente o loiro de olhos azuis, chamado Jaune. Ele parecia ter seu coração partido em pedaços. 

Tenho certeza que grande partes das pessoas gostaria de estar no meu lugar agora. Afinal, não é todo dia que Weiss Schnee — a princesinha do colégio — sai de sua zona de conforto para tomar uma atitude dessas.

E eu estaria sendo uma grande mentirosa se dissesse que não estava gostando da situação. Se negasse que a amo profundamente em meu coração. 

Tudo sobre Weiss parecia ser perfeito. Por exemplo: a sua doce voz, que quando cantava, fazia meu coração bater depressa, queimando-o lentamente. O simples ato de ouvir sua voz já deixava meu âmago ardente. Tanto que costumava perguntar-lhe diversas coisas, apenas para ouvi-la falar.

O sorriso bobo que nascia no canto de seus lábios e sua mania de ajeitar os cabelos quando está com vergonha... Todas essas pequenas coisas me fizeram se apaixonar perdidamente por Weiss; pela garota que está parada bem na minha frente.

Gostaria de caminhar pelos campos floridos ao seu lado, lembrando-a que nenhuma das flores do jardim será tão bela quanto ela, porém, sei que ela iria apenas me bater e dizer que estou sendo exagerada.

Mal sabe ela que, para mim, nada nesse mundo consegue ser tão majestoso quanto ela.

— “Ruby! Morreu?” — ouvi a garota dizer. Também senti alguns tapas em meus braços. Olhei ao redor, nem sequer tinha percebido quando foi que nós duas ficamos sozinhas.

— “Pra que agredir?” — Grunhi enquanto passava a mão onde doía.

— “Você ficou em silêncio. Pensei que tinha morrido”. 

— “Estava pensando, Weiss. Pensando! Você não pensa também?”

— “Claro que penso!” — Rangeu os dentes irritada… céus, tão linda. — “É que você está demorando para me dar uma resposta”.

— “Sobre o que?” — Sorri ao ver a garota me olhar com raiva nos olhos. Sabia perfeitamente sobre o que ela estava falando. — “Calma, ice princess! Tô só brincando”. — Vi ela revirar os olhos e fazer uma cara emburrada. Droga! Ela tinha que agir tão fofa desse jeito? É meu ponto fraco!

— “Se você não vai responder, vou pra minha casa”. — Se virou, apressando-se para sair, porém, fui mais rápida e segurei sua mão, fazendo-a se virar para mim. O que me fez perceber que estávamos muito próximas, e isso me deixou totalmente corada, me obrigando a se afastar e coçar minha cabeça de nervosismo.

— “E-eu também gosto de você, Weiss”. — Os segundos em silêncio serviram apenas para garota me puxar para perto e colar nossos corpos.

— “Repete…” 

— “Também gosto de você, W-” — Não consegui terminar. Seus lábios já haviam se aninhado aos meus. 

A princípio, foi apenas um selinho, porém, isto não durou muito. Segundos depois, já era capaz de explorar sua boca por completo.

Talvez fosse mesmo sorte, mas, quem seria eu para reclamar disso? Weiss Schnee se apaixonou por mim. Isto, com certeza, é ter muita sorte.