Capítulo Nove

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CAMILA RUTHERFORD SANTIAGO

Foi loucura. Loucura. Quando isso poderia dar certo?! Onde eu estava com a cabeça?! Beijar Levi foi de longe a pior ideia que tive em muito tempo. Isso saindo de uma garota que trancou a faculdade por um fim de noivado, quer dizer muita coisa.

Não era para ter acontecido. Não era mesmo. Mas no instante em que nossos lábios se tocaram, a coisa foi ficando cada vez mais estranha e mais quente. Ondas de desespero atravessaram todo meu corpo e mais uma vez me vi na fantasia da noite anterior, mas agora, estava de fato acontecendo. Todas as ondas de calor começaram a se espalhar e desceram da minha boca até meus seios, deixando meus mamilos tão duros que mentiria se dissesse que foi o frio.

Levi tinha gosto de pastilhas de hortelã e panquecas de banana. O sabor mentolado tomou conta depois de um tempo e era refrescante, viciante, numa harmonia constante que eu não gostaria de deixar nunca. O beijo havia criado um ritmo e meus lábios se abriram por vontade própria, e lógico que Levi tirou o máximo de proveito disso. Deslizando a língua para dentro e mais fundo, nos envolvemos com tanto desejo que era difícil controlar. Levi soltou um ruído grave e rouco que veio do fundo da garganta e a parede pareceu macia, perto do som erótico que fez meu corpo vibrar.

Imediatamente me encho de pânico e me livro de seus braços. Sou impedida de corresponder ao beijo ou qualquer outro dos meus instintos, então praticamente saio correndo depois disso.

Ainda com dificuldade de respirar, encontrei Levi no corredor quando ele foi atrás de respostas. Seus olhos eram duas chamas azuis, acesas por pura excitação, mas não conseguiu esconder a oscilação na voz.

E então fui embora. Deveria ser apenas isso.

Mas é segunda-feira, e estou na minha aula de projeto pensando em como foi assustadoramente incrível. À medida que minha língua foi descobrindo o que ela tinha, ela quis mais e em vez de seguir em frente, apenas me torturo mais um pouco. O rosto forte e delicado brota na minha mente como algo que não devia ser permitido em público, e a pura virilidade do toque da barba curta em meu rosto reaparece para me castigar. Preciso de mais.

Não esperava por isso, mas preciso. Ele me deve um favor, mas como eu pediria isso?

Ei, sabe aquele orgasmo em forma de beijo que você me deu? Então, quero de novo!

Levi enfiou os dedos no meu cabelo para me puxar. Ele me queria mais perto. Meus seios estavam esmagados contra o peito duro enquanto as costas afundavam numa estante e tudo foi descontrolado e selvagem. Nada perto do beijo com a garota loira no bar, que saiu até rebolando e satisfeita com o beijo. Satisfeita, não desesperada por fome. Algo está acontecendo e sei que é parte da cede de beijar mais.

Ouço um gemido sufocado e fico surpresa ao perceber que veio de mim. No meio da sala de projeto e vidrada na página em branco do word. Aceito que não estou conseguindo me concentrar e recolho minhas coisas para voltar a estudar no quarto. Meu orientador parece tão interessado quanto eu nos dados baixos e a renda mínima do centro comunitário da cidade. Tenho certeza que não vai se importar com meu desenvolvimento negativo e solitário mais tarde. Mas agora, talvez eu tenha mais uma sessão solo antes de procurar algo para beber e escrever.

P

"Cancelaram suas aulas de projeto? Bom, estamos com sorte", Beatrice comemora.

"É." Sento na beira do sofá e desvio o olhar tentando esconder a culpa "Passeia a tarde aqui estudando sozinha."

E fantasiando com um dos melhores amigos do seu namorado, aliás.

"E agora vai me dizer que tem mais coisas para estudar.", confirma Beatrice e não consigo conter o sorriso.

Objetivo MútuoOnde histórias criam vida. Descubra agora