meu peito revira em agonia quando me apercebo de minha mais pura vontade. a aterrorizante frustração de perceber que nenhuma de minhas rasas alegrias cabem no meu abissal desejo de morrer é capaz de ser pior do que passar a eternidade ardendo impiedosamente no inferno. de fato, talvez o inferno nem exista. mas a morte existe. e talvez ela já seja o inferno impiedoso do qual eu tanto falo e desejo.
pra falar a verdade, me decepcionaria se a morte se provasse algo superestimado e indevidamente temido. se é um acerto de contas, espero que eu sofra até que meus órgãos internos entrem em colapso e minha existência não passe de uma fina linha se partindo de exaustão.
talvez seja uma paixão. uma paixão de ascendência duvidosa. talvez eu já esteja tão retalhada emocionalmente que meu cérebro derreteu e, assim, escorreu pelo meu ouvido enquanto eu dormia, se negando a permanecer em alguém medíocre que deseja tanto seu próprio fim.
eu faria o mesmo.
não existe céu pra mim.