Capítulo quatro

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Meu dia não podia ter sido melhor, além de fantástico foi bem produtivo. Fiquei de castigo com o professor de matemática e de queda tive um grande bônus de ajudar na limpeza da cantina, a coisa foi bem excepcionl que terei o prazer de esclarecer.

Devido as últimas acontecimentos, fiquei totalmente distraída durante as aulas e único professor que se importa de verdade conosco aqui é o professor de matemática, John Wiley, um senhor alto e bem másculo, com postura severa, que mais parece um velho rabugento, percebeu que eu estava na sala em corpo e não em espírito me deixou de castigo depois da aula dele que calhava um pouco antes do horário de almoço, por bondade sua me deixou 10 minutos antes do mesmo terminar e para completar, minha adorada colega Fanny, um amor de pessoa, a garota é tão linda quando metita, esnobe, narizinho empinando e insuportável e como todo mundo não me suporta.

Ela fez o favor de alimentar o chão com minha comida e ainda riu de mim, destilou seu veneno e pensou que seria como de costume, em dias normais eu teria virado as costas e seguindo com minha vida sem me importar, mas hoje definitivamente não era meu dia, parti para cima dela e no final das contas a culpa toda recaiu sobre mim.

Óptimo!

Os novatos me fizeram o favor de ignorar minha existência, não me dirigindo a palavra durante o dia.

Não fazia ideia de que horas eram e nem me importava com isso, só queria chegar em casa e descansar, me esquecer um pouco de tudo que aconteceu hoje. Peguei meu celular na esperança de ver mil chamadas dos meus pais, mas nada.

Que legal, parece que eles também esqueceram de mim hoje.

Saí do colégio, sem esquecer de despedir o porteiro, e comecei a caminhar pelas ruas já iluminadas, sentindo uma dor profunda no peito, como um presságio de que algo muito ruím estava prestes a acontecer, afastei essa dor para o local mais profundo de meu coração e segui meu caminho.

***
Ao chegar sou recebida pela escuridão da minha casa, facto que me deixa mais preocupada pois isso não é comum, meu pai sempre está em casa a essa hora, seu trabalho permite que ele passe a maior parte do tempo em casa e ele abomina o escuro. Com o coração na mão opto por destrancar a porta, ao entrar fico mais assustada com o silêncio do local mas isso dura alguns segundos pois as luzes são acesas seguidas por alguns gritos:

- FELIZ ANIVERSÁRIO ANNA! - escuto perfeitamente e não consigo disfarssar minha surpresa, pisco vezes incontáveis tentando me adaptar a claridade e tentando me convencer de que aquilo é real.

Como assim hoje é meu aniversário?

Como diabos me esqueci disso?

Mas também em que ocasião teria tempo para lembrar disso com tanta coisa que me aconteceu hoje?

O mais estranho disso tudo era o facto de meus colegas estarem aqui e parecerem felizes por mim, isso nunca aconteceu antes, meus colegas nunca se importaram comigo e agora estavam ali festejando meu aniversário.

Não sei porque mas sinto que alguma coisa certa está muito errada aqui mas decido ignorar esse pressentimento me permitindo aproveitar o momento. Sou cumprimentada por meus pais e alguns colegas, dentre eles os novatos que pareciam mais estranhos que quando os vi no colégio. Decido me desligar um pouco da minha realidade problemática e aproveitar a festa.

Chegou o momento do corte do bolo e ao soprar as velas desejei o mesmo de sempre "Ser feliz" na esperança de que dessa vez isso estava mais perto de acontecer. O tempo passou rápido e às pessoas começaram a despedir e fiquei apenas com meus pais sendo que me dei conta da ausência de Amber, também que diferença faz? Ela nunca se importou comigo mesmo, porquê isso mudaria hoje?

Por algum motivo ela nunca esteve presente em meu aniversário e para não morrer eu nunca me atrevi a lhe perguntar porque, deve fazer parte do seu ritual de ódio por mim, vai saber.

Meus pais estavam felizes por mim e isso era o que mais importava para mim, o resto ficava em segundo plano em minha vida.

***
Meu corpo reclamava por descanso, tive muitas emoções para um dia só que por vezes custa me crer que foi tudo real e não uma peça pregada por minha mente perturbada. Se nesse momento não estivesse ajudando minha mãe a organizar a bagunça que minha casa ficou, talvez considerasse essa possibilidade.

Arrumamos o máximo que pudemos mas o cansaço já tomava conta de nossos corpos por isso decidimos parar por aqui. Despeço-me de meus pais com um abraço e um beijo de despedida, desejando-lhes um óptimo descanso e bons sonhos, caminho para meu quarto com meu corpo quase dormente, com o intuito de tomar um banho refrescante e dormir como uma pedra.

Tomei um banho rápido e saí já vestida com uma roupa fresca, meu pijama roxo de coelhinho preferido que combinava com minhas pantufas, dando de cara com a pessoa que menos esperava encontrar naquele dia.

Meu dia não podia terminar bem, para pelo menos compensar o fiasco que foi no início do mesmo, não, não podia, simplesmente a vida me nega esse privilégio, ao entrar em meu quarto dou de cara com a pessoa que menos quero ver nesse momento:

- Então... Feliz aniversário Anna - Amber diz deixando uma caixinha azul em minha cama e me deixa sozinha, surpresa, transtorna, débil e muito tonta com sua atitude.

É SÉRIO, QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI?

Ok. Uma coisa é a mudança repentina de meus colegas e eles juntamente com meus pais me surpreenderem com uma linda festa. Certo, isso eu consigo assimilar, agora Amber, isso não, eu me recuso a aceitar.

Saio em disparada para seu quarto e me surpreendo por encontrar tudo revirado, como se um furacão tivesse passado por lá, a encontro num canto com seu típico olhar de ódio, com aparência de quem contém muita mágoa dentro de si:

- O que você quer sua insignificante... Não bastou o dia de princesa que você teve? Até tive que participar desse teatrinho sabe! "Precisamos animar ela"... "Ela precisa de nós" eles diziam - fez uma pausa, rindo como uma histérica - como se alguém realmente se importasse com você - ela levantou e veio calmamente em minha direção - o que pensou criatura, que do dia para noite as pessoas simplesmente começaram a gostar de você? Achas mesmo? - ela puxou meus meus pulsos e me fez encarar em seus olhos cheios de ódio, por mim - você não passa de um ser repugnante que ninguém suporta Anninha, se te serve de consolo meus pais pagaram para que seus coleguinhas aparecessem em sua festinha - ela me jogou no chão e não se importou quando as lágrimas inundaram meus olhos e transbordaram, rolando livremente por meu rosto, muito pelo contrário aquilo era gratificante para ela, eu nunca entendi o motivo de tanto ódio.

-Porque? - gaguejei sem forças para encara-la.

- Você é digna de pena, foi sempre assim, meus pais sempre tiveram pena de si, desde o dia em que você apareceu na porta de nossa casa embrulhada em trapos imundos quanto você - disse sorrindo, dando ênfase novamente aos seus pais. Não meus.

Isso só pode ser um pesadelo!

Não posso ser feliz só por um pouquinho que a tristeza procura formas de me alcançar.

Não sei porquê reclamo, pois já devia imaginar, eu quis me iludir, eu ignorei o bom senso e me entreguei a essa ilusão, agora pago muito caro por isso.

Mas agora isso explica seu ódio, eu sou a intrusa que roubou o amor de seus pais, ela teve que dividir tudo com uma... estranha.

Uma ninguém!

Evelyn-A princesa perdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora