único

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Você me tocava como se eu fosse porcelana, correndo os dedos pela minha pele e fazendo queimar cada parte do meu ser. Eu pedia, implorava para que você me arruinasse naquela fatídica noite sóbria enquanto me aquecia de formas inimagináveis, desenhando formas com os dedos e me arrancando sons animalescos.

-Por favor... - eu mal conseguia abrir os olhos, e formar as palavras era um feito quase milagroso. Palavras desconexas e xingamentos, no entanto, escapavam de forma natural e limpa. Minhas unhas se cravavam em suas costas, deixando trilhas vermelhas na carne antes imaculada. Uma lembrança que logo não teria mais sentido ou valor.

Eu podia sentir seus lábios correndo pelo meu pescoço, deixando caminhos úmidos desde o meu maxilar até minha clavícula, enquanto uma de suas mãos ainda brincava com o contorno da minha cintura, subindo e descendo, entrando em contato com a minha pele quente e deixando-a em chamas enquanto um sorriso de pura luxúria se fazia presente em seu rosto antes tão inocente.

Dizem que o diabo já foi o mais belo dos anjos, e agora eu tinha certeza.

A inocência e a pureza que um dia associei à você se foram no momento em que cruzamos a porta do seu apartamento, no caminho para o meu inferno e também meu paraíso. Doce e pecador paraíso, quente e tentador inferno.

-Você fica lindo implorando assim - um toque gentil tirou uma mecha de cabelo de cima dos meus olhos e eu fiquei hipnotizado mais uma vez por suas orbes castanhas me encarando com nada menos que desejo. Maldito desejo que me corroía por dentro.

Você sabia do poder que tinha sobre mim. Eu era um mero fantoche em suas mãos, respondendo ao puxar das cordas e me deixando levar por seus movimentos sutis. Me deixei despir, sentindo cada beijo que você depositava em algum ponto do meu corpo arder como brasa quente enquanto permanecia inerte, incapacitado pela sua intensidade.

-Eu não quero te quebrar, anjo - seu murmurar grave contra o meu ouvido fez com que todo o meu corpo estremecesse. Não havia mais tecido entre nossos corpos e a pura ideia de contato parecia fazer meu corpo querer entrar em combustão - Não ainda.

Em súbito, seus lábios encontraram os meus, gentis e doces em primeira impressão, antes que nossos corpos se tocassem e tudo se tornasse uma explosão de desespero e luxúria. Meus braços rodeando seu pescoço enquanto você explorava minha boca sem pudor ou sutileza, controlando cada movimento meu com suas próprias mãos e me guiando como queria.

-Eu quero que me diga se te machucar, tudo bem? - e lá estava a voz gentil novamente, enquanto eu apenas assentia lentamente e acariciava uma de suas bochechas com o polegar.

Mesmo me sentindo e estando tão vulnerável, eu não podia negar que você era a criatura mis linda que eu já havia visto. Era como encarar nos olhos o filho de Afrodite. Seus olhos brilhavam, contrastando com seus lábios entreabertos e rosados e suas bochechas coradas. Você era uma obra de arte que podia me desmontar com apenas um toque. E você o fez.

Quando me colocou de bruços naquela cama e me preencheu sem qualquer cuidado, me ouvindo transitar entre gemidos de dor e de prazer conforme a sensação se tornava mais familiar, eu podia sentir seu toque em minhas costas e minha cintura conforme nos movíamos em um ritmo único. Eu estava totalmente à sua mercê e você sabia.

Conforme nossos gemidos preenchiam o quarto, você me preenchia. Me preenchia com seu membro duro, me preenchia de tesão mas, principalmente, me preenchia de gentileza.

Em momento algum você me desrespeitou ou foi contra o meu desejo. Nossa estupidez era sóbria, guiada pela curiosidade e pela luxúria, cheia de avisos e pequenas perguntas feitas apenas pelo olhar. "Está tudo bem?", "Quer parar?", "Tem certeza?". Se eu tinha medo e dúvidas, você os fez desaparecer ao me tocar, ao me mostrar como é ser amado, mesmo que apenas por um momento.

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