Domi
Quinta-feira
Os dias foram passando e passei a conhecer a cidade cada vez melhor, e claro, com a ajuda do Isaac também. A verdade é que ultimamente temos-nos aproximado muito ultimamente, e sinceramente, sem ele já me tinha perdido pela cidade, aliás, provavelmente já estaria noutra a 50km daqui! Despistada como sou não digo nada!No entanto, continuo com aqueles flashs repentinos de que estou num lugar completamente diferente. Aconteceu-me um ainda hoje. Estava nos Jardins do Retiro quando subitamente pouso a minha mão num banco para me sentar e mal encosto a ponta dum dos meus dedos suavemente, mudo para um lugar completamente diferente. Desta vez somente vejo destruição e nada mais do que isso. Não há cores, não há natureza, não há vida, não há nada. Os edifícios estão todos destruídos, sem exceção, e tudo à minha volta arde, tudo está morto. Fiquei apática ao observar algo tão horrível sem poder fazer nada. A minha aflição, o meu desespero e a minha tristeza não paravam de aumentar, e derramei uma lágrima. Quando essa lágrima que carregava todos os meus sentimentos, toda a minha tristeza e todo o meu desespero tocou no solo junto dos meus pés tudo voltou ao normal. Voltei à vida real.
E a única reação que tive depois de tudo isto, foi correr. Correr para o mais longe que podia daquele lugar, além de pensar que não me adiantaria de nada pois esta escuridão nunca me vai deixar de perseguir nem nunca me vai perder de vista. Será que isto vai continuar a atormentar-me para o resto da minha vida? Porquê eu? E o que é o mundo, ou seja lá o que for isto, me está a tentar dizer?
Mais perguntas sem respostas. Odeio, odeio, odeio.São 7 da tarde e estou aqui, deitada na cama, relaxada, sem ter nada pra fazer, apenas eu e os meus pensamentos, mais uma vez.
Ok, acabou de me ocorrer uma ideia mas acho um pouquito louca. Só um pouquito, sabem como é. Podia tentar abrir a porta da cave! Eu sei, eu sei que é muito arriscado mas suspeito que a má energia que esta casa tem deve-se a algo que está lá dentro e tenho de saber já o que é. Tenho de agir, fazer qualquer coisa. Esta pode ser a origem deste horror que sinto e que me persegue. Mas será que a porta está trancada e que é preciso uma chave?? Hm, para já isso não importa, primeiro vou tentar abri-la normalmente e depois veremos.
À medida que me ia aproximando da porta, o medo aumentava, mas por muito que me custasse, tinha de o fazer. Coloquei a minha mão no puxador e senti uma eletricidade estática que me percorreu o corpo, e quando o empurrei para baixo, uma força, uma barreira, fosse o que fosse, empurrou-me para trás com uma intensidade que me fez "voar", digamos assim, bati com a cabeça na esquina duma prateleira suspensa e caí no chão desmaiada.
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- DOMI! DOMI! - ouço uma voz a tentar despertar-me, parecia-me a voz do Kevin, mas isso era impossível, tenho um vislumbre da cara dele, mas quando acordo e abro os olhos vejo o Isaac à minha frente preocupadíssimo.
- Que aconteceu? - pergunto sentada no chão encostada à parede.
- Desmaiaste. - diz-me o Isaac sentando- se ao meu lado e ficando mais aliviado.
- Desmaiei? - fico a pensar durante um curto espaço de tempo - espera... já me lembro de que aconte...
- Tentaste abrir a porta não foi? - interrompe-me ele.
- Como é que...
- Eu já tentei fazer o mesmo. - interrompe-me outra vez - Vou-te ser sincero, os meus pais escondem alguma coisa ali dentro, não deixam ninguém aproximar-se, nem a mim, sempre que toco no assunto, ou não falam e ignoram o que digo, ou começam a gritar comigo e a dizer que não são assuntos meus..
- Então também concordas que sente-se...
- ...uma má energia nesta casa...
- ...e que onde é mais acentuada é aqui, em frente à porta da cave. - completei.
