Capítulo Quatro

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LEVI THEODORE STANDERS

Eu esperava que as coisas funcionassem melhor com o passar do tempo, mas não. Eu nunca me acostumaria com a ressaca. Não importa quantas lendas inventem sobre aprender a beber com a idade, que as más ideias começariam a sumir e a responsabilidade pesaria em algum momento... Isso nunca tem nada a ver com o quanto eu sou fraco para bebidas. Posso ter 40 anos e ainda sim, seria capaz de ficar bêbado o bastante para dançar num bar.

Levanto e tenho quase certeza que meu corpo estava metade para fora da cama, antes mesmo de estar de pé. Não lembro como vim parar no quarto e logo me dou conta que estou na sala. Era o sofá. O que faz total sentido, porque uma cama não seria tão curta.

Cacete, minha cabeça vai explodir!

Eu deveria tomar mais alguns remédios para melhorar da dor, mas teria que avisar Mark desse cacete todo e só complicaria o meu lado na avaliação física. Então, terei que pedir um smoothie da Nona para Owen e engolir a gororoba verde a força. Ou arrumar um baseado para mais tarde, porque aquela mistura verde é terrível.

Meu amigo tem uma das avós mais maneiras que já conheci. A senhora, Nona, frequenta o centro comunitário e faz as mais loucas manobras com patins de salão. Isso sem falar das mechas coloridas que mudam toda semana! Ela é um espetáculo, mas é péssima em remédios caseiros. São funcionais, mas tem um gosto horrível –principalmente a gororoba verde.

Quando saio para o corredor, o dia também parece amargo e iluminado demais, quase que tenho as retinas torradas por uma luz brilhante vindo das janelas da sala. O que é raro durante janeiro em New Jersey, já que tudo é neve e lama nessa época do ano.

"Por que toda essa luz em plena quarta-feira?" reclamo tapando os olhos com um longo gemido "Ainda é cedo!"

"Bom dia, bela adormecida." James, o eleito cozinheiro da casa, levanta a caneca em minha direção "Aliás, hoje não é sua aula de projeto de graduação?"

"Só no segundo horário." Ouço o barulho do chuveiro e presumo que terei de esperar pelo smoothie "Owen está no banho?"

"É a Baguete." James vira uma panqueca no ar e pega com a frigideira "Quer bacon? Posso fazer, já que Beatrice está longe o bastante para te evitar uma dor de cabeça das grandes."

"Pode mandar brasa, irmão." Respondo sentando à mesa e estudando porque ela é pequena demais para dormir? Não conseguiria nem colocar meus braços direito "Será que bacon fica bom com smoothie da Nona?"

James ri. "Nada fica bom com aquilo."

"Cacete, sinto que nunca tive uma ressaca tão horrível!" reclamo com os braços levantados, esperando que alguma entidade me acuda. Arrependo-me no mesmo instante, com minha cabeça latejando pelo tom de voz elevado "Eu sabia que não devia ter saído de casa."

"Vocês pareciam estar se divertindo de onde eu estava." James debocha e deixa as panquecas de lado para preparar as tiras de bacon "Quatro estão de bom tamanho para você? Acho que posso misturar com alguns ovos e talvez ervas..."

"Espere." Reflito e minha cabeça lateja "Me divertindo?"

"Sim, você sabe." James faz uma dança desengonçada e quase rio, se não estivesse preocupado "Não se lembra mesmo? Vocês foram expulsos da lanchonete."

"Fui expulso do Lola's?!" quase salto da mesa "Ah, cacete..."

"Levi, relaxa." Meu amigo tenta me tranquilizar, mas não deixa a expressão divertida sumir do rosto "Não te via daquele jeito há muito tempo. Aquela garota, Camila, também estava muito alegre e vocês dois só conversaram alto demais."

Objetivo MútuoOnde histórias criam vida. Descubra agora