Caixa De Reclamações

Primeira Impressão

Chegámos ao ponto em que preferimos dar mais importância ao negativo do que ao positivo.
Chegámos ao ponto em que não nos deixamos levar pela impressão que determinada pessoa naturalmente nos passa, mas sim pela impressão distorcida que decidimos formar nas nossas mentes sobre a tal pessoa.

É triste saber que hoje-em-dia criamos diversas barreiras impedindo a entrada de novas pessoas em nossas vidas simplesmente pelo facto de prestarmos mais atenção aos defeitos dessas pessoas do que às suas qualidades.
Quer seja num convívio entre amigos, numa sentada familiar, num evento profissional... estamos constantemente a julgar cada passo, cada fala, cada reflexo, cada visual das outras pessoas e a procurar motivos para as odiarmos e termos o prazer de afirmar que não gostamos delas e que não as queremos por perto. Mas desde quando é que isso é um prazer?

O verdadeiro prazer seria nos perdermos nas vozes uns dos outros, nos revermos nos olhares, nos sentirmos aconchegados com cada palavra... simplesmente, o prazer de aceitarmos as nossas diferenças e de nos amarmos apesar disso.

E daí se a pessoa tem um estilo diferente do teu? Qual é problema dela ter um jeito especial de falar? O que há de errado em ela ter uma personalidade oposta à tua?
Respeitar o outro na íntegra é o primeiro passo para que as nossas diferenças se conectem e para que assim possamos trocar diferentes impressões visando o nosso enriquecimento.

Enquanto essa onda de ódio gratuito pairar no ar perderemos a confiança até daqueles que nos são próximos pelo facto de nem sequer contarem com a possibilidade de aceitarmos as suas escolhas de amizades, parceiros amorosos e etc. E no final iremos reclamar (descaradamente) dessa falta de confiança e colocaremos a culpa toda do outro lado.

Enquanto essa onda pairar no ar, eu prefiro afastar as minhas escolhas do julgamento alheio e diminuir o meu ciclo de amizades pois a minha aceitação é o mais importante...
Enquanto essa onda pairar no ar, eu prefiro me fechar no meu canto e deixar de lado as possibilidades de conhecer novas pessoas...
Enquanto essa onda pairar no ar, eu prefiro viver com as minhas escolhas e nem sequer esperar a aprovação dos meus amigos e familiares...
Enquanto essa onda pairar no ar, eu prefiro me apegar às minhas escolhas e deixar de aceitar as escolhas alheias por achá-las muito diferentes das minhas...

Enquanto essa onda pairar no ar, eu contribuo para ela e assim aumento o número de pessoas preconceituosas e julgadoras equivocadas... oh, eu já sou parge dessa onda! E assim a onda continua.