- Nem quero imaginar o terror que se sentirá lá dentro, mas mesmo assim temos de descobrir como lá entrar. Esconderam-me isto a vida toda, não deixarei que me escondam por mais tempo. Desde pequeno que sinto este medo que percorre a casa, que faz-me estremecer e ficar com a pele arrepiada. Não aguento mais! - desabafou o Isaac irritado como tudo.
- Hey, Isaac calma. Nós arranjaremos uma maneira de entrar aqui e eu irei ajudar-te, estarei sempre do teu lado. - acalmo-o e abraço-o.
De repente ouço passos a aproximarem-se rapidamente, e que transmitiam raiva ao poisar do sapato.
Oh não... Era a Mrs. Lahey...- MAS O QUE FAZEM OS DOIS AQUI? - pergunta-nos ela com uma fúria de todo o tamanho.
- Acalma-te lá! Isso não são maneiras de falar! A Domi caiu ao tropeçar no tapete e eu estava a ajudá-la! Nada mais! - disse o Isaac. Se a mãe dele faz mesmo parte do que se esconde naquela casa, jamais poderia saber o que eu estava a fazer.
- Exatamente, mas eu estou bem. - informei.
- Hm, espero que não andem a fazer asneiras! - diz-nos ela, dando um sorriso mais amarelo que amarelo fluorescente. Sem dúvida, ela está metida nisto e sabe bem o que se passa.
Logo a seguir a estas palavras ela retirou-se e o Isaac virou-se logo para mim e disse:
- Vês?! Viste a reação dela? Sem dúvida que tem mão nisto.
- E parece que não quer que ninguém saiba... - disse levantando-me com a ajuda dele.
- Querendo ou não, vamos entrar lá, e vamos fazê-lo o mais rápido possível. Vem, anda buscar qualquer coisa para comer e se quiseres depois podes vir para o meu quarto para discutirmos melhor isto. Até podemos levar pra lá a comida. - ele falou e eu assenti com a cabeça.
Fomos à cozinha às escondidas, roubamos dois pacotes de batatas fritas, duas sandes de atum, um Ice Tea e fomos para o quarto do Isaac.
Domi: Ora bem, então, quando eu tentei abrir a porta consegui perceber que estava trancada. Mesmo com aquela barreira a empurrar-me ou lá o que foi, deu para perceber muito bem. Ou seja, deve de ter uma chave certo? Sabes de algum sítio aqui na tua casa onde a tua mãe guarda as coisas "preciosas e importantes" dela?
Isaac: Por acaso até acho que sei. Há um cofre incorporado num quadro que tem na parede da sala de estar. Os meus pais pensam que não sei da existência dele mas estão enganados, eu até posso ser tapadinho mas tenho olhos na cara, se é que isto faz sentido.
No entanto, não penso que se abra com uma simples chave. Tem de ser mais do que isso. Se é tão importante para eles que ninguém entre lá, então muito provavelmente não é com uma simples chave normal que vai abrir. Entendes? Tem de ser de uma maneira invulgar, incomum, "fora da caixa"! Exatamente! Temos de pensar "fora da caixa"!Domi: És um génio! E é mesmo bom que saibas disso pois agora temos mais alguma informação. Espera vou apontar tudo num papel, e não te preocupes que eu tenho cuidado com ele pra não caír nas mãos erradas.
Ficámos a pensar sobre possíveis maneiras de abrir a porra da porta mas nada nos surgia. Por isso começámos a falar sobre a vida um do outro e entretanto adormeçemos. Sim, ainda nem 22h da noite eram, mas já tinha acontecido muito pra um dia e o melhor que podiamos fazer para desanuviar a cabeça dos pensamentos e dos mistérios por resolver, era dormir.
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The Rescue Mission
JugendliteraturUma rapariga que afasta-se da sua vida social e viaja sozinha, mas, bom, não correu bem como planeado... Quando os seus amigos se apercebem do ocorrido decidem fazer alguma coisa e organizam uma Missão de Resgate. • A partir dum certo capítulo deste...