✖️ Capítulo 27 ✖️

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Dia seguinte.

Hoje de manhã, nem sequer de tarde, aconteceu algo que deva ser mencionado.

Sim, alguém deve estar com vontade de me bater, principalmente aquela "vidente", por não ter acontecido nada hoje.

A verdade é que ainda não tive coragem de contar nada ao Connor, pelo simples facto de que não sabia como abordar o assunto.

Dizer-lhe simplesmente que aquilo não estava a funcionar, dizer metade da verdade, que eu já não sentia nada por ele ou dizer mesmo toda a verdade?

Não sei, mas sei que sou uma grande cobarde. E sei que, pelo menos, estou a magoar uma das duas pessoas que estão envolvidas nisto.

Quando cheguei a casa, o meu pai não estava e então fui para o meu quarto. Não encontrei o Xiumin em lado nenhum, até o chamei mas não obtive resposta e ainda fiquei um pouco preocupada mas deixei estar.

Fui até à minha secretária e abri os livros para aproveitar para estudar. Estava tão nervosa por tudo o que me tem acontecido que nem sequer consegui almoçar.

Estive a estudar algum tempo, mas o computador começou a fazer barulho e eu já sabia qual era. A Zoe queria fazer chamada. Agarrei no mesmo e aceitei a chamada.

— Então? Nunca mais me ligaste — a Zoe falou do outro lado do ecrã.

— Desculpa, tenho andado um pouco ocupada com a escola.

— E o Connor — a Zoe sorriu.

— Sim... mais ou menos.

— Ainda sentes alguma coisa por ele?

— Acho que não...

— E já falaste com ele?

— Ainda não.

— Alex...

— Eu sei, eu sei. Mas eu tenho medo, que ele ache que o estou a trair ou o magoe a sério.

— Alexandra, tu já estás a magoa-lo ao continuares com ele mesmo sabendo que já não gostas dele.

— Não me faças sentir ainda pior, por favor.

— Mas olha lá, houve algo ou alguém que te ajudou a mudar esse sentimento pelo Connor?

— Zoe, eu já te tinha dito que não.

— Não me convences, mas enfim. Como é que tens estado? Não emagreceste, pois não? Com isto das mudanças...

— Não, podes ficar descansada. Desde que cheguei engordei dois quilos e o Natal também ajudou.

— Boa. Tem ido bem isso, então. Bom, tenho que desligar, tenho que ir ajudar a minha mãe. Até logo — sorriu, despedindo-se.

— Adeus, até logo — sorri de volta.

Fechei o computador e larguei os livros, indo distrair-me um pouco mechendo nele. Talvez tenha lá ficado uns quinze minutos e quando me cansei, ouvi e senti o meu estômago a pedir comida.

Quando me levantei, reparei no diário do Xiumin em cima da minha secretária. Estranho, não me lembro de ter deixado ali, há uns dias que nem sequer o lemos.

Mas espera, está um papel em cima dele. Parece um bilhete!

Agarrei no mesmo e percebi que quem tinha escrito aquilo era o Xiumin.

Desculpa, mas sim, eu li uma parte do diário sem ti. Talvez a mais importante.
Acabei por descobrir motivo de eu me ter tornado nisto.

O meu instinto foi começar a correr para a sala a ver se encontrava o Xiumin em algum sítio.

Mas não esperava que o mesmo estivesse mesmo ao meu lado, deitado no sofá.

— Xiumin...

Vi o mesmo assustar-se e virou-se para mim.

— Agora estamos quites.

— Quê?

— Estás sempre a queixar-te que eu só te assusto. Tiveste agora a tua vingança — eu ri e fui sentar-se do seu lado, que também se sentou.

— Não era de todo a minha intenção querer vingança — ficamos alguns segundos em silêncio até que ouvi suspiro da sua parte.

— Já leste aquilo que eu te deixei, não foi?

— Sim... mas afinal, o que é que tu descobriste?

— Tudo...

— E esse tudo foi o quê?

— Há uns dias tive um pesadelo, mas até hoje achava que tinha sido só um pesadelo.

— Não estou a entender — ele encarou-me.

— A minha mãe, pouco antes de isto me acontecer, ficou doente. Eu já não sabia o que fazer, não tinha dinheiro para pagar o tratamento então a minha única opção foi... recorrer aquelas senhora que contactam com o sobrenatural.

— Uma bruxa?

— Mais ou menos isso — riu — Essa senhora ajudou-me e acabei por fazer... um pacto com o demônio, digamos assim.

— Isso... isso existe mesmo?

— Como podes ver, eu sou assim, por isso existe sim. Mas continuando, fiz um pacto e prometeu-me que a minha mãe iria ficar curada, mas com um preço...

— O preço foi...

— Ficar preso no corpo de um espírito para a eternidade. Eu no início estava reticente, mas depois pensei na minha mãe e eu faria tudo por ela.

— Então a tua mãe sobreviveu?- sorri mas o mesmo baixou o olhar.

— Não. Deixei-me enganar. A minha mãe morreu e eu tranformei-me nisto. Aquele diário ajudou-me a trazer de volta as minhas memórias, Alex...

Aquilo que aconteceu a seguir partiu-me o coração. O Xiumin cobriu o rosto com as mãos e começou a chorar.

Eu não sabia o que fazer. Ficar calada e deixá-lo estar ou dizer alguma coisa. Não fiz nem uma coisa nem outra.

Simplesmente abracei-o. Foi instintivo. Senti após alguns segundos os seus braços rodearem a minha cintura e puxou-me para si com alguma força.

Tudo aquilo era horrível mas nunca me tinha sentido tão bem em toda a minha vida como me estava a sentir nos seus braços.

My Sweet Ghost | XiuminOnde histórias criam vida. Descubra agora