Diário M.J.

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Ontem eu tive um sonho e a minha mente parece que não para de apertar o replay nas cenas desse sonho. Então, decidi escrever sobre ele. Quem sabe assim, eu posso deixar essa fantasia para trás.

Enfim, no sonho eu caminhava por esse grande e lindo campo, sereno, pacífico, com o sol iluminando toda a imensidão daquelas terras cheias de uma vegetação que espalhava pelo o ar todos os seus frescos aromas.

No céu, dava para ver Saturno como se fosse apenas uma grande lua daquele lugar. Era tão relaxante poder ir tocando nas plantas com a ponta dos meus dedos enquanto caminhava por aquele caminho, respirando e aproveitando todas as sensações de liberdade que aquele lugar me trazia. Eu estava sozinha, mas não sentia medo, pois pela primeira vez sentia que pertencia àquele lugar.

Bem, pelo menos eu acreditava estar sozinha porque logo senti um toque percorrendo o meu braço até alcançar a minha mão que ainda estava em contato com as plantas. Eu não me assustei com aquele toque porque era como se eu estivesse esperando por ele a minha vida toda. Assim, quando me virei, fiquei surpresa ao ver que era Peter.

Ele estava ali na minha frente, naquele lugar que poderia muito bem ser o paraíso e ele estava sorrindo para mim, me olhando nos olhos como se pela primeira vez tivesse realmente me enxergado. Meus olhos simplesmente não conseguiam acreditar que era ele e que tínhamos finalmente um mundo todo só para nós.

Então, para aumentar mais ainda a emoção que eu estava sentindo, sua mão percorreu suavemente uma mecha do meu cabelo até acariciar o meu rosto. Tudo era tão perfeito e eu apenas fiz aquilo que sei que nunca teria coragem de fazer na realidade. Eu o beijei.

O beijei e ele retribuiu enquanto minha mão percorria sua nuca, eu não conseguia esconder toda a emoção e liberdade de poder finalmente e pela primeira vez expressar o que eu sinto por ele até que... Eu acordei! Eu acordei e lá estava eu, sozinha na minha cama, presa nessa realidade onde aquilo nunca aconteceria. Meus sentimentos nunca voariam livres por aquele campo onde dava para ver Saturno e toda sua grandiosidade no céu.

Dessa forma, isso me fez pensar muito naquele olhar de Peter no sonho em que ele parecia dizer que gostava de mim da mesma forma que eu gosto dele. Quais as chances disso um dia acontecer? Quais as chances de lá na frente, Peter olhar para trás e perceber o quão perfeito poderíamos ter sido juntos?

Pensar nessas chances, me fez lembrar do meu filme favorito de todos os tempos, 13 Going On 30. Se eu tivesse aquele pó mágico que realiza desejos, talvez eu pudesse ver o futuro e descobrir quais as chances, mas para dá certo, não teria que ser eu, usando o pó e sim Peter porque no caso, ele é a Jenna e eu o Matt.

Até porque venhamos e convenhamos, se tem alguém estupidamente tão romântica que um dia daria uma miniatura da casa dos sonhos para a pessoa amada, essa pessoa seria eu. Eu seria o Matt, pois sempre amei a Jenna do jeitinho que ela é mesmo que a Jenna nunca tenha ao menos reparado que eu estava lá, amando e sofrendo por não ser correspondida.

Então, um dia o Peter, assim como a Jenna, perceberia que uma das razões para sermos tão perfeitos como melhores amigos é exatamamente porque somos perfeitos como almas gêmeas. E nesse momento, talvez ele percebesse o que a Jenna percebeu quando disse:

"Eu acho que todos nós queremos sentir algo que esquecemos ou apenas viramos as costas porque talvez não percebemos o quanto estaríamos deixando para trás. Nós precisamos lembrar do que costumava ser bom."

Será que o Peter lembraria de mim? Das nossas conversas? Das nossas risadas e ideias loucas sobre universo? Não sei, mas continuando nessa conexão louca entre Peter e Jenna, fico pensando na possibilidade de que assim como a Jenna percebeu que ama o Matt, o Peter perceba que me ama. Eu sei! Impossível! No entanto, se isso aconcesse, talvez já seja tarde demais. Talvez eu já tenha encontrado outro caminho, outra pessoa.

Então, talvez, assim como Jenna, ele crie coragem para ir no meu casamento com essa outra pessoa para me dizer que sente muito por nunca ter percebido o que agora era óbvio. Porém, como eu disse, seria tarde demais porque assim como o Matt, eu não acredito que dê para voltar no tempo, principalmente depois que foi tão difícil e doloroso seguir em frente.

Com isso, eu pegaria a nossa casa dos sonhos, entregaria para ele e lembraria que por mais que aquela casa fosse nossa, existiria outro lar, com outra pessoa que eu não poderia magoar ou trair. Afinal, como o Matt diz:

"Você nem sempre consegue a casa dos sonhos, mas às vezes você chega realmente perto, sabe?"

E aquele "perto" foi tudo que o Peter me deixou de opção por tantos e tantos anos, assim como a Jenna deixou para o Matt e agora "perto" é o máximo que ele pode chegar do seu final feliz porque já seria tarde demais. Acredite, depois de tanta rejeição, existe "tarde demais" para um "final feliz" de um sentimento que causou tanta dor.

Assim, ele entenderia que eu preciso seguir em frente e mesmo chorando por compreender que não tem mais volta, que ele perdeu todas as chances, ele diria que está feliz por mim, eu reconheceria a dor nos seus olhos porque também, por tantas vezes, eu disse que estava feliz por ele e pela Kat.

Então, ele diria que me ama, que eu sou sua melhor amiga, mas pela primeira vez a palavra "amiga" soando como "parceira".

Dessa forma, por mais que me doesse ver ele daquela forma e ver que eu também o perdi definitivamente, eu deixaria bem claro o que por muito tempo não tive coragem de dizer, confessando: "Peter... Eu sempre te amei".

Assim, aquelas palavras o devastariam porque finalmente ele iria entender claramente que eu sempre o amei, eu sempre estive lá, mas ele só conseguiu enxergar quando já era tarde demais. Afinal, até o sempre tem um fim.

Por fim, depois de nos perdermos para sempre, eu desejaria que, assim como a Jenna, o Peter ainda tivesse como usar o pó dos desejos para voltar no tempo, concertar tudo e quem sabe assim no lugar de chegarmos perto de algo incrível, de algo único, chegaríamos exatamamente onde qualquer grande amor sempre deveria chegar. Chegaríamos na casa dos sonhos, pois chegaríamos na versão do universo onde desejaríamos mais do que uma amizade, desejaríamos um amor, o nosso amor... Juntos.

Não Escolhi Te PerderOnde histórias criam vida. Descubra agora