O som do celular tocando me faz abrir os olhos. Encaro as linhas uniformes da madeira do teto como em um transe, esperando que quem quer que seja ligando, desista.Qualquer ligação as 3 da manhã não é para dar uma boa notícia.
O celular volta a tocar e infelizmente não posso me dar o prazer de ignorar. Atendo logo na primeira chamada e como o esperado, não era uma coisa boa.
"Mais um corpo encontrado. Dessa vez ao norte da floresta."
E com sempre, sendo simples e objetivo Niall encerra a ligação e por seu tom de voz, dava para sentir como estava frustrado com nossa falta de respostas para esses assassinatos. Mas quem não estaria? Soltando um longo suspiro e me preparando mentalmente para o que vou encontrar me arrumo para ir encontrá-lo.
Desligo a caminhonete já observando o local, não havia muitas casas e às 3:40 da manhã provavelmente ninguém saberia de nada. A floresta por si só era macabra, sem qualquer iluminação ou movimentação, mesmo durante os dias, meus passos amassando as folhas secas deixava o ambiente temeroso e me passava a sensação de estar num filme de terror.
"Algo novo?" pergunto a ele, com esse já era o terceiro corpo dentro de uma semana, as condições pareciam ser as mesmas. Sem sinal de luta e mesmo com a vítima partida em dois, sem nenhuma gota de sangue.
"Não. Ainda não temos a identificação dela, tudo está limpo como nos outros casos. Duvido que vamos conseguir encontrar algo aqui. Alguém sabe muito bem o que está fazendo." Dava para sentir a raiva na voz dele, três casos com o mesmo padrão e nem sequer uma digital, fio de cabelo, pegada ou testemunhas. É como se fôssemos completamente inúteis e só nós restava esperar que dá próxima esse assassino cometesse algum erro.
"Dá próxima." Que merda. Ter que esperar mais alguém morrer para temos uma chance de pegar quem esteja fazendo isso é a coisa mais insana e desesperadora.
Sinto meu peito apertar e minha respiração falhar, preciso de um cigarro. Vários curiosos já estão cercando a cena dele crime tentando saber o que aconteceu, isso está saindo totalmente do controle.
Estão dizendo que é obra de vampiros ou seres mitológicos, alguns até chegam a falar de "punição divina" e que essas pessoas mereciam morrer. O que o ser humano não faz para explicar o que não entende, adotam qualquer absurdo como verdade e se julgam os donos da razão.
Seria aceitável se isso não fosse o mundo real. Terei que verificar novamente os dentistas, médicos ao qualquer pessoa com conhecimento suficiente para drenar todo o sangue de um corpo.
Hoje vai ser mais um dia longo e estressante, como tudo isso pode estar acontecendo em uma cidade com 10 mil habitantes no meio do nada?
Voltei até a delegacia ao lado do policial estressado, não trocamos uma palavra durante o trajeto pelas ruas calmas e silenciosas. Dentro do delegacia já havíamos nossa própria sala de investigação, ela tinha um painel com várias fotos e pequenas supostas pistas.
Niall encarava fixamente a foto de Jonathan Collins, um dentista que acabou virando suspeito após recebermos uma denúncia que ele apresentou comportamento estranho na noite da primeira morte, ele era um dos principais suspeitos, entretanto não havíamos quaisquer prova concreta.
Nossa lista de investigados é extensa, incluindo praticamente todos os profissionais da saúde da cidade e alguns policiais, nenhum resultado. A sala se encontrava repleta de post-it e papéis, entramos com pedidos para aumentar a equipe do caso desse assassino em série, mas por algum erro, essa pequena delegacia no interior teve o pedido recusado, tudo andava lentamente por aqui.
"Nós precisamos pensar de uma outra maneira, ele está sempre um passo a frente." Niall exclamou nervoso.
"Não nos ensinam a pensar como um seriall killer na academia." Digo tentando fazer uma piada apesar do momento inoportuno.
A realidade é que o assassino possuía experiência e habilidades, já nós estávamos acostumados apenas à intervir em brigas de bar e alguns casos de violência doméstica. Coisas que não costumam acontecer com frequência.Eu andava de um lado para o outro no piso de madeira da delegacia, fazendo um som repetitivo com o impacto do meu sapato com o chão, as paredes beje não eram inspiradoras o suficiente para solucionar o caso de vez, e mais uma noite acordado não resultou em progresso no caso.
“Descansa um pouco cara, vou fumar.” Digo para meu parceiro e caminho para fora da delegacia, não temos ajuda ou treinamento adequado para lidamos com isso.
Tudo parece só piorar, formando uma imensa bola de neve.Enquanto paro em frente ao prédio, para acender meu cigarro, tentando impedir que o vento apague o fogo do isqueiro. Tudo que consigo pensar é se isso ainda vai piorar ou se algum dia, vai acabar.
Os primeiros raios de sol surgiam, dispersando um pouco a leve neblina que estava sempre presente.
No final da rua havia uma pequena cafeteria, com as paredes amarelas um pouco desgastadas e enfeites coloridos. “Raio de Sol", era o nome do estabelecimento, o que combinava com a imagem aconchegante e alegre que passava.
O que é irônico, porque toda vez que venho aqui é porque passei a noite acordado com esses casos de assassinato.
Assim que me aproximo da cafeteria vejo Meredith se organizando para abrir. Ela é a dona e é uma senhora muito simpática que está sempre muito bem maquiada e bem vestida com suas roupas do estilo oriental. Ela é com certeza a mulher mais elegante que conheço.
“Vejo que você não pretende dormir essa semana” Meredith diz com um sorriso complacente, o que faz seus olhos já puxados ficarem ainda mais estreitos.
Com minha constante presença aqui e sempre sendo seu primeiro cliente do dia, acabamos virando amigos.
"Eu preciso mesmo de uma boa noite de sono, mas no momento só posso me dar ao luxo de pedir mais um dos seus cafés." Respondo com um sorriso enquanto eu e a senhora asiática entrávamos no estabelecimento.
Eu sempre pedia o mesmo café, para mim e Niall, então ela foi automaticamente para trás do balcão já sabendo o que queria, um cappuccino e um expresso duplo.
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Midnight memories ° Zayn Malik
FanfictionA pacata cidade de Exeter agora era palco de crimes hediondos, os mais velhos acreditavam ser obras de seres sobrenaturais, tal como vampiros, mas o cético policial Zayn não se deixaria levar pelos mitos e superstições. *Obra em conjunto com @httppo...