I - Memórias do Passado

251 39 190
                                    


O tiroteio cessou...

Lyam, um jovem órfão que cresceu se virando pelos cantos de sua pequena cidade chamada de Cidade Cruz, encontrava-se escondido atrás de um grande arbusto na "Fazenda Grande". Ele tinha ouvido o toque de recolher dos Justiceiros - um grupo de pessoas que buscavam justiça e vingança - contra os fazendeiros, donos de terras, que recebiam o título de coronel, e usavam do poder econômico para matar, espancar e controlar, a vida dos trabalhadores e habitantes, das terras de posse desses coronéis, e contra os ricos empresários que enriqueceram enquanto muita das vezes às famílias de seus funcionários passavam fome. Lyam não fugiu da fazenda junto de seu grupo, pois a três dias, descobriu que o "coronel Silva", dono da Fazenda Grande, e mandante da morte de seus pais, encontrava-se doente de cama.

- Maldito coronel Silva! - praguejou Lyam em pensamento - Não deixarei que morra por uma doença, eu irei lhe matar.

Lyam alimentava um ódio pelo coronel Silva, desde a infância, ódio esse que o fez agir como um ser irracional, ao ficar naquela fazenda sozinho contra mais de dez mercenários, homens que defendiam a Fazenda Grande, e faziam o trabalho sujo do coronel, em troca de dinheiro. Ele sabia que a qualquer momento os Mercenários iriam vê-lo e a morte seria um presente para ele, pois os mercenários costumavam torturar suas vítimas, até elas morrerem por hemorragia, ou pela grande dor da tortura. Lyam estava absorto em seus pensamentos, e sem perceber, pensou em voz alta:

- Preciso encontrar uma forma, de entrar na casa central - disse ele se referindo a Grande Casa localizada no centro da Fazenda Grande, local onde o coronel Silva habitava.

Lyam caminhou cautelosamente para a direita do arbusto, e sem perceber que ao falar, chamou a atenção do mercenário que encontrava-se a poucos metros, colocou o rosto num espaço que existia entre o arbusto alto, onde ele estava, e o arbusto pequeno, ao lado direito do alto, com o intuito de observar o ambiente, e seguir com seu objetivo.

Sons de passos fizeram com que ele recuasse, uma mistura de medo com coragem invadiu seu coração, e ao mesmo tempo em que ele pensava em enfrentar a ameaça vindoura, também pensava em correr daquele local. Quando os sons de passos, que antes pareciam estarem por perto pararam, Lyam voltou a olhar pelo espaço que tinha entre o arbusto alto eo baixo, e percebeu que um mercenário encontrava-se olhando com suspeitas, para o arbusto alto, a uns dois metros, com uma espingarda em mãos. Rapidamente, de forma inesperada, o mercenário deu dois passos largos, e atravessou o espaço a esquerda do arbusto, buscando ver o que fizera barulho.

- Parado! - ordenou o mercenário de forma intimidadora, apontando a espingarda para Lyam e sucedendo a ordem com gargalhadas.

- Hahaha! temos aqui um Bebê Justiceiro - disse ele se referindo ao Jovem Lyam.

O mercenário logo percebeu que Lyam era um justiceiro, pois os Justiceiros era um grupo organizado, de pessoas elegantes que usavam ternos refinados, e diferentes dos Cangaceiros no nordeste do país, que gostavam de chamar atenção pelas vestes exóticas, os Justiceiros no sudeste do país, específicamente no estado do Rio de Janeiro, não gostavam de chamar atenção, e seguiam as tendências européias, usando em sua maioria, um terno preto.

- O que eu faço contigo? Hahaha! - perguntou o mercenário com a voz baixa, sem abaixar a espingarda, parecendo não querer chamar a atenção dos outros mercenários.

O mercenário não era tão alto, tinha 1,80cm de altura mais ou menos, era negro e tinha os olhos azuis, algo que chamou a atenção de Lyam, pois não era comum na Cidade Cruz pessoas de olhos azuis, e muito menos comum entre as pessoas de etnia negra. O mercenário tinha o cabelo raspado, e usava um macacão verde escuro e uma camisa marrom claro, as características físicas, o modo de andar e a voz do mercenário eram de certa forma familiar para Lyam.

O POETA JUSTICEIRO: Amor ou ÓdioOnde histórias criam vida. Descubra agora