Uma vez escutei que quando algo é bom demais para ser verdade talvez seja mentira, no momento em que escutei isso não dei o devido valor porém neste exacto momento eu percebo o erro que cometi.
Não sei onde estou, muito menos como cheguei aqui e isso pouco me importa agora, Amber fez um óptimo trabalho terminando de destruir meu coração, isso eu tenho certeza que ele não conseguirá superar.
Não faço ideia do que fazer nesse momento, minha vida acabou de despencar para o mais fundo dos poços. Agora me encontro aqui, perambulando nas ruas frias da Califórnia com esse pijama super leve.
Acho que passei do nível da decadência!
Continuei caminhando até encontrar um pequeno parque, apesar de estar tudo escuro, procurei um banco e me sentei acompanhada pelo silêncio e o frio da noite.
Porque essas coisas acontecem na minha vida? O que fiz de errado?
Quanto mais pensava menos entendia, muitas coisas giravam em minha mente fazendo-me agonizar de tanta dor de cabeça, caí do banco e comecei a rebolar pela grama não aguentando tanta dor.
Tudo ao meu redor começou a girar, minha visão ficou turva e de repente não estava mais no parque, estava numa floresta densa, com árvores frondosas e cheiro a musmo.
Estava tão escuro que minha visão estava nublada e o medo tomava cada vez mais conta de mim, para piorar dois pontos brilhavam ao fundo de uma das árvores, uma coisa com olhos brilhantes se movia lentamente a meu encontro.
Senti meu corpo enrijecer dos pés a cabeça e uma onda mórbida de frio acompanhar, levantando cada pêlo do meu corpo, olhei para meu traje de dormir e desejei que fosse do inverno.
Senti meus pés fraquejarem, cada parte de mim tremia, meu medo chegava a ser palpável, algo dentro de mim gritava pela fuga com tanta força que eu me perguntava o que ainda fazia parada alí, sem reacção, petrificada.
Corra.
Corra.
Corra.
Corra.
Corra.
Uma voz gritava dentro de mim.
Com toda força e autocontrole que possuía obriguei meus pés a me obedecer e me pus em fuga, não me atrevendo se quer por um segundo a olhar para trás, mesmo assim podia sentir aquela... coisa cada vez mais perto de mim.
O chão estava escorregadio, facto que dificultava mais meus passos, também as pantufas que estavam em meus pés não ajudavam muito, perdi a conta das vezes que quase caía, mesmo assim não podia parar, não quando sentia o cheiro asqueroso daquela coisa que me perseguia cada vez mais próximo.
Tinha que ser um sonho, por Deus isso não pode ser real!
Sim, tinha que ser um sonho!
Bem que eu queria que fosse, mas o quê acontece como eu quero na minha vida?
ABSOLUTAMENTE NADA!
É isso aí, então continuem correndo tá, pesinhos.
Era a única coisa certa a se fazer, continuei correndo até tropeçar no que parecia ser a raiz de um árvore, não podendo me permitir parar, levantei e tentei continuar com minha corrida.
Mas isso ficou na tentativa, senti uma dor enorme no tornozelo que me fez parar. Podia sentir aquela coisa parada atrás de mim, seu cheiro era mais horrível perto, parecia atenta a cada movimento meu.
Lágrimas rolaram por meu rosto de tanto medo, não entendo porque essa coisa não me ataca de uma vez e acaba com esse suspense todo, também não faria tanta diferença essa coisa me matar ou eu tirar minha própria vida, os únicos que irão sentir minha falta são meus pais.
"Que pais criatura idiota, você não tem ninguém nesta vida" e de novo aquela voz me trouxe para a realidade, minha triste realidade que por um segundo tinha esquecido.
Juntei as migalhas de coragem que sobravam dentro de mim forçando meu corpo a virar.E só Deus sabe o quanto me arrependi, não era um animal, mas também não era um homem, então o que era?
Sinceramente, eu não sei e não gostaria de saber nunca, a propósito, não gostaria de ter me cruzado com essa anormalidade nunca.
Tinha aparência de um homem mas não tinha nada humano, era forte sem sombra de dúvidas, os músculos estavam expostos por todo corpo, tinha ombros largos e braços que podiam me esmagar ao menor esforço, sua pele pálida que parecia bronzeada possuía um brilho que chegava a ser hipnotizante, olhar para ele me deixava tonta e com náuseas, seus olhos eram mais azuis que o céu - sem órbitas por sinal, mas não foi isso que chamou minha, ele tinha orelhas acima do normal - digamos que pontudas - e tinha caninos igualmente acima do normal e prontos para atacar.
Ele tinha uma postura feroz e predatória e territorialista. Minhas pernas ficaram bambas e novamente me traíram, me jogando no chão da húmida floresta, o cheiro... Ah, o cheiro a musgo vinha dele e não da floresta.
Perigo.
Perigo.
Perigo.
Perigo.
Perigo.
Aquela voz gritava constantemente, tive vontade de dar um tapa nela por gritar algo que já tinha consciência, invés disso devia me ajudar a fugir não me alertar do óbvio.
Ah, Céus... A que nível cheguei.
Comecei a rastejar por trás sem tirar os olhos daquele... Homem-cão-coelho... Seja lá o que aquilo fosse, por puro terror que me causava. Aquele olhar me instigava a sumir de seu alcance. Isso piorou quando ele se mexeu e acompanhou meus movimentos como se estudasse o que eu pretendia fazer, também sem tirar os olhos de mim.
Apenas pisquei, foi tempo suficiente para que aquelas mãos ásperas e gélidas estivessem em meu pescoço, me sufocando. Ele podia muito bem me estripar e acabar logo comigo, mas não, ele se divertia me vendo agonizar por falta de de ar, seu olhos brilhavam mais me causado dor, era revigorante para ele.
Por impulso minhas mãos foram para seu rosto e ele me jogou com tudo numa árvore, consegui sentir algumas costelas quebrando com o impacto, minha visão ficou mais turva mas consegui ver que ele piscava como se tivesse dificuldade para enxergar, parece que meus dedos tinham areia.
Saia enquanto há tempo. É sua oportunidade.
Saia enquanto há tempo. É sua oportunidade.
Saia enquanto há tempo. É sua oportunidade.
Saia enquanto há tempo. É sua oportunidade.
Aquela voz agora parecia o zumbido em minha mente, levantei me sentindo zonza e comecei a ter vertigens, mesmo assim tentei correr o máximo que podia, ignorando a enorme dor que sentia em meu tornozelo.
Travei.
Aquilo só podia ser uma piada.
Um precipício.
Um precipício.
Um precipício.
Tinha duas opções. E as duas me levavam a morte certa.
Dá para isso melhorar?
Grande coisa para quem tem uma vida miserável.
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Evelyn-A princesa perdida
FantasyApós presenciar a morte de seus pais com seus 12 anos, sozinha, frágil e desolada com a guerra, Emma não teve outra saída além de juntar o pouco de fé, esperança e coragem que lhe restava para tentar proteger sua irmã, de apenas meses de idade, sem